Avançar para o conteúdo principal

NASA divulga foto do Sol "a sorrir" - mas o sorriso não traz boas notícias para a Terra



 Imagem apresenta três manchas negras que parecem formar dois olhos e uma boca sorridente. Mas estas manchas são fonte de partículas que, em grandes quantidades, podem provocar perturbações no nosso planeta

O Sol é "o maior reator nuclear do nosso sistema solar". A frase é de Brian Keating, professor de Física na Universidade da Califórnia, em San Diego, nos EUA. E é por isso que a fotografia daquilo que parecer ser um sol sorridente, que foi agora divulgada pela NASA, não é necessariamente motivo de regozijo para os especialistas.


Ao The Washington Post, Keating explica que a imagem - que não é visível ao olho humano, uma vez que está no espectro ultravioleta - pode trazer más notícias para os habitantes da Terra. 


Os três "buracos negros" visíveis na superfície do Sol, que formam os olhos e o sorriso, chamam-se afinal "buracos coronais", que se formam na coroa solar e são fonte de ventos solares de alta velocidade, que enviam protões, eletrões ou outras partículas para o universo. Mais do que uma cara sorridente, estes olhos são como raios laser "a enviarem partículas que podem causar perturbações severas na atmosfera da Terra", diz Keating. Quando estas partículas, que têm carga elétrica, atingem o planeta em pequenas doses, podem provocar auroras e cores fabulosas ao amanhecer.


O problema, assinala o especialista, é se estas partículas chegam em quantidades significativas: em vez de serem sugadas para o campo magnético da Terra podem ser guiadas para antenas e perturbar emissões de rádio, televisão e outros canais de comunicação. Uma tempestade solar severa poderá mesmo danificar redes elétricas e provocar falhas de energia. 


Say cheese! 📸

Today, NASA’s Solar Dynamics Observatory caught the Sun "smiling." Seen in ultraviolet light, these dark patches on the Sun are known as coronal holes and are regions where fast solar wind gushes out into space. pic.twitter.com/hVRXaN7Z31

— NASA Sun, Space & Scream 🎃 (@NASASun) October 26, 2022


A última tempestade geomagnética a atingir a Terra foi, reza a história, em 1859, fazendo deflagrar incêndios em várias estações de telégrafos, recorda o The Washington Post, com auroras boreais a aparecerem até nas regiões tropicais. Um evento deste género já deveria ter acontecido, admite o professor de Física: "Os cientistas esperam que aconteça, em média, com cerca de dois por cento de probabilidade, todos os anos. E nós conseguimos evitar estas balas magnéticas durante todo este tempo." Segundo Keating, a acontecer outro fenómeno do género, as consequências poderiam ser muito mais nefastas, nomeadamente devido à nossa dependência da tecnologia nos dias que correm.


A atividade solar que originou o sorriso do Sol foi captada pela sonda da missão Solar Dynamics Observatory, da NASA, na quarta-feira passada. "Hoje, o Solar Dynamics Observatory  da NASA apanhou o Sol 'a sorrir'. Vistas em luz ultravioleta, estas manchas escuras no Sol são conhecidas como buracos coronais e são regiões onde o veloz vento solar é lançado para o espaço", lê-se na legenda da imagem. 


Os buracos coronais são secções ligeiramente mais frias da camada exterior do Sol, que está habitualmente a 6.000 graus centígrados. "Estamos a falar apenas de algumas centenas de graus, não é como se fosse uma estância de ski", ironiza o físico. "Mas como são tão escuros e como estamos a olhar para eles em radiação ultravioleta, que o olho nu não consegue ver, o [satélite da NASA] vê-os como buracos negros", explica. 


NASA divulga foto do Sol "a sorrir" - mas o sorriso não traz boas notícias para a Terra - CNN Portugal (iol.pt)

Comentários

Notícias mais vistas:

Esta cidade tem casas à venda por 12.000 euros, procura empreendedores e dá cheques bebé de 1.000 euros. Melhor, fica a duas horas de Portugal

 Herreruela de Oropesa, uma pequena cidade em Espanha, a apenas duas horas de carro da fronteira com Portugal, está à procura de novos moradores para impulsionar sua economia e mercado de trabalho. Com apenas 317 habitantes, a cidade está inscrita no Projeto Holapueblo, uma iniciativa promovida pela Ikea, Redeia e AlmaNatura, que visa incentivar a chegada de novos residentes por meio do empreendedorismo. Para atrair interessados, a autarquia local oferece benefícios como arrendamento acessível, com valores médios entre 200 e 300 euros por mês. Além disso, a aquisição de imóveis na região varia entre 12.000 e 40.000 euros. Novas famílias podem beneficiar de incentivos financeiros, como um cheque bebé de 1.000 euros para cada novo nascimento e um vale-creche que cobre os custos da educação infantil. Além das vantagens para famílias, Herreruela de Oropesa promove incentivos fiscais para novos moradores, incluindo descontos no Imposto Predial e Territorial Urbano (IBI) e benefícios par...

"A NATO morreu porque não há vínculo transatlântico"

 O general Luís Valença Pinto considera que “neste momento a NATO morreu” uma vez que “não há vínculo transatlântico” entre a atual administração norte-americana de Donald Trump e as nações europeias, que devem fazer “um planeamento de Defesa”. “Na minha opinião, neste momento, a menos que as coisas mudem drasticamente, a NATO morreu, porque não há vínculo transatlântico. Como é que há vínculo transatlântico com uma pessoa que diz as coisas que o senhor Trump diz? Que o senhor Vance veio aqui à Europa dizer? O que o secretário da Defesa veio aqui à Europa dizer? Não há”, defendeu o general Valença Pinto. Em declarações à agência Lusa, o antigo chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, entre 2006 e 2011, considerou que, atualmente, ninguém “pode assumir como tranquilo” que o artigo 5.º do Tratado do Atlântico Norte – que estabelece que um ataque contra um dos países-membros da NATO é um ataque contra todos - “está lá para ser acionado”. Este é um dos dois artigos que o gener...

Armazenamento holográfico

 Esta técnica de armazenamento de alta capacidade pode ser uma das respostas para a crescente produção de dados a nível mundial Quando pensa em hologramas provavelmente associa o conceito a uma forma futurista de comunicação e que irá permitir uma maior proximidade entre pessoas através da internet. Mas o conceito de holograma (que na prática é uma técnica de registo de padrões de interferência de luz) permite que seja explorado noutros segmentos, como o do armazenamento de dados de alta capacidade. A ideia de criar unidades de armazenamento holográficas não é nova – o conceito surgiu na década de 1960 –, mas está a ganhar nova vida graças aos avanços tecnológicos feitos em áreas como os sensores de imagem, lasers e algoritmos de Inteligência Artificial. Como se guardam dados num holograma? Primeiro, a informação que queremos preservar é codificada numa imagem 2D. Depois, é emitido um raio laser que é passado por um divisor, que cria um feixe de referência (no seu estado original) ...