Avançar para o conteúdo principal

Afinal, Fisco não vai devolver IRS a pensionistas que receberam pensões com atraso


Lei aprovada na anterior legislatura diz que pensionistas que foram penalizados no IRS por causa de atraso no pagamento das pensões iriam reaver o dinheiro. Fisco, afinal, diz que não o pode fazer.

▲Fisco responde aos queixosos que lei não permite pagamentos com retroatividade

A Autoridade Tributária não está a proceder às prometidas correções nas declarações de IRS dos pensionistas que receberam as pensões em atraso de uma só vez, mesmo depois de ter sido aprovada uma lei nesse sentido no Parlamento, na legislatura passada. A informação é avançada pelo Jornal de Negócios, que noticia ainda que o Ministério das Finanças dá razão ao Fisco neste caso.

Em causa está o facto de o IRS considerar os rendimentos recebidos de uma vez, sejam salários ou pensões em atraso, somando-os ao rendimento auferido no ano corrente. Como a quantia se torna maior de forma súbita, o contribuinte é empurrado para escalões superiores do IRS e acaba por pagar mais do que pagaria se o rendimento tivesse sido tributado nos anos devidos. Ou seja, se a pensão, neste caso, não tivesse sido paga com atraso.

Para fazer face a este problema, já diagnosticado há vários anos, o anterior governo anunciou em julho passado uma alteração do IRS para “retroagir”. Em causa estava uma proposta de lei do PSD, aprovada por unanimidade no Parlamento, que passou a permitir a entrega de uma declaração de substituição para que esses rendimentos pudessem ser imputados aos anos em concreto, num limite de cinco anos, e não fossem todos tributados de uma só vez. Na altura, a secretária de Estado da Segurança Social, Cláudia Joaquim, anunciou mesmo a alteração à lei.

Mas não é isso que está a acontecer. Segundo o Jornal de Negócios, o Fisco está a responder aos queixosos que “as normas tributárias aplicam-se aos factos posteriores à sua entrada em vigor”, uma vez que a Lei Geral Tributária e a Constituição recusam a retroatividade das leis. Ou seja, um pensionista, que denunciou a sua situação ao Jornal de Negócios, que recebeu em 2017 cerca de 7 mil euros de pensões em atraso, e que pagou cerca de 3 mil euros em impostos que não seriam cobrados se não fosse o atraso, não vai conseguir reaver esse dinheiro. Além deste caso, a Provedoria de Justiça dá conta de nove queixas idênticas a esta no espaço de dois meses.

O Ministério das Finanças dá razão à Autoridade Tributária. Em resposta ao Negócios, fonte do gabinete de Mário Centeno diz que “não tendo aquela lei [aprovada no final da anterior legislatura] natureza interpretativa e não dispondo de qualquer norma especial em matéria de aplicação no tempo”, o que vinga é a Lei Geral Tributária, ou seja, “não podem ser criados quaisquer impostos retroativos”. Ou seja, não prevendo retroativos, a nova lei só permite resolver situações de pagamentos de pensões em atraso efetuados a partir de 2019.

https://observador.pt/2019/12/23/afinal-fisco-nao-vai-devolver-irs-a-pensionistas-que-receberam-pensoes-com-atraso/

Comentários

Notícias mais vistas:

Motores a gasolina da BMW vão ter um pouco de motores Diesel

Os próximos motores a gasolina da BMW prometem menos consumos e emissões, mas mais potência, graças a uma tecnologia usada em motores Diesel. © BMW O fim anunciado dos motores a combustão parece ter sido grandemente exagerado — as novidades têm sido mais que muitas. É certo que a maioria delas são estratosféricas:  V12 ,  V16  e um  V8 biturbo capaz de fazer 10 000 rpm … As novidades não vão ficar por aí. Recentemente, demos a conhecer  uma nova geração de motores de quatro cilindros da Toyota,  com 1,5 l e 2,0 l de capacidade, que vão equipar inúmeros modelos do grupo dentro de poucos anos. Hoje damos a conhecer os planos da Fábrica de Motores da Baviera — a BMW. Recordamos que o construtor foi dos poucos que não marcou no calendário um «dia» para acabar com os motores de combustão interna. Pelo contrário, comprometeu-se a continuar a investir no seu desenvolvimento. O que está a BMW a desenvolver? Agora, graças ao registo de patentes (reveladas pela  Auto Motor und Sport ), sabemos o

Saiba como uma pasta de dentes pode evitar a reprovação na inspeção automóvel

 Uma pasta de dentes pode evitar a reprovação do seu veículo na inspeção automóvel e pode ajudá-lo a poupar centenas de euros O dia da inspeção automóvel é um dos momentos mais temidos pelos condutores e há quem vá juntando algumas poupanças ao longo do ano para prevenir qualquer eventualidade. Os proprietários dos veículos que registam anomalias graves na inspeção já sabem que terão de pagar um valor avultado, mas há carros que reprovam na inspeção por força de pequenos problemas que podem ser resolvidos através de receitas caseiras, ajudando-o a poupar centenas de euros. São vários os carros que circulam na estrada com os faróis baços. A elevada exposição ao sol, as chuvas, as poeiras e a poluição são os principais fatores que contribuem para que os faróis dos automóveis fiquem amarelados. Para além de conferirem ao veículo um aspeto descuidado e envelhecido, podem pôr em causa a visibilidade durante a noite e comprometer a sua segurança. É devido a este último fator que os faróis ba

A falsa promessa dos híbridos plug-in

  Os veículos híbridos plug-in (PHEV) consomem mais combustível e emitem mais dióxido de carbono do que inicialmente previsto. Dados recolhidos por mais de 600 mil dispositivos em carros e carrinhas novos revelam um cenário real desfasado dos resultados padronizados obtidos em laboratório. À medida que as políticas da União Europeia se viram para alternativas de mobilidade suave e mais verde, impõe-se a questão: os veículos híbridos são, realmente, melhores para o ambiente? Por  Inês Moura Pinto No caminho para a neutralidade climática na União Europeia (UE) - apontada para 2050 - o Pacto Ecológico Europeu exige uma redução em 90% da emissão de Gases com Efeito de Estufa (GEE) dos transportes, em comparação com os valores de 1990. Neste momento, os transportes são responsáveis por cerca de um quinto destas emissões na UE. E dentro desta fração, cerca de 70% devem-se a veículos leves (de passageiros e comerciais). Uma das ferramentas para atingir esta meta é a regulação da emissão de di