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Empresas nacionais na rota da produção de combustível verde para aviação


Os CEO da Galp, Andy Brown, da TAP, Christine Ourmières-Widener, e da ANA, Thierry Ligonnière. © FOTO: D.R.


 Galp e Navigator apostam forte para produzirem combustíveis sustentáveis para a aviação nos próximos anos. A TAP fez ontem o primeiro voo com esse tipo de jet fuel.



Por Sara Ribeiro


Sines e Figueira da Foz vão entrar no mapa da produção de combustível sustentável para a aviação. Em causa estão dois projetos distintos que vão ser desenvolvidos pela Galp e Navigator.


Com a descarbonização no topo da agenda política a nível mundial, são várias as empresas de diferentes setores que têm voltado as agulhas para a sustentabilidade e projetos amigos do ambiente. E a aviação, uma das atividades que mais contribuem para o aquecimento global devido ao uso de combustíveis fósseis, também já apanhou esse voo. Um passo que tem sido dado pelas operadoras áreas, e não só, em linha com o enquadramento europeu em matéria de obrigatoriedade de incorporação de combustível sustentável para a aviação (SAF na sigla e inglês - Sustainble Aviation Fuel). Em causa está o pacote climático de Bruxelas que prevê a obrigação da utilização de SAF já a partir de 2025. Nessa data, a incorporação desse combustível será de 2%, aumentando para 5% até 2030 e 63% até 2050.


Para cumprir as metas, as transportadoras aéreas têm estabelecido parcerias com empresas do setor energético, e não só, como é o caso TAP. Na sexta-feira, a empresa liderada por Christine Ourmières-Widener fechou um acordo com a ANA - Aeroportos de Portugal e com a Galp para o fornecimento de combustível verde para diminuir as emissões poluentes. Para assinalar a parceria, depois da assinatura oficial do acordo, foi realizado o primeiro voo em Portugal abastecido com SAF. A viagem entre Lisboa e Ponta Delgada incorporou 39% de matéria de origem renovável, tendo permitido uma redução de 35% das emissões totais de CO2, de acordo com os números cedidos pelas empresas.


Numa primeira fase do acordo, o SAF utilizado nos aviões da companhia aérea portuguesa vai ser fornecido pela finlandesa Neste, líder na produção desse tipo de combustível. Mas o objetivo da Galp é começar a produzir na sua refinaria de Sines em larga escala. "A Galp não vai ser apenas fornecedora, vai ser também produtora", revelou Andy Brown, presidente executivo da petrolífera, na conferência de imprensa realizada nesta sexta-feira para anunciar a parceria.

Nem o CEO da Galp nem a líder da TAP detalharam pormenores sobre o acordo, os volumes produzidos ou o número de aviões que vão começar a voar com SAF. Andy Bronwn revelou apenas que no início do próximo ano vão começar a construção de uma fábrica para produção de biodiesel produzido a partir de óleos vegetais (HVO) na refinaria de Sines. O projeto terá uma capacidade de produção de 240 mil toneladas.

Investimentos de milhões


Esta semana, a portuguesa Navigator e a empresa alemã P2X Europe também anunciaram que fecharam um acordo de princípio que visa produzir combustível sintético para a aviação a partir do hidrogénio verde no complexo industrial da Navigator, na Figueira da Foz. A parceria vai ser concretizada através da criação de uma joint venture - a P2X Portugal - e prevê um investimento de 550 a 600 milhões de euros nas duas primeiras fases de desenvolvimento.


O plano "tira partido da elevada competitividade de Portugal na produção de energia renovável (solar e eólica) e do CO2 biogénico gerado pelas biorrefinarias da Navigator que utilizam como recurso as florestas sustentáveis", explicou a Navigator em comunicado enviado ao regulador do mercado (CMVM). Em conjunto, "estes são os dois elementos críticos para o sucesso da produção à escala industrial de jet fuels sintéticos net-zero [neutros em carbono], com vista à descarbonização da indústria da aviação", acrescentou.


O projeto prevê atingir uma capacidade total de produção de 80 mil toneladas em ano cruzeiro, permitindo reduzir as emissões anuais de carbono em até 280 000 toneladas.


O governo português concedeu ao projeto denominado PtL da P2X Portugal o estatuto de Projeto de Interesse Nacional (PIN), o que atesta a sua força, maturidade e qualidade global", refere a empresa liderada por António Redondo na mesma nota.


A operação comercial do combustível verde para a aviação produzido a partir da Figueira da Foz deverá arrancar no primeiro semestre de 2026. No entanto, ainda está "sujeito ao cumprimento de condições precedentes e à decisão final de investimento prevista para ocorrer até meados de 2023 ", aponta ainda o comunicado da Navigator. Além disso, a joint venture está em processo de obtenção de luz verde pelas autoridades da concorrência da União Europeia.


Empresas nacionais na rota da produção de combustível verde para aviação (dinheirovivo.pt)


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