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A década do triunfo dos medíocres e dos mentirosos


Dizer "século XXI" ainda cheira a "futuro", mas a segunda década já lá vai. Arrancou em plena tempestade financeira. Começou a desaceleração do domínio americano e a aproximação da China. O novo anormal tomou conta das lideranças mais insuspeitas. Foi a década de recuperação económica, mas talvez inevitável (começou no fundo, só havia caminho para subir). O problema é que foi também a década do recuo do que julgávamos garantido. Esta foi, por isso, a década da desagregação. Sete ideias sobre estes estranhos anos 10.


1 – A vitória da Tecnologia. Do digital sobre o analógico. Do urbano 'sofisticado' e 'com acesso' sobre o rural 'tradicional' e 'infoexcluído'. Do imaterial sobre o tangível. Do leve sobre o pesado. Do micro sobre o macro.

Ficaram para trás as indústrias “pesadas” do Midwest “rust belt” norte-americanas e do norte e centro inglês e de uma parte da Alemanha, floresceram os nichos de "excelência" e "inovação". Isso gerou raiva geracional e sócio-demográfica dos que ficaram para trás – que se vê nas ruas todos os fins de semana em Paris, com os coletes amarelos e que se verificou, de modo mais “silencioso”, mas ainda mais efetivo nas consequências, na eleição presidencial americana e no referendo britânico do Brexit, ambos em 2016.

Esse desequilíbrio não é apanhado pelos grandes indicadores, porque essa análise macro não nos mostra a contradição entre as grandes oportunidades dadas a quem tem acesso à Nova Economia e a condenação a quem não tem competências na área digital e trabalhou décadas em indústrias "tradicionais". Mas verte-se na lista das 10 marcas mais valiosas do final dos anos 10: só uma (a McDonald’s) não tem a ver com tecnologia (Google, Apple, Facebook), comércio e distribuição online (Amazon, Tencent, Alibaba, Visa) ou telecomunicações (AT&T). Nenhuma das 10 marcas empresariais mais valiosas deste final de década tem a ver com indústria pesada ou manufatura, nem sequer com comércio automóvel ou bebidas – nem mesmo o clássico Coca Cola, durante décadas a marca mais reconhecida em todo o mundo.

E duas gigantes chinesas já conseguem furar a barreira do Top10 das marcas mais “sexy” – um exclusivo americano até agora. Se olharmos não tanto para a “marca” mas para a receita, a década confirma a passagem do domínio do “petróleo e gás” (a Exxon Mobil liderava em 2010, agora é apenas quarta) e mostra agora um pódio exclusivamente tecnológico: medalha de ouro para a Apple, prata para a Google, bronze para a Microsoft (com o Facebook a fechar o Top10). Bem-vindos à era do que não se consegue tocar – mas que nos torna totalmente dependentes do que parece invisível.


2 – O triunfo dos demagogos, dos que falam mais alto e dos que mentem melhor. No início de 2010, Barack Obama era Presidente dos Estados Unidos e estava a iniciar uma espetacular recuperação económica que levaria ao mais longo período de crescimento e criação de emprego do pós II Guerra (os EUA vão no 111.º mês consecutivo a criar empregos, 77 deles sob a presidência Obama, 34 na Presidência Trump).

A Obama -- o Presidente do Acordo Nuclear do Irão, do Acordo de Paris, da reaproximação a Cuba, da criação de um sistema abrangente de saúde, da proteção das minorias e da criação de 16 milhões de novos postos de trabalho – sucedeu Trump, um “bully” egocêntrico e mentiroso, que desrespeita os outros poderes, coloca o interesse eleitoral pessoal egoísta acima do interesse nacional, desdenha as instituições que o fizeram eleger, rompeu o Acordo de Paris, colocando os EUA como ‘pária’ da comunidade internacional em tema fundamental para o nosso futuro como as alterações climáticas, retomou hostilidade a Cuba, acenou com brindes gratuitos a um ditador como Kim Jong-Un só para aparecer na fotografia e sem qualquer vantagem objetiva para os interesses dos Estados Unidos ou garantias de desnuclearização por parte de Pyongyang e lançou guerra de tarifas que gerou instabilidade permanente nos mercados e fez reduzir as trocas comerciais com a China.

