Avançar para o conteúdo principal

Portugal está entre os dez países que atraem mais milionários. Rússia é o que mais perde



Na liderança estão os Emirados Árabes Unidos, uma espécie de íman de riqueza. Portugal ocupa o sexto lugar da tabela. A Rússia, por outro lado, é o país que mais milionários deixa escapar neste ano.

Ao longo deste ano, prevê-se que cerca de 88.000 milionários se mudem, de malas e bagagens, para um novo país. Portugal deverá receber 1.300 novos milionários, o que faz com que as terras lusas integrem o Top 10 dos países em que mais milionários atravessam a sua fronteira, figurando mesmo no sexto lugar do rankingNa liderança estão os Emirados Árabes Unidos, que são uma espécie de íman de riqueza, prevendo-se que cheguem a esse território 4.000 milionários até ao final de 2022. Mas de que países saem estas pessoas? A maioria da Rússia. Espera-se que, neste ano, 15.000 milionários abandonem o país. Entre os fluxos migratórios, é possível concluir também que o Reino Unido e os Estados Unidos estão a perder o tradicional brilho, revela o “Henley Global Citizens Report”, realizado pela financeira Henley & Partners.

“A previsão para 2022 reflete um ambiente extremamente volátil em todo o mundo. No final do ano, espera-se que 88.000 milionários se tenham deslocado para novos países, menos 22.000 do que em 2019, quando 110.000 se mudaram”, começa por dizer Juerg Steffen, CEO da Henley & Partners.

E antecipa o próximo ano: “Preveem-se os maiores fluxos migratórios milionários de que há registo (125.000), com os investidores influentes e as suas famílias a preparem-se seriamente para o novo mundo pós-Covid, cuja reorganização da ordem global ainda está por revelar e a ameaça sempre presente das alterações climáticas como pano de fundo”, detalha, citado pela Visual Capitalist (acesso livre, conteúdo em inglês).

Os indivíduos mais ricos são extremamente móveis, e os seus movimentos podem fornecer um sinal de alerta precoce para as tendências futuras dos países. Os países que atraem indivíduos e famílias ricas tendem a ser robustos, com baixas taxas de criminalidade, taxas de impostos competitivas e oportunidades de negócio atrativas.

Andrew Amoils

Head of research da New World Wealth

Os Emirados Árabes Unidos — que têm vindo a tornar-se um foco interessante entre os investidores mais ricos — ocupam o primeiro lugar no pódio no que toca à chegada de milionários. A chegada prevista de 4.000 milionários neste ano representa um boom de 208% em relação ao fluxo registado em 2019 (1.300).

“Este fluxo de milionários deve-se, em parte, às políticas de imigração adaptáveis e recetivas do país, especialmente concebidas para atrair riqueza privada e talento internacional”, explica a consultora com sede em Londres.

Fonte: Visual CapitalistVisual Capitalist

O pódio fica completo com a Austrália e a Singapura, com um ganho expectável de 3.500 e 2.800 milionários, respetivamente. Israel (2.500), Suíça (2.200), Estados Unidos da América (1.500), Portugal (1.300), Grécia (1.200), Canadá (1.000) e Nova Zelândia (800) compõem o Top 10.

“Os indivíduos mais ricos são extremamente móveis, e os seus movimentos podem fornecer um sinal de alerta precoce para as tendências futuras dos países. Os países que atraem indivíduos e famílias ricas tendem a ser robustos, com baixas taxas de criminalidade, taxas de impostos competitivas e oportunidades de negócio atrativas”, explica Andrew Amoils, head of research da New World Wealth.

Apesar de não figurarem nos dez primeiros lugares da lista, a Henley & Partners salienta, ainda, que se espera também que um grande número de milionários se desloque para Malta, Maurícias e Mónaco.

De onde veem estes milionários?

Do lado contrário do mapa de fluxos migratórios, a Rússia é o país que sofreu a maior emigração de milionários nos últimos seis meses, com os investidores a escaparem aos impactos das sanções ocidentais. E carimbam o passaporte para países como os Emirados Árabes Unidos e Israel, detalha o jornalista Misha Glenny. Prevê-se que 15.000 pessoas cuja fortuna está avaliada em, pelo menos, um milhão de dólares abandonem o país até ao final de 2022, o que representa 15% dos milionários na Rússia e mais 9.500 pessoas do que em 2019, ainda antes da pandemia.

Mas a tendência não é totalmente nova. “Um padrão subjacente já era detetável antes da invasão da Ucrânia. Muito antes da imposição de sanções ao sistema bancário russo, houve um tsunami de capital que deixou o país, em grande parte provocado pelo estilo de Governo do presidente Vladimir Putin e pelas suas exigências de lealdade feitas aos russos ricos e de classe média.”

A invasão da Rússia está a provocar um pico abrupto nas saídas de HNWI [high-net-worth individual] da Ucrânia, que se prevê sofrer a maior perda líquida na história do país: 2.800 milionários (42% da sua população HNWI), mais 2.400 pessoas do que em 2019. (…) Há uma infinidade de razões pelas quais os ricos se deslocam. Escapar ao conflito é uma delas, razão pela qual não é surpresa ver países como a Rússia e a Ucrânia como maiores números de emigração até ao final de 2022.

A Ucrânia, por sua vez, também está a ser profundamente penalizada. Estima-se que, este ano, 2.800 milionários saiam do país, o que significa 42% da sua população com um milhão de dólares ou mais de riqueza.

Fonte: Visual CapitalistVisual Capitalist

“A invasão da Rússia está a provocar um pico abrupto nas saídas de HNWI [high-net-worth individual] da Ucrânia, que se prevê sofrer a maior perda líquida na história do país: 2.800 milionários (42% da sua população HNWI), mais 2.400 pessoas do que em 2019″, pode ler-se. “Há uma infinidade de razões pelas quais os ricos se deslocam. Escapar ao conflito é uma delas, razão pela qual não é surpresa ver países como a Rússia e a Ucrânia como maiores números de emigração até ao final de 2022.”

