Assis justifica ausência da apresentação do livro sobre Carlos Costa para não melindrar primeiro-ministro
O presidente do Conselho Económico Social, Francisco Assis, agradeceu a "gentileza" com que o autor da obra Luís Rosa e o ex-governador Carlos Costa acolheram a sua opção: "quero que fique claro que não desconsidero a obra", afirmou.
O presidente do Conselho Económico Social e socialista, Francisco Assis, justificou a ausência da apresentação do livro sobre o ex-governador Carlos Costa para não ser interpretado como hostilidade contra o primeiro-ministro.
Numa mensagem lida na apresentação do livro "O Governador", publicado pela Dom Quixote, Francisco Assis justifica a ausência do livro que estava previsto apresentar.
"Não foi uma decisão agradável, mas foi a que se impôs à minha consciência. Tenho uma longa relação do ponto de vista político com o Dr. António Costa e entendi que era meu dever abster-me de participar num ato em que a minha presença seria inevitavelmente interpretada como uma manifestação de hostilidade pessoal com ele", justificou o socialista.
Francis Assis recordou que na semana passada o primeiro-ministro, António Costa, afirmou que irá processar o ex-governador do Banco de Portugal por ofensa à sua honra, depois de, no livro, o antecessor de Mário Centeno ter relatado que foi pressionado pelo chefe do Governo para não retirar Isabel dos Santos do BIC.
"No momento em que tive conhecimento de tal reação, optei por não estar presente na cerimónia de apresentação", justificou.
O presidente do CES agradeceu a "gentileza" com que o autor da obra Luís Rosa e o ex-governador Carlos Costa acolheram a sua opção: "quero que fique claro que não desconsidero a obra", afirmou.
"Se hoje aí não estou é por uma razão: 30 anos de um percurso político, considero de António Costa o direito de esperar de mim a preocupação em não melindrar o que ele próprio descreve como a sua dignidade pessoal", disse.
O livro "O Governador" resulta de um conjunto de entrevistas do jornalista do Observador Luís Rosa a Carlos Costa, que liderou o Banco de Portugal entre 2010 e 2020, e tem causado polémica.
O jornal online Observador noticiou hoje que, horas depois da publicação da primeira notícia sobre o livro, António Costa enviou uma mensagem escrita a Carlos Costa sobre o tema, em que dizia ser inoportuno afastar Isabel dos Santos e desmentindo que tenha dito que não se podia "tratar mal" a filha do Presidente de um "país amigo".
Hoje, em comunicado, o sócio da angolana Isabel dos Santos Fernando Telles disse existir informação "falsa" sobre si no livro do ex-governador do Banco de Portugal Carlos Costa, ameaçando recorrer a todos "os meios" para repor a verdade.
O presidente do PSD, Luís Montenegro, tem desafiado António Costa a esclarecer se contactou ou não o então governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, sobre o caso de Isabel dos Santos e, em caso afirmativo, se foi ou não foi no sentido de evitar que Isabel dos Santos não fosse afastada de administradora ou então da componente acionista do BIC.
O presidente do Chega, André Ventura, já anunciou que vai pedir a audição do antigo governador do Banco de Portugal Carlos Costa para esclarecer se o primeiro-ministro tentou proteger a empresária angolana Isabel dos Santos, tendo contactado o PSD para constituir uma comissão de inquérito, um repto ainda sem resposta.
Comentários do Wilson:
Pensei que os tempos do José Sócrates já tinham acabado, mas pelos vistos continuamos a viver num país onde alguém que era suposto apresentar um livro deixa de o fazer por medo de represálias de um primeiro-ministro.
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