Deste lado do Atlântico, Gordon Brown terminava, em Downing Street, uma era trabalhista. Os britânicos viriam, pelo meio desse primeiro ano da década que agora termina, a mudar dos trabalhistas para os conservadores – David Cameron entrava pelo número 10 de Downing Street em maio de 2010, longe de imaginar que viria a ser o responsável máximo da decisão política mais estúpida das últimas décadas: o Brexit.

Mesmo defendendo a continuidade na UE, permitiu que se abrisse a “caixa de Pandora” com o referendo, realizado a 23 junho de 2016. Três semanas depois, Cameron saía da liderança do governo, dava o lugar a Theresa May, que mesmo “Remainer” assumiu como missão entregar o Brexit, de modo a cumprir a vontade manifestada pelos eleitores de forma inesperada e muito provavelmente induzida em erro pelas mentiras demagógicas em quem fez campanha pela saída.

Boris Johnson, um dos artífices da Grande Mentira, tomou as rédeas do poder e, depois de propalar ainda mais mentiras e de somar derrotas em tempo recorde, viria a ter grande vitória eleitoral em dezembro – não por vontade imensa dos britânicos em abandonar a Europa, mas por cansaço e uma ponta de desespero em relação aos impasses de tão doloroso processo.

Esta foi a década do triunfo dos medíocres e dos mentirosos. Ganharam por terem usado instrumentos mais eficazes na propagação da demagogia pelas redes sociais e pelas novas formas de alavancar a mensagem. É muito mais fácil espalhar o medo do que explicar a complexidade das instituições. Nunca precisámos tanto delas, mas nunca foi tão difícil torná-las dominantes. É nesse paradoxo, que nos prejudica a todos, que terminamos esta década de falsos positivos e novas perplexidades.


3 - «Estamos numa fase curiosa da História do Mundo. Dá ideia de que as pessoas precisam de aldrabões e querem aldrabões, querem gente que anuncie brutalidade. É isto que se gosta, é isto que se tem» (Embaixador José Cutileiro). Alberto Manguel chamou-lhe “a absurda perversão do mundo”, que coloca “personagens malévolas como Trump ou Bolsonaro no primeiro plano da paisagem”.
A década começou na América com um Presidente formado em Direito, em Harvard, e em Ciências Políticas, em Columbia, produto da elite universitária americana e do trabalho comunitário no South Side de Chicago. Vai terminar com alguém na Casa Branca que desdenha o Conhecimento e a Ciência, ataca os direitos das minorias e promete muros e agressões. Obama via um mundo multilateral, Trump promove uma América fechada e preconceituosa. Barack acredita no globalismo, Donald tem visão egoísta em que só o interesse nacional verdadeiramente conta. Obama buscou alianças e grandes acordos, Trump destrata os amigos dos EUA e promete “acordos bilaterais” em que o único objetivo é que os EUA saiam a ganhar.

Obama foi o principal promotor do Acordo de Paris, na assunção mais evidente que os EUA já tiveram de que é preciso combater as alterações climáticas. Trump põe em dúvida as consequências desse problema, atira com conspirações “dos chineses” e promove a ignorância, a confusão e o obscurantismo num tema que deveria ter na evidência científica o farol para as escolhas políticas a fazer.

Trump vandalizou a figura do Presidente, desrespeitou o legado dos seus antecessores, ao mentir descaradamente, ao atacar as instituições que suportam o seu próprio cargo. Era suposto que o "fardo glorioso" da Presidência americana tivesse dignidade garantida por quem a ocupa. Era suposto que fosse um exemplo de correção democrática e uma inspiração para jovens e adultos. Tudo isso acabou com Trump.

