Avançar para o conteúdo principal

DNA sintético vai substituir os discos rígidos de computador na próxima década



 Dispositivo inspirado no armazenamento do nosso código genético levará ao desenvolvimento de meios de comunicação muito menores, mais potentes e capazes de garantir a integridade das informações durante muito mais tempo.


DNA sintético vai substituir os discos rígidos de computador na próxima década

Dispositivo inspirado no nosso código genético levará à criação de meios de comunicação menores, mais potentes e muito mais duradouros em apenas uma década.

Cada notícia e cada imagem que lê, cada vídeo que assiste, cada gosto, comentário, ou mesmo o simples facto de navegar na Internet: tudo isto gera uma quantidade gigantesca de dados todos os dias. Com a expansão do uso de computadores e smartphones, a tendência é que essa quantidade aumente cada vez mais.


Hoje, a principal maneira de se armazenar dados são as arquiteturas remotas em nuvem. Estes locais remotos, os chamados data centers, já consomem 1% da energia elétrica mundial, e o aumento de procura por armazenamento deve fazê-los passar a consumir 30% dentro de poucos anos, o que representa um problema energético grave.

Preocupados com a crise iminente que esta situação pode gerar nos próximos anos, os cientistas estão a começar a estudar alternativas mais eficientes para o armazenamento de dados. Uma das mais promissoras envolve o uso de versões sintéticas do DNA para guardar informações digitais.


Mas como é possível usar DNA para guardar informações digitais?

O DNA, ou ácido desoxirribonucleico (ADN, em português), é um sistema natural de armazenamento de dados que está presente em todas as células. Graças ao estudo de materiais genéticos como o DNA, temos acesso às informações biológicas dos Neandertais, extintos há mais de 30 mil anos, e até mesmo de mamutes, que viveram há mais de 1 milhão de anos.


E de facto, a capacidade de armazenamento de dados em DNA é 115 mil vezes superior à das medias magnéticas empregadas atualmente nos data centers. No mesmo espaço físico de um cartucho de fita magnética de 18 terabytes, seria possível guardar 2 milhões de terabytes em DNA.


O data center do Facebook ocupa uma área de dezenas de milhares de metros quadrados, equivalente a um grande shopping center. (...) O mesmo conteúdo poderia ser armazenado em apenas 5 gramas de DNA, num dispositivo que cabe na palma de uma mão - Bruno Verona, Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).

Além disso, grande parte do consumo de energia em data centers serve para a manutenção dos equipamentos e climatização adequada das salas de armazenamento, que devem permanecer frias. O DNA, no entanto, pode ser mantido à temperatura ambiente, o que por si só, já reduz consideravelmente o consumo de energia.


DNA sintético;

Data centers gigantescos serão substituídos por dispositivos que cabem na palma da mão. O armazenamento em DNA sintético também consumirá menos energia e será mais sustentável.

Como se isto não fosse o suficiente, as medias magnéticas atuais são produzidas com materiais provenientes de mineração e derivados de petróleo, e duram no máximo 30 anos, pelo que precisam de ser substituídas frequentemente. Dados digitais arquivados em DNA serão legíveis durante milhares de anos, sem precisar de substituição.


Quando iremos ter acesso à tecnologia de armazenamento por DNA?

A produção de DNA sintético e o armazenamento de dados nele já são realizados pela indústria de biotecnologia, mas a escala é baixa e a velocidade ainda é muito lenta. O processo não envolve organismos vivos. A molécula de DNA é fabricada através de síntese química.


Protótipo de microchips sintetizadores de moléculas de DNA desenvolvido pelo consórcio IPT-Lenovo. Imagem: Léo Ramos Chaves / FAPESP


Para que esta tecnologia se torne acessível, será necessário aperfeiçoar diversos processos, e, em especial, os métodos de síntese química que, simultaneamente, constroem as moléculas de DNA e escrevem os códigos digitais nas suas bases nitrogenadas. Ainda há muita investigação pela frente, mas estima-se que esta tecnologia possa ser utilizada daqui a dez anos.


O Brasil, por exemplo, já está a investir nesse sentido. O projeto Prometheus, criado em 2021 como uma parceria entre o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e a fabricante chinesa de dispositivos eletrónicos Lenovo, já tem 40 investigadores a trabalhar nesta tecnologia e deverá tornar-se um dos pioneiros do armazenamento em DNA ao longo da próxima década. Agora resta esperar pelos resultados.


https://www.tempo.pt/noticias/ciencia/dna-sintetico-vai-substituir-os-discos-rigidos-de-computador-na-proxima-decada-tecnologia.html

Comentários

Notícias mais vistas:

Diarreia legislativa

© DR  As mais de 150 alterações ao Código do Trabalho, no âmbito da Agenda para o Trabalho Digno, foram aprovadas esta sexta-feira pelo Parlamento, em votação final. O texto global apenas contou com os votos favoráveis da maioria absoluta socialista. PCP, BE e IL votaram contra, PSD, Chega, Livre e PAN abstiveram-se. Esta diarréia legislativa não só "passaram ao lado da concertação Social", como também "terão um profundo impacto negativo na competitividade das empresas nacionais, caso venham a ser implementadas Patrões vão falar com Marcelo para travar Agenda para o Trabalho Digno (dinheirovivo.pt)

BEN, o e-car português, já pode ser conduzido na Europa

  O novo e-car português BEN está já apto a ser conduzido em toda a Europa. O certificado de homologação da União Europeia já foi atribuído e em 2026 deverá começar a produção em larga escala. Está a chegar um novo e-car criado em Portugal . É o  BEN , desenvolvido no Centro de Engenharia e Desenvolvimento (CEiiA), que esta quinta-feira (18 de dezembro)  recebeu o certificado de homologação da União Europeia  - ou seja, na prática, já pode ser conduzido na Europa.   O modelo, de pequenas dimensões,  deverá entrar em produção em larga escala já no próximo ano , não só em Portugal, como também na Europa. Com um preço projetado de 8.000 euros , segundo um comunicado, decorrem negociações para que  em 2030 sejam fabricadas 20 mil unidades por ano  "de forma descentralizada". Trata-se de um e-car acessível, que é também o primeiro do género com contador de emissões de dióxido de carbono evitadas. A tecnologia AYR permite-lhe compensar as emissões origi...

J.K. Rowling

 Aos 17 anos, foi rejeitada na faculdade. Aos 25 anos, sua mãe morreu de doença. Aos 26 anos, mudou-se para Portugal para ensinar inglês. Aos 27 anos, casou. O marido abusou dela. Apesar disso, sua filha nasceu. Aos 28 anos, divorciou-se e foi diagnosticada com depressão severa. Aos 29 anos, era mãe solteira que vivia da segurança social. Aos 30 anos, ela não queria estar nesta terra. Mas ela dirigiu toda a sua paixão para fazer a única coisa que podia fazer melhor do que ninguém. E foi escrever. Aos 31 anos, finalmente publicou seu primeiro livro. Aos 35 anos, tinha publicado 4 livros e foi nomeada Autora do Ano. Aos 42 anos, vendeu 11 milhões de cópias do seu novo livro no primeiro dia do lançamento. Esta mulher é JK Rowling. Lembras de como ela pensou em suicídio aos 30 anos? Hoje, Harry Potter é uma marca global que vale mais de $15 bilhões. Nunca desista. Acredite em você mesmo. Seja apaixonado. Trabalhe duro. Nunca é tarde demais. Esta é J.K. Rowling. J. K. Rowling – Wikipédi...