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Um terço dos gestores parte de pé atrás para o PRR


ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA © LUSA


 Maioria desconfia da capacidade de o governo garantir execução ética e transparente das verbas, segundo barómetro.


Maria Caetano


Os gestores nacionais desconfiam, na maioria, da capacidade de o governo levar por diante uma execução ética e transparente do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), com praticamente um terço a rejeitar liminarmente que esta venha a acontecer. Mais de 40% admitem que será assim só nalguns casos, com apenas um em cada dez sem quaisquer reservas.


Este é o reflexo de um inquérito de opinião da Rep. Circle, uma unidade da consultora de comunicação Lift que se dedica à promoção da reputação empresarial. O barómetro ouviu 123 dirigentes, maioritariamente em grandes e médias empresas e na área dos serviços.


O estudo incide sobre as práticas das empresas, mas lança também questões sobre a perceção que os negócios têm da corrupção no país e arranca com uma série de questões acerca das expectativas quanto à boa condução das entidades públicas na distribuição da chamada bazuca de fundos europeus.


Nos resultados, 32,5% dos gestores dizem não acreditar que a atribuição dos fundos comunitários seja feita de forma ética e transparente, contra 11,4% que, pelo contrário, não têm dúvidas de que isso aconteça. Há ainda 42,3% que admitem que "nalguns casos" será assegurada a ética e a transparência na execução do PRR e 13,8% que não têm opinião sobre o assunto.


Para o terço de inquiridos com opinião mais negativa, a principal preocupação está relacionada com a possibilidade de haver fraca fiscalização (82,1%), seguindo-se o receio de favorecimento de grupos de interesse (73,1%) e de regras e processos de candidatura complexos, não lineares e burocráticos (66,7%). A possibilidade de existência de fraudes nas candidaturas também é assinalada por 37,2%.


Os autores do estudo admitem que as opiniões mais negativas estejam relacionadas com "memórias" de "episódios de atribuição negligente de fundos" no passado, e perguntam pela principal "lição" retirada de anteriores programas de fundos. Para a maior parte, 32%, ficou a ideia de melhorar o quadro regulatório e o controlo.


Os maiores riscos de eventuais falhas no PRR são, para estes gestores, atrasos nas reformas previstas (74,8%), perda de competitividade (69,1%), uso de fundos em investimentos não produtivos (61%) e ainda uma recuperação económica lenta e difícil (58,5%).


O cenário de desconfiança manifestado nesta matéria não destoa daquela que é a perceção quanto a práticas de corrupção no setor privado, com quase metade, 46,3%, dos inquiridos a considerarem que há corrupção frequente nas empresas, e um quinto, 21,1%, até muito frequente.


Mas é dos políticos que os gestores mais desconfiam, vistos como os principais promotores de corrupção no país por 69,9% dos inquiridos. Logo a seguir, estão os clubes desportivos (64,2%) e os trabalhadores dos municípios e dos serviços públicos (54,5%).


Neste pódio de má fama feito a partir das perceções dos próprios negócios não deixam também de figurar empresários (35,8%), grandes grupos empresariais (41,5%), gestores de topo (23,6%) e escritórios de advogados (40,7%).


O tráfico de influências, o clientelismo e o nepotismo são vistos como as formas mais predominantes de corrupção, à frente dos crimes de corrupção ativa, branqueamento de capitais ou extorsão.


Um terço dos gestores parte de pé atrás para o PRR (dinheirovivo.pt)


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