Obama terminou os seus dois mandatos presidenciais com uma média de aprovação de 48%, Trump está oito pontos abaixo disso até agora. O topo de Obama foram 69% de apoio dos americanos, Trump nunca passou dos 46% (em dezembro em 2019 está perto desse máximo, tem 45%). Nos mínimos não estão assim tão diferentes: Obama 38%, Trump 35%. Mas Barack passou o testemunho com 59% dos americanos a avalizar o seu trabalho e não se vê com Trump possa lá chegar, na medida em que foi sempre um Presidente de fação, que em vez de tentar governar para o todo da sociedade, incluindo quem não votou nele, opta por se focar apenas em quem o levou à Casa Branca. Não é bem um Presidente dos EUA.


4 – A grande rivalidade: EUA vs China, perante a estratégia de expansão do Presidente Xi e consequente ascensão económica e de influência de Pequim, que tem vindo a reduzir a distância dos chineses para o primeiro lugar, que ainda é americano. Esse movimento gerou uma reação de Washington, com o atual presidente americano a ter escolhido para sua plataforma eleitoral uma hostilidade à China que, mesmo sem o efeito real que o eleitorado desejava, mostra comportamento de travão à ameaça que os chineses representam ao domínio americano. Este duelo vai perdurar por vários anos. Os chineses têm sobre os americanos a vantagem da população (quase cinco vezes mais), numa ironia sobre o que é percecionado pelos eleitores Trump (acham que a “ameaça” são os imigrantes) e o que acontece na realidade (o problema real nos EUA não é a pressão migratória, é o oposto, a falta de população na maior parte dos estados).

Enquanto a China tem um projeto de expansão estratégico a longo prazo (“Uma Faixa, Uma Rota”, a várias décadas). A China era a 11.º economia mundial no final da década de 70, a décima no final dos anos 80, a sétima no final dos anos 90, a terceira pelo final da primeira década deste século (ultrapassaria o Japão por 2009 no segundo lugar). Termina esta década em segundo, com grande vantagem sobre o terceiro e já com pelo menos 65% do total do PIB dos EUA (o FMI prevê que termine já próximo dos 80%, se terminar o ano com 16,8 mil milhões de euros, a apenas 4,4 mil milhões dos 21,2 dos EUA).

Será questão de tempo até atingir a liderança mundial. Visto doutra forma: a China duplicou a sua riqueza entre 2010 e 2019 (aumento de 112%); a América também ficou mais rica, mas desacelerou esse crescimento (subida de 30%).

Olhemos para o que nos interessa mais: as relações dos dois gigantes económicos com a UE. Um terço do comércio que a União Europeia faz com o resto do mundo é com EUA e China. Mas se pelo início da década essa soma tinha os americanos com esmagadora vantagem (24% para 9% da China), os anos 10 terminam com quase paridade entre EUA e China nas suas relações comerciais com a Europa (EUA 17%/China 16%). A soma dá, nos dois casos 33% -- mas enquanto os americanos perderam 29% do seu peso relativo no total do comércio com a Europa (de 24% para 17%), os chineses dispararam 78% (de 9% para 16%), descolando, nestes dez anos, de japoneses e russos.

Nesta medida, pode até parecer racional que Trump tenha escolhido a China como o grande rival a abater pelos americanos, dentro da lógica de tornar “a América grande outra vez”. Tendo em conta o modo como os chineses se comportaram na última década, desrespeitando regras da OMC e depreciando artificialmente a sua moeda para obter vantagem nas trocas comerciais, até faria algum sentido compensar esse desvio chinês com uma guerra comercial. Sucede que a guerra de tarifas contra Pequim tem efeito recessivo que faz ricochete nos Estados Unidos, pelo simples facto dos EUA serem o país mais dependente da evolução do comércio internacional no global. O investimento chinês nos EUA caiu 90% nos últimos 12 meses, pelas ondas de choque da guerra comercial iniciada por Trump contra Pequim. Guo Ping, chairman da Huawei, avisou em Lisboa, na Web Summit, no passado mês de novembro: “Seria melhor que não houvesse a hostilidade americana. Mas teremos que saber lidar com ela. Estamos a caminhar para um mundo de duas vias tecnológicas, dois sistemas, duas grandes plataformas. Se não pudermos caminhar em conjunto, caminharemos em paralelo. Não vamos parar”.


