Investigadores analisaram as propriedades e capacidades da proteína talina para desenvolver um material que pode ser usado para criar armaduras capazes de resistir a impactos supersónicos, com aplicações militares e espaciais
Uma equipa da Universidade de Kent analisou a forma como a proteína talina apresenta capacidades de compressão invulgares e consegue absorver ondas de choque. Com essas conclusões, os investigadores criaram uma família de materiais de hidrogel a que chamou TSAMs (de Talin Shock Absorbing Materials) que sugere que possam ser usados para criar armaduras militares e equipamento espacial.
“O nosso trabalho na proteína talina, que é o elemento absorvente de choques nas células, mostra que esta molécula contém uma série de interruptores binários que se abrem quando estão sob tensão e que se voltam a dobrar quando a tensão baixa. Esta resposta à força confere à talina as suas propriedades de absorção de choque, protegendo as células de grandes mudanças de força”, explica o professor Ben Goult ao New Atlas.
A equipa pegou depois neste trabalho para desenvolver os TSAMs e revela que em testes conseguiu absorver o impacto de projéteis disparados a uma velocidade de 1,5 km/segundo, dentro do espetro de Mach 1 (que começa nos 343 metros por segundo). Para reforçar as capacidades de absorção deste material, os cientistas lembram que as armas de fogo disparam balas a velocidades entre os 400 metros e um quilómetro por segundo e que, no espaço, as partículas viajam tipicamente acima dos mil metros por segundo.
Os testes mostram que as armaduras em TSAM conseguem resistir ao choque e, de uma maneira diferente das armaduras tradicionais, conseguem mesmo preservar os projéteis após o impacto. Esta última característica permite, por exemplo, no espaço, capturar vestígios para estudos posteriores e desenvolvimento de fatos e outros equipamentos protetores mais avançados.
“Estamos muito entusiasmados com as potenciais capacidades translacionais dos TSAM para resolver problemas do mundo real. Estamos a continuar as investigações com o suporte de novas parcerias nos setores de defesa e aerospaciais”, conta a professora Jen Hiscock. Ainda não há qualquer indicação sobre quando é que este tipo de proteções pode vir a estar disponível publicamente.
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