Avançar para o conteúdo principal

Câmara municipal arranja estrada, mas só pela metade



 Via que liga a aldeia de Fungalvaz, no concelho de Torres Novas, à freguesia de Alburitel, no concelho de Ourém foi requalificada, mas só em metade do percurso. População desespera


As freguesias de Assentis, no concelho de Torres Novas, e de Alburitel, no concelho de Ourém, são ligadas há várias centenas de anos por uma estrada da época dos Templários.


Se, no passado, o caminho estreito e em terra satisfazia as necessidades dos meios de transporte usados, nas últimas décadas as condições da via só complicaram a vida a quem precisa de a cruzar diariamente.


"Sempre me lembro daquilo ser de terra batida. De ano a ano, como a água no inverno é muita, abre valas e buracos que tornam a estrada insuportável de percorrer", conta Ângelo Filipe, taxista, ao Acontece aos Melhores, rubrica do Jornal das 8 da TVI, do mesmo grupo que a CNN Portugal.


Por isto mesmo, os habitantes de Fungalvaz, a aldeia da freguesia de Assentiz onde a via começa, há muito que anseiam por ver a estrada requalificada com um pavimento em alcatrão. Há muito também que a Câmara Municipal de Torres Novas promete reparar aquele caminho.


"Desloquei-me ao local, percebi o quanto era importante esta ligação, e prometi-lhes", conta Pedro Ferreira, autarca de Torres Novas.


Vinte anos depois das primeiras promessas, sete depois de subir ao poder, Pedro Ferreira mandou alcatroar a estrada, numa obra que custou 198 mil euros. O alcatrão apareceu, em setembro deste ano, mas apenas em metade da estrada.


A pessoa chega ali, encontra alcatrão, estrada boa. De um momento para o outro, aparece terra batida, que ninguém gosta", lamenta Ângelo Filipe. 


A explicação para a obra está no facto de esta estrada municipal ligar a aldeia de Fungalvaz, no concelho de Torres Novas, à freguesia de Alburitel, já no concelho de Ourém. Como a via atravessa a fronteira de dois municípios, a Câmara Municipal de Torres Novas requalificou a metade da estrada que lhe pertence. A outra metade, já em Ourém, ficou por reparar.


"Justamente porque há esta divisão territorial, uma das câmaras municipais está a fazer o que lhe compete fazer, que é manter a estrada, e a outra claramente não está a fazer. Mas se me pergunta se uma câmara municipal tem competências para ir fazer a manutenção de uma estrada cuja delimitação territorial recaia noutro município, também lhe respondo que não", considera a advogada Rita Garcia Pereira.


Para a população das duas freguesias, teria feito muito mais sentido as duas câmaras municipais unirem-se para fazer a obra, pelo facto de o preço total da empreitada ser mais baixo e também porque a obra ficaria pronta ao mesmo tempo, deixando a estrada em condições de utilização de uma só vez.


Sobre o desencontro das duas câmaras municipais em relação à execução da obra, Rita Garcia Pereira faz uma avaliação clara: "Deveriam ter-se articulado, mas, em caso de não existir essa articulação, não há possibilidade de as obrigar, ambas, a fazerem esse arranjo em simultâneo. O que é há é uma responsabilidade por omissão da câmara que não arranja a sua parte da estrada, isso sim."


O presidente da Câmara Municipal de Torres Novas garante ao Acontece aos Melhores que já cumpriu a parte que lhe compete, que foi requalificar a parte da estrada no concelho que lidera. Daí em diante, terá de ser o presidente da Câmara de Ourém a cumprir a sua parte, e a requalificar a outra metade da estrada, uma obra que também já é prometida há vários anos.


A única coisa que há a fazer é a pressão política junto da Câmara Municipal de Ourém. Pode ser que o Acontece aos Melhores ajude", conclui a advogada Rita Garcia Pereira.


O Acontece aos Melhores convidou o presidente da Câmara Municipal de Ourém, Luís Albuquerque, no dia 16 de novembro, para uma entrevista. Dois dias depois, no dia da entrevista e perantes das câmaras da TVI, a estrada começou a ser reparada do lado de Ourém.


