Caricatura do professor que desenhou ministro com lápis espetado no olho foi aceite para exposição. Logo a seguir foi recusada por causa da "dimensão da polémica"
Professor Pedro Brito “repudia” decisão, que diz “subverter clara e inequivocamente os princípios enunciados e as temáticas centrais do evento” e que mostra “sujeição a eventuais pressões externas”
Já muita tinta correu sob a caricatura de António Costa num cartaz exibido durante uma manifestação de professores nas cerimónias do 10 de junho, agora é a vez de outra caricatura, mas com o rosto do ministro da Educação, João Costa, gerar polémica. Isto porque o desenho da autoria do professor Pedro Brito foi aceite para a exposição de cartazes “Inclinação para o Proibido”, organizada pelo Comité, no âmbito da programação do COMBART 2023, para logo depois ser recusado.
A obra, em que o professor desenhou e pintou João Costa com um lápis espetado no olho e a palavra "Demissão", foi aceite no passado dia 16 de junho para integrar a exposição “Inclinação para o proibido”, que terá lugar de 3 a 21 de julho. Mas, esta segunda-feira, o Comité recuou na decisão e a exposição do cartaz foi recusada.
A história é contada pelo próprio Pedro Brito, no seu blogue, onde também partilha os emails trocados com a organização. Já esta quinta-feira, em comunicado enviado à CNN Portugal, a Comissão Organizadora do COMBART garante que "não teve qualquer papel na decisão tomada pelo Comité relativamente ao cartaz do senhor Pedro Brito".
"Informamos que a decisão do Comité nos é completamente alheia, embora respeitemos a liberdade de decisão dos curadores nesta matéria", afirma a organização, adiantando, ainda assim, que "foi decidido - conjuntamente - excluir a exposição “Inclinação para o Proibido” da programação do COMBART 2023".
Num dos emails recebidos por Pedro Brito, o Comité explica que a decisão de não expor a caricatura de João Costa é para impedir que a “polémica” em torno do cartaz “ofusque um trabalho de anos” dos autores que lá expõem. Os responsáveis garantem ainda não se terem “apercebido da dimensão da polémica”, quando o cartaz do professor foi aceite.
Pedro Brito, através do seu blogue, já “repudiou” a decisão, que, segundo o professor, “subverte clara e inequivocamente os princípios enunciados e as temáticas centrais do evento”. O docente, que viu a obra recusada, refere ainda uma “sujeição a eventuais pressões externas” para “diminuir a capacidade de resistência da academia ao silenciamento das vozes desalinhadas e discordantes e do espírito crítico”.
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