2019 termina com fortes sinais de que ambos os lados estão a perceber que têm mais a perder do que a ganhar com a guerra comercial. A Fase 1 do acordo EUA/China deverá reduzir os efeitos das tarifas, mas o Grande Acordo está ainda por fazer. Mas o comportamento errático de Trump dá mensagens contraditórias aos mercados e às empresas, que só um armistício durável poderá sarar. Os chineses precisam quatro vezes mais dos americanos que o contrário entre o que compram e o que vendem – mas as duas partes precisam uma da outra para continuarem a crescer como os dois gigantes do comércio internacional.
A tendência da década que agora começa será a de que a China continue a reduzir a diferença para os EUA – sendo que em áreas como a Inteligência Artificial até estará a liderar. Não é impossível que no final da próxima década estejamos a anunciar ultrapassagem da China em relação aos EUA em PIB – mas ainda não em PIB per capita (é mais de seis vezes superior nos EUA, 60.000 dólares, que na China, 9.000; mas há uma década essa diferença era superior a dez -- 48.375 nos EUA, 4560 na China; os chineses quase duplicaram o PIB p/capita em dez anos) e muito menos em índices como Conhecimento (18 das 20 melhores universidades americanas continuam a ser americanas, as outras duas são inglesas, nenhuma é chinesa).

O nosso mundo continuará a ser "americano" por mais algumas décadas nas referências culturais, no consumo de entretenimento. Mas a década prestes a arrancar ditará a vitória da China nas empresas, no investimento e no crescimento da riqueza. Mesmo que continuemos a não compreender a mentalidade de controlo e de anulação do indivíduo que Pequim exerce sobre quem lá vive.


5 - Temos que olhar também para a Índia. Ao contrário dos chineses, os indianos não têm um projeto de expansão global – mas têm um dos pontos fulcrais para o poder nos próximos anos: população. A Índia termina esta década com 1,35 mil milhões de pessoas – já muito próximo dos 1,4 mil milhões da China e mais de dez vezes que os 330 milhões dos EUA.

Se em Pequim a política de famílias pequenas e poucos filhos, para travar o crescimento explosivo, na Índia isso está longe de acontecer. Na próxima década, os indianos passarão a ter o país mais populoso do mundo. No início do século, a Índia era a 14ª maior economia mundial. Há uma década era a 12ª. Hoje já é a quinta, com 3,73 mil milhões de euros – à frente da França (2,9 mil milhões de euros), do Reino Unido (2,8 mil milhões de euros), da Itália (2, 07 mil milhões) e do Brasil (2,02 mil milhões) e já não muito longe da Alemanha (4,26 mil milhões) e do Japão (5,1 mil milhões).

Que ninguém se admire, por isso, que a Índia termine a década que agora se inicia no pódio das três maiores economias do mundo, em patamares competitivos só atrás dos gigantes EUA e China – muito acima de todas as outras.

É certo que em benefício para a população isso ainda está muito longe de ocorrer na Índia de modo massificado: o PIB per capita indiano é de apenas 2000 dólares (quatro vezes e meia menos que na China, 30 vezes menos que nos EUA). Se, nesta década, a Índia saltou do 12.º para o 5.º lugar em riqueza como país, a riqueza dos cidadãos só subiu de 1346 para 2000 dólares.

Mas os sinais do aparecimento da Índia entre os grandes a acompanhar já cá estão: sabem qual foi o assunto mais procurado em todo o mundo no Google em 2019? Não foi nada sobre uma atriz americana ou sequer uma empresa chinesa. Foi mesmo um jogo críquete entre a Índia e África do Sul. As grandes tendências do mundo em que vivemos são ainda mais surpreendentes do que imaginamos. Só nos resta ter a humildade de os tentar compreender.
6 - Só um país europeu no Top5 das maiores economias mundiais (a Alemanha, em quarto). No início deste século havia três (Alemanha em terceiro, Reino Unido em quarto, França em quinto), no início da década, por 2010, havia dois (Alemanha em quarto, França em quinto). A China, que começou o século em sétimo, saltou para segundo em dez anos e manteve a posição nesta década, embora muito mais perto da liderança e com muito maior avanço sobre o terceiro.