Três países separam, no entanto, a Rússia e a Ucrânia. Um deles é a China, de onde deverão sair 10.000 milionários este ano. Para Andrew Amoils, esta perda populacional pode revelar-se mais prejudicial do que em anos anteriores, uma vez que o crescimento da riqueza geral na China diminuiu recentemente.

Índia e Hong Kong ocupam o terceiro e quarto lugares dos países que mais milionários deixam escapar, com previsões de 8.000 e 3.000, respetivamente. Brasil (2.500), Reino Unido (1.500), México (800), Arábia Saudita (600) e Indonésia (600) seguem-se no ranking.

Reino Unido e EUA perdem o brilho

Os destinos que, tradicionalmente, atraem os investidores mais ricos do mundo estão, agora, a perder terreno. O Reino Unido, antes considerado o centro financeiro mundial, continua a assistir a uma perda constante de milionários, com a saída de 1.500 prevista para este ano. Esta tendência, explica a consultora, começou há cinco anos, alavancada pelo brexit e pelo aumento dos impostos. Cerca de 12.000 milionários já abandonaram o Reino Unido desde 2017.

O brilho de outro gigante financeiro, os Estados Unidos da América, também está a diminuir rapidamente. Os EUA são, hoje em dia, notavelmente menos populares entre os milionários emigrantes do que eram no mundo pré-Covid, “talvez devido, em parte, à ameaça de impostos mais elevados”.

Apesar de o país ainda atrair mais milionários do que aqueles que perde para a emigração, a queda é significativa: menos 86% comparativamente com os níveis de 2019, altura em que chegaram 10.800 milionários aos Estados Unidos.

“Em novembro, é provável que as eleições intercalares devolvam uma Casa Republicana e possivelmente também o Senado. Com as guerras culturais entre democratas e republicanos a aumentar uma vez mais com a decisão vazada do Supremo Tribunal para anular a decisão ‘Roe vs. Wade’ sobre o aborto, alguns receiam que estejamos a entrar noutro período de instabilidade dramática, como o que caracterizou os anos Trump. Em consequência disso, alguns investidores de elevada reputação irão, sem dúvida, pensar duas vezes antes de comprometerem a sua riqueza nas Américas”, comenta Misha Glenny.




Comentários

Notícias mais vistas:

Motores a gasolina da BMW vão ter um pouco de motores Diesel

Os próximos motores a gasolina da BMW prometem menos consumos e emissões, mas mais potência, graças a uma tecnologia usada em motores Diesel. © BMW O fim anunciado dos motores a combustão parece ter sido grandemente exagerado — as novidades têm sido mais que muitas. É certo que a maioria delas são estratosféricas:  V12 ,  V16  e um  V8 biturbo capaz de fazer 10 000 rpm … As novidades não vão ficar por aí. Recentemente, demos a conhecer  uma nova geração de motores de quatro cilindros da Toyota,  com 1,5 l e 2,0 l de capacidade, que vão equipar inúmeros modelos do grupo dentro de poucos anos. Hoje damos a conhecer os planos da Fábrica de Motores da Baviera — a BMW. Recordamos que o construtor foi dos poucos que não marcou no calendário um «dia» para acabar com os motores de combustão interna. Pelo contrário, comprometeu-se a continuar a investir no seu desenvolvimento. O que está a BMW a desenvolver? Agora, graças ao registo de patentes (reveladas pela  Auto Motor und Sport ), sabemos o

Saiba como uma pasta de dentes pode evitar a reprovação na inspeção automóvel

 Uma pasta de dentes pode evitar a reprovação do seu veículo na inspeção automóvel e pode ajudá-lo a poupar centenas de euros O dia da inspeção automóvel é um dos momentos mais temidos pelos condutores e há quem vá juntando algumas poupanças ao longo do ano para prevenir qualquer eventualidade. Os proprietários dos veículos que registam anomalias graves na inspeção já sabem que terão de pagar um valor avultado, mas há carros que reprovam na inspeção por força de pequenos problemas que podem ser resolvidos através de receitas caseiras, ajudando-o a poupar centenas de euros. São vários os carros que circulam na estrada com os faróis baços. A elevada exposição ao sol, as chuvas, as poeiras e a poluição são os principais fatores que contribuem para que os faróis dos automóveis fiquem amarelados. Para além de conferirem ao veículo um aspeto descuidado e envelhecido, podem pôr em causa a visibilidade durante a noite e comprometer a sua segurança. É devido a este último fator que os faróis ba

A falsa promessa dos híbridos plug-in

  Os veículos híbridos plug-in (PHEV) consomem mais combustível e emitem mais dióxido de carbono do que inicialmente previsto. Dados recolhidos por mais de 600 mil dispositivos em carros e carrinhas novos revelam um cenário real desfasado dos resultados padronizados obtidos em laboratório. À medida que as políticas da União Europeia se viram para alternativas de mobilidade suave e mais verde, impõe-se a questão: os veículos híbridos são, realmente, melhores para o ambiente? Por  Inês Moura Pinto No caminho para a neutralidade climática na União Europeia (UE) - apontada para 2050 - o Pacto Ecológico Europeu exige uma redução em 90% da emissão de Gases com Efeito de Estufa (GEE) dos transportes, em comparação com os valores de 1990. Neste momento, os transportes são responsáveis por cerca de um quinto destas emissões na UE. E dentro desta fração, cerca de 70% devem-se a veículos leves (de passageiros e comerciais). Uma das ferramentas para atingir esta meta é a regulação da emissão de di