Avançar para o conteúdo principal

Semana de trabalho de quatro dias testada no privado e sem cortes salariais


A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, acompanhada pelos seus secretários de Estado, apresenta esta quarta-feira aos parceiros sociais o projeto-piloto da semana de quatro dias de trabalho © LUSA


 Uma vez que não haverá apoios do Estado, "não será estipulado um número de horas semanais exatas, que podem ser 32, 34 ou 36 horas", segundo o projeto que o governo apresenta esta quarta-feira aos parceiros sociais.


Salomé Pinto


Sem cortes salariais nem apoios do Estado, o projeto-piloto da jornada de trabalho de quatros por semana vai ser testada inicialmente no setor privado durante seis meses, podendo ser depois estendida à Administração Pública, de acordo com a proposta que o Ministério do Trabalho apresenta esta quarta-feira a patrões e sindicatos em sede de Concertação Social. As experiências deverão arrancar em junho de 2023.


Segundo o documento a que o Dinheiro Vivo teve acesso, "a experiência-piloto de seis meses é voluntária e reversível e não tem contrapartida financeira". O Estado apenas providenciará suporte técnico e administrativo.


"A experiência não pode envolver corte salarial e tem de implicar uma redução de horas semanais", de acordo com a proposta. Contudo, e dado que o Estado não oferece contrapartidas financeiras, "não será estipulado um número de horas semanais exatas, que podem ser 32, 34 ou 36 horas, definidas por acordo entre a gestão e os trabalhadores", determina o projeto.


As experiências deverão arrancar em junho de 2023. O cronograma do projeto-piloto prevê que nos próximos meses, até janeiro de 2023, decorram os períodos de manifestação de interesse por parte das empresas e sessões de esclarecimento para lhes "explicar como vai decorrer o estudo", estando a seleção dos participantes prevista para fevereiro do próximo ano. Entre março e maio será feita a preparação da experiência-piloto, que arrancará em junho e se prolongará até novembro de 2023.


"O piloto tem de envolver a grande maioria dos trabalhadores, exceto para grandes empresas onde pode ser testado em apenas alguns estabelecimentos ou departamentos", segundo o documento.


No final dos seis meses, em dezembro de 2023, está previsto um período de reflexão de um mês, em que se fará a avaliação do piloto e em que a empresa decidirá se mantém a nova organização ou se prefere voltar à semana de cinco dias ou ainda adotar um modelo híbrido.


A avaliação vai centrar-se nos efeitos da semana de quatro dias nos trabalhadores e nas empresas. Do lado dos trabalhadores, será importante medir os benefícios no bem-estar, qualidade de vida, saúde mental e saúde física, bem como o nível de compromisso com a empresa, satisfação com o trabalho e intenção de permanecer na organização. Ainda ao nível familiar, será possível avaliar eventuais reduções de custos em transportes ou deslocações e em serviços de apoio doméstico.


Do lado das empresas, será analisada a produtividade, competitividade, o impacto nos custos intermédios e nos lucros. Segundo a proposta do Governo, será importante avaliar os efeitos na redução das taxas de absentismo de curta e longa duração, no aumento da capacidade de recrutamento, na diminuição dos acidentes de trabalho e dos gastos com matérias-primas e energia.


"A avaliação vai ser feita através de inquéritos (antes, durante e depois da experiência), que serão desenhados para serem comparáveis com as experiências internacionais, mas adaptados à realidade portuguesa", lê-se no documento.


Posteriormente, e mediante uma evolução satisfatória do piloto, o teste da semana de quatro dias deverá, numa segunda fase, ser estendido ao setor público. O projeto do governo alerta que a aplicação da experiência na Administração Pública é mais complexa, uma vez que "estará sujeita a diferentes condicionantes jurídicas e orçamentais".


Semana de trabalho de quatro dias testada no privado e sem cortes salariais (dinheirovivo.pt)


Comentário do Wilson:

Porquê raio é que o Estado tem que legislar e regulamentar a vida interna das empresas privadas?!!

Que o Estado queira fazer uma avaliação em colaboração com as empresas sobre a semana de 4 dias tudo bem, mas o articulado da notícia parece que o Estado está a dar ordens à gestão das empresas privadas o que é inadmissível!!!


Comentários

Notícias mais vistas:

Governo vai alterar lei para que câmaras possam usar mais terrenos para a construção de habitação

 Alterações à lei dos instrumentos de gestão territorial obrigam "a um número mínimo de habitações a preços controlados ou renda acessível ou preço acessível" O Governo vai alterar “muito brevemente” a lei dos instrumentos de gestão territorial para que as câmaras municipais possam afetar mais terrenos à construção para baixar o preço da habitação, anunciou esta quinta-feira o ministro da Coesão Territorial. Numa audição no âmbito da discussão na especialidade do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), na Assembleia da República, em Lisboa, Manuel Castro Almeida explicou que “muito brevemente” será mudada a lei dos instrumentos de gestão territorial “para dar mais capacidade às autarquias locais” de poderem aprovar a afetação de terrenos que hoje não estão disponíveis para a construção habitações, “mediante deliberação da Câmara e da Assembleia Municipal”, sem ser necessário alterar os Planos Diretores Municipais (PDM). “Há coisas que não podem fazer, não vão poder construir

Motores a gasolina da BMW vão ter um pouco de motores Diesel

Os próximos motores a gasolina da BMW prometem menos consumos e emissões, mas mais potência, graças a uma tecnologia usada em motores Diesel. © BMW O fim anunciado dos motores a combustão parece ter sido grandemente exagerado — as novidades têm sido mais que muitas. É certo que a maioria delas são estratosféricas:  V12 ,  V16  e um  V8 biturbo capaz de fazer 10 000 rpm … As novidades não vão ficar por aí. Recentemente, demos a conhecer  uma nova geração de motores de quatro cilindros da Toyota,  com 1,5 l e 2,0 l de capacidade, que vão equipar inúmeros modelos do grupo dentro de poucos anos. Hoje damos a conhecer os planos da Fábrica de Motores da Baviera — a BMW. Recordamos que o construtor foi dos poucos que não marcou no calendário um «dia» para acabar com os motores de combustão interna. Pelo contrário, comprometeu-se a continuar a investir no seu desenvolvimento. O que está a BMW a desenvolver? Agora, graças ao registo de patentes (reveladas pela  Auto Motor und Sport ), sabemos o

A falsa promessa dos híbridos plug-in

  Os veículos híbridos plug-in (PHEV) consomem mais combustível e emitem mais dióxido de carbono do que inicialmente previsto. Dados recolhidos por mais de 600 mil dispositivos em carros e carrinhas novos revelam um cenário real desfasado dos resultados padronizados obtidos em laboratório. À medida que as políticas da União Europeia se viram para alternativas de mobilidade suave e mais verde, impõe-se a questão: os veículos híbridos são, realmente, melhores para o ambiente? Por  Inês Moura Pinto No caminho para a neutralidade climática na União Europeia (UE) - apontada para 2050 - o Pacto Ecológico Europeu exige uma redução em 90% da emissão de Gases com Efeito de Estufa (GEE) dos transportes, em comparação com os valores de 1990. Neste momento, os transportes são responsáveis por cerca de um quinto destas emissões na UE. E dentro desta fração, cerca de 70% devem-se a veículos leves (de passageiros e comerciais). Uma das ferramentas para atingir esta meta é a regulação da emissão de di