A supremacia de EUA e China é tão grande que a riqueza dos dois maiores juntos (38 biliões de euros) é 53% superior à dos oito seguintes (24,88 biliões de euros). E representam 61% do total da riqueza do Top10 (do 3.º ao 10.º juntos têm apenas 31%). O Canadá esteve lá sempre, mas final da tabela (entre o oitavo e o décimo). A Índia nem no Top10 estava no início da década (12.º em 2010) e já está no Top5 – é, claramente, o país a acompanhar mais de perto nos próximos anos. No atual Top10 há quatro países europeus (Alemanha 4.º, França 6.º, Reino Unido 7.º, Itália 8.º), três asiáticos (China 2.º, Japão 3.º, Índia 5.º) e três americanos (EUA 1.º, Brasil 9.º, Canadá 10.º). Três país estiveram sempre, neste século, no Top5 (EUA, Japão e Alemanha), oito estiveram sempre no Top10 (esses três mais China, França, Reino Unido, Itália e Canadá). México e Espanha já passaram pelo Top 10 nesta década, mas já não estão.


7 – A improvável resiliência do projeto europeu. Os anos 10 começaram em modo “recuperação depois da derrocada económica”, ainda que o conceito “recuperação” tenha sido mais rápido nos EUA e o estigma da “derrocada” tenha demorado mais a passar na Europa. O colapso do Euro terá estado perto de se concretizar. A Grécia chegou a aprovar em referendo uma via à revelia de Bruxelas que levaria a um caminho sem retorno, mas Tsipras virou as costas a Varoufakis e transformou-se “social-democrata” do dia para a noite. Politicamente, foi um desrespeito à vontade dos gregos, a longo prazo talvez tenha sido esse o momento que confirmou que o projeto europeu é mais resiliente do que a crise mediática do dia possa indicar. A UE resistiu à crise do Euro, mas tremeu demasiado com a crise das dívidas soberanas. A austeridade levou ao divórcio entre os “governos” e os “eleitores”.
O fantasma oportunista do “populismo” sentiu condições de florescer – espalhou-se pela Holanda, por França, pela Itália, pela Hungria, pela Áustria e até por alguns países nórdicos. E, claro, houve o Brexit – exemplo acabado de um canto de sereia do nacionalismo populista e demagógico, que explora medos primários e a ignorância básica sobre as consequências do que se votou. Três anos depois do referendo que abriu todas as caixas de Pandora, os britânicos ainda não fazem a mínima ideia no que se meteram e como vão conseguir concretizar o que aprovaram.

Vamos terminar a década com um quarto dos eleitores europeus a votar em partidos eurocéticos, nacionalistas, populistas, com laivos de racismo e xenofobia e/ou de extrema-direita. O triunfo claro do europeísta e globalista Macron sobre a extremista e ultranacionalista Marine, na segunda volta das presidenciais francesas em 2017, adiou o estertor – mas o “cancro” está instalado.

E a violência durável dos protestos dos “coletes amarelos” em França, apenas um ano depois de Macron ter sido eleito com dois terços dos votos dos franceses, põe a nu uma contradição difícil de acomodar: os números “macro” parecem indicar uma Economia em momento muito positivo (baixo desemprego, crescimento económico, juros historicamente baixos), ao mesmo tempo que os sentimentos de desconforto social aumentam (tensões raciais, egoísmos nacionais, greves e instabilidade laboral).


Como compreender isto? De novo a desagregação.

Esta foi a década do aumento das desigualdades salariais, da propagação das “fake news” pela via tecnológica e total discrepância entre as oportunidades de quem tem acesso e quem está estagnado.

O diabo está cada vez mais nos detalhes.

https://www.msn.com/pt-pt/meteorologia/ultimas-noticias/a-d%c3%a9cada-da-desagrega%c3%a7%c3%a3o/ar-BBYsFzq

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