Avançar para o conteúdo principal

“Quanto Menos Soubermos, Melhor Dormirmos”: a era Putin começou logo sob o signo da corrupção e da violência



 David Satter, correspondente em Moscovo do “Finantial Times” e do “Wall Street Journal”, relata em “Quanto Menos Soubermos, Melhor Dormirmos” a chegada ao poder do presidente russo e sugere que o fim da URSS deixou um legado de cinismo que permitiu crimes inconcebíveis noutros lugares

Quem recorda a entrada no ano 2000 terá provavelmente memórias mais vivas de outras coisas, mas o que aconteceu na Rússia nesse dia foi muito importante. O então presidente Boris Ieltsin escolheu esse momento para entregar o seu cargo a Vladimir Putin, o primeiro-ministro. Putin ficou como presidente interino até às eleições presidenciais marcadas para meses depois. Logo na altura houve a sensação de um golpe político —aproveitar o momento em que quase ninguém estava a prestar atenção para um ato flagrante de manipulação, dando a Putin as vantagens da incumbência. Não que ele precisasse disso, em rigor. Nomeado primeiro-ministro meses antes, teve inicialmente níveis muito baixos de aprovação nas sondagens, mas a guerra da Chechénia mudou tudo. Quando uma série de bombas explodiram em blocos de apartamentos em Moscovo, matando mais de 300 pessoas, a culpa foi atribuída a terroristas chechenos, e a Rússia lançou uma guerra de retaliação que atrasaria Grozni e tornaria Putin um herói popular.


Esse terá sido o primeiro grande crime de Putin — não a guerra, mas os bombardeamentos usados para a justificar. Satter acha que foram engendrados por Ieltsin e membros da sua entourage, com a colaboração dos serviços de segurança. A suspeita já existia há muito, mas a análise detalhada das provas feita neste livro deixa poucas dúvidas. Ieltsin tinha de garantir que o seu sucessor não lhe iria pedir contas pela corrupção maciça do seu regime. Assim, foi feito um negócio e concebida uma estratégia para promover Putin.


Expresso | “Quanto Menos Soubermos, Melhor Dormirmos”: a era Putin começou logo sob o signo da corrupção e da violência


Comentários

Notícias mais vistas:

Constância e Caima

  Fomos visitar Luís Vaz de Camões a Constância, ver a foz do Zêzere, e descobrimos que do outro lado do arvoredo estava escondida a Caima, Indústria de Celulose. https://www.youtube.com/watch?v=w4L07iwnI0M&list=PL7htBtEOa_bqy09z5TK-EW_D447F0qH1L&index=16

Novo passo na guerra: soldados norte-coreanos preparam tudo para entrar na Ucrânia

 A chegar às fileiras de Moscovo estão também mais armas e munições A guerra na Ucrânia pode estar prestes a entrar numa nova fase e a mudar de tom. Segundo a emissora alemã ZDF, a Rússia começou a transferir sistemas de artilharia de longo alcance fornecidos pela Coreia do Norte para a Crimeia, território ucraniano anexado pela Federação Russa em 2014. Trata-se de uma escalada significativa da colaboração militar entre Moscovo e Pyongyang, e um indício claro de que o envolvimento norte-coreano no conflito pode estar prestes a expandir-se dramaticamente. Imagens divulgadas online no dia 26 de março mostram canhões autopropulsados norte-coreanos Koksan a serem transportados por comboio através do norte da Crimeia. Estes canhões de 170 milímetros são considerados dos mais potentes do mundo em termos de alcance: conseguem atingir alvos a 40 quilómetros com munições convencionais e até 60 quilómetros com projéteis assistidos por foguete. Até agora, os militares norte-coreanos só tinham...

TAP: quo vadis?

 É um erro estratégico abismal decidir subvencionar uma vez mais a TAP e afirmar que essa é a única solução para garantir a conectividade e o emprego na aviação, hotelaria e turismo no país. É mentira! Nos últimos 20 anos assistiu-se à falência de inúmeras companhias aéreas. 11 de Setembro, SARS, preço do petróleo, crise financeira, guerras e concorrência das companhias de baixo custo, entre tantos outros fatores externos, serviram de pano de fundo para algo que faz parte das vicissitudes de qualquer empresa: má gestão e falta de liquidez para enfrentar a mudança. Concentremo-nos em três casos europeus recentes de companhias ditas “de bandeira” que fecharam as portas e no que, de facto, aconteceu. Poucos meses após a falência da Swissair, em 2001, constatou-se um fenómeno curioso: um número elevado de salões de beleza (manicure, pedicure, cabeleireiros) abriram igualmente falência. A razão é simples, mas só mais tarde seria compreendida: muitos desses salões sustentavam-se das assi...