"O Dia Depois de Amanhã" pode ser já no ano depois do próximo? Estudo indica que correntes do Atlântico podem colapsar já a partir de 2025
Tornados devastadores, tempestades, uma nova era do gelo. Este é o cenário ficcional do filme “O Dia Depois de Amanhã” (de 2004), em que o aquecimento global puxa o planeta para lá do ponto de não retorno com consequências devastadoras para a humanidade. Mas estará a ficção assim tão longe da realidade?
Segundo um novo estudo publicado esta terça-feira na Nature Communications, o planeta pode estar à beira de ultrapassar o ponto de não retorno. Se as emissões de carbono para a atmosfera não forem reduzidas, os cientistas da Universidade de Copenhaga estimam que a Circulação Meridional de Capotamento do Atlântico (AMOC) deverá colapsar entre 2025 e 2095.
Este sistema de correntes oceânicas é considerado “um dos mais importantes pontos de viragem para o sistema climático da Terra”. Neste, a água quente circula dos Trópicos para norte, onde arrefece e afunda junto ao manto de gelo da Gronelândia, circulando depois para sul.
Este movimento origina as correntes no Oceano Atlântico e é vital para a regulação do clima mundial. “Um futuro colapso teria impactos graves no clima da região do Atlântico Norte”, alerta o estudo. Invernos mais extremos, subidas dos níveis do mar e alterações nos padrões dos monções nos Trópicos são algumas das consequências previsíveis.
“Acho que devíamos estar muito preocupados. Isto seria uma grande, grande mudança. A AMOC não está parada há 12 mil anos”, alerta Peter Ditlevsen, um dos autores do estudo, em declarações ao The Guardian.
As preocupações com este sistema não são recentes. Em 2018, um estudo publicado na Nature alertava que as correntes estavam a registar um desacelerar sem precedentes, atingindo os níveis de circulação mais fracos dos últimos 1600 anos. No ano passado, um novo artigo publicado na Nature Climate Change voltava a alertar para os sinais alarmantes da perda de estabilidade neste sistema.
Outros cientistas climáticos - ouvidos pelo The Guardian, CNN e pela BBC - relativizam os resultados do recém-publicado estudo, indicando que a previsão exata de um eventual colapso é difícil de estimar e afirmando a necessidade de mais investigação. Isto quando o mais recente relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) considera pouco provável o colapso da AMOC durante este século. Contudo, a comunidade científica é unanima ao defender que é necessário evitar o colapso da AMOC “a todos os custos”, sendo para tal essencial travar as emissões de carbono para a atmosfera.
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