Avançar para o conteúdo principal

Banco de Portugal alerta para queda dos preços das casas como risco para a economia


O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno © TIAGO PETINGA/LUSA


 O supervisor da banca alerta ainda para a queda dos rendimentos das famílias. Mas afasta uma subida preocupante do incumprimento do crédito à habitação. E avisa que os fundos europeus devem ter uma aplicação "eficiente".


por Sara Ribeiro:


O Banco de Portugal (BdP) aponta a redução dos preços no mercado imobiliário residencial como um dos riscos para a estabilidade financeira. Este risco, "decorrente de alterações nas condições de financiamento", é destacado numa altura em que as taxas de juros têm aumentado depois de vários anos em terreno negativo.


RELACIONADOS

Banco de Portugal revê em alta crescimento da economia para 6,3% em 2022


Banco de Portugal restituiu mais de 12 M€ com a recuperação de notas entre 2002 e 2021


Banco de Portugal comprou 24% do stock anual de dívida desde o início da governação PS


Outro dos seis principais riscos para a estabilidade nacional, divulgados esta sexta-feira pelo supervisor, prende-se com a redução do rendimento disponível das famílias devido à inflação. No entanto, o governador do BdP afasta uma subida preocupante do incumprimento do crédito à habitação.


"As questões de incumprimento do crédito à habitação estão muito relacionadas com o mercado de trabalho", começou por explicar Mário Centeno durante a apresentação do Relatório de Estabilidade Financeira, relativo a Junho de 2022.. Tendo em conta que o mercado de trabalho tem "demonstrado capacidade e resiliência em Portugal e não só, que poucos antecipavam", o governador do BdP não antecipa uma subida preocupante do incumprimento do crédito à habitação.


Outro dos riscos destacados pelo BdP é o aumento da probabilidade de incumprimento das empresas, "refletindo o efeito conjunto da vulnerabilidade financeira de algumas empresas, da recuperação incompleta da atividade e da rendibilidade de alguns setores no pós-pandemia, bem como o enquadramento macroeconómico e financeiro atual", segundo o relatório de estabilidade financeira apresentando esta sexta-feira pelo supervisor.


SUBSCREVER NEWSLETTER

Subscreva a nossa newsletter e tenha as notícias no seu e-mail todos os dias


Endereço de e-mail

SUBSCREVER

A entidade liderada por Mário Centeno destaca ainda que nos próximos anos, o aumento das taxas de juro deverá traduzir-se numa melhoria da margem financeira dos bancos e num aumento do reconhecimento de imparidades e de perdas potenciais decorrentes da desvalorização dos títulos de dívida a justo valor. "O impacto de cada um destes fatores é condicionado pela evolução da atividade económica e diferenciado conforme o horizonte temporal", sublinha.


O rácio de dívida das administrações públicas em percentagem do PIB não prosseguir a trajetória de redução prevista, derivado da incerteza sobre a atividade económica e do aumento dos custos de financiamento é outro dos riscos destacados.


No que toca à divida soberana, o BdP refere que poderá haver um aumento dos prémios de risco. Como explica no relatório, um dos riscos para a estabilidade financeira prende-se com "uma reavaliação adicional dos prémios de risco, não obstante a correção já ocorrida, podendo interagir com as vulnerabilidades acumuladas durante a pandemia e reduzir o preço dos ativos, com impacto no sistema financeiro, sobretudo na valorização de carteiras". Para impedir uma fragmentação entre países, na semana passada o Banco Central Europeu (BCE) anunciou que vai criar um instrumento "anti-fragmentação" nos mercados de dívida, depois de países como Itália e Espanha verem os prémios de risco dispararem nos últimos dias, comparativamente à Alemanha.


Olhando a longo prazo, o supervisor da banca alerta que outros desafios poderão afetar de forma transversal e estrutural a economia, com implicações sobre o crescimento económico e a inflação. "A materialidade desses desafios - incluindo o abrandamento do comércio internacional, a pressão nos mercados da energia e o aumento da digitalização da economia - requererá aos setores institucionais residentes um esforço de investimento significativo". Além disso, "a capacidade dos bancos para gerar capital, a margem de manobra da política orçamental e o endividamento e o serviço de dívida do setor privado não financeiro constituem vulnerabilidades que limitam as decisões de investimento".


Por estes motivos, a entidade liderada por Centeno considera que "ganha uma importância acrescida uma utilização eficiente dos fundos europeus do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR)". "A política macroprudencial deve ter em conta os desafios colocados à estabilidade financeira, as vulnerabilidades de caráter estrutural e a origem do risco sistémico, destacando-se, nos últimos meses, o ajustamento à recomendação relativa aos novos créditos ao consumo e à habitação, fazendo depender a maturidade máxima das novas operações de crédito à habitação da idade dos mutuários".


Banco de Portugal alerta para queda dos preços das casas como risco para a economia (dinheirovivo.pt)


Comentários

Notícias mais vistas:

Constância e Caima

  Fomos visitar Luís Vaz de Camões a Constância, ver a foz do Zêzere, e descobrimos que do outro lado do arvoredo estava escondida a Caima, Indústria de Celulose. https://www.youtube.com/watch?v=w4L07iwnI0M&list=PL7htBtEOa_bqy09z5TK-EW_D447F0qH1L&index=16

Novo passo na guerra: soldados norte-coreanos preparam tudo para entrar na Ucrânia

 A chegar às fileiras de Moscovo estão também mais armas e munições A guerra na Ucrânia pode estar prestes a entrar numa nova fase e a mudar de tom. Segundo a emissora alemã ZDF, a Rússia começou a transferir sistemas de artilharia de longo alcance fornecidos pela Coreia do Norte para a Crimeia, território ucraniano anexado pela Federação Russa em 2014. Trata-se de uma escalada significativa da colaboração militar entre Moscovo e Pyongyang, e um indício claro de que o envolvimento norte-coreano no conflito pode estar prestes a expandir-se dramaticamente. Imagens divulgadas online no dia 26 de março mostram canhões autopropulsados norte-coreanos Koksan a serem transportados por comboio através do norte da Crimeia. Estes canhões de 170 milímetros são considerados dos mais potentes do mundo em termos de alcance: conseguem atingir alvos a 40 quilómetros com munições convencionais e até 60 quilómetros com projéteis assistidos por foguete. Até agora, os militares norte-coreanos só tinham...

TAP: quo vadis?

 É um erro estratégico abismal decidir subvencionar uma vez mais a TAP e afirmar que essa é a única solução para garantir a conectividade e o emprego na aviação, hotelaria e turismo no país. É mentira! Nos últimos 20 anos assistiu-se à falência de inúmeras companhias aéreas. 11 de Setembro, SARS, preço do petróleo, crise financeira, guerras e concorrência das companhias de baixo custo, entre tantos outros fatores externos, serviram de pano de fundo para algo que faz parte das vicissitudes de qualquer empresa: má gestão e falta de liquidez para enfrentar a mudança. Concentremo-nos em três casos europeus recentes de companhias ditas “de bandeira” que fecharam as portas e no que, de facto, aconteceu. Poucos meses após a falência da Swissair, em 2001, constatou-se um fenómeno curioso: um número elevado de salões de beleza (manicure, pedicure, cabeleireiros) abriram igualmente falência. A razão é simples, mas só mais tarde seria compreendida: muitos desses salões sustentavam-se das assi...