"Assinámos a consignação da obra, que é já a parte final administrativa de todo o processo, o que significa que, a partir de agora, os prazos para execução já estão por conta do empreiteiro. Quase que, garantidamente, até ao dia 15 de dezembro, as pessoas podem servir-se desta estrada, porque é uma velha ambição da freguesia de Alburitel, que será uma realidade a curto prazo. Será uma prenda de Natal interessante para a freguesia de Alburitel", afiança Luís Albuquerque, o presidente da Câmara Municipal de Ourém.


Se tem um problema que não consegue resolver, pode escrever para o e-mail aconteceaosmelhores@tvi.pt


https://tvi24.iol.pt/sociedade/ourem/acontece-aos-melhores-camara-municipal-arranja-estrada-mas-so-pela-metade/20211122/619bc6e90cf2cc58e7d45479


Comentário do Wilson:

Em Portugal é assim: só depois de a comunicação social começar a investigar é que as coisas se resolvem. Nesta caso com prejuízo dos contribuintes pois se a obra tivesse sido feita coordenadamente, de uma só assentada teria sido muito mais barato além de mais lógico.



Comentários

Notícias mais vistas:

Esta cidade tem casas à venda por 12.000 euros, procura empreendedores e dá cheques bebé de 1.000 euros. Melhor, fica a duas horas de Portugal

 Herreruela de Oropesa, uma pequena cidade em Espanha, a apenas duas horas de carro da fronteira com Portugal, está à procura de novos moradores para impulsionar sua economia e mercado de trabalho. Com apenas 317 habitantes, a cidade está inscrita no Projeto Holapueblo, uma iniciativa promovida pela Ikea, Redeia e AlmaNatura, que visa incentivar a chegada de novos residentes por meio do empreendedorismo. Para atrair interessados, a autarquia local oferece benefícios como arrendamento acessível, com valores médios entre 200 e 300 euros por mês. Além disso, a aquisição de imóveis na região varia entre 12.000 e 40.000 euros. Novas famílias podem beneficiar de incentivos financeiros, como um cheque bebé de 1.000 euros para cada novo nascimento e um vale-creche que cobre os custos da educação infantil. Além das vantagens para famílias, Herreruela de Oropesa promove incentivos fiscais para novos moradores, incluindo descontos no Imposto Predial e Territorial Urbano (IBI) e benefícios par...

"A NATO morreu porque não há vínculo transatlântico"

 O general Luís Valença Pinto considera que “neste momento a NATO morreu” uma vez que “não há vínculo transatlântico” entre a atual administração norte-americana de Donald Trump e as nações europeias, que devem fazer “um planeamento de Defesa”. “Na minha opinião, neste momento, a menos que as coisas mudem drasticamente, a NATO morreu, porque não há vínculo transatlântico. Como é que há vínculo transatlântico com uma pessoa que diz as coisas que o senhor Trump diz? Que o senhor Vance veio aqui à Europa dizer? O que o secretário da Defesa veio aqui à Europa dizer? Não há”, defendeu o general Valença Pinto. Em declarações à agência Lusa, o antigo chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, entre 2006 e 2011, considerou que, atualmente, ninguém “pode assumir como tranquilo” que o artigo 5.º do Tratado do Atlântico Norte – que estabelece que um ataque contra um dos países-membros da NATO é um ataque contra todos - “está lá para ser acionado”. Este é um dos dois artigos que o gener...

Armazenamento holográfico

 Esta técnica de armazenamento de alta capacidade pode ser uma das respostas para a crescente produção de dados a nível mundial Quando pensa em hologramas provavelmente associa o conceito a uma forma futurista de comunicação e que irá permitir uma maior proximidade entre pessoas através da internet. Mas o conceito de holograma (que na prática é uma técnica de registo de padrões de interferência de luz) permite que seja explorado noutros segmentos, como o do armazenamento de dados de alta capacidade. A ideia de criar unidades de armazenamento holográficas não é nova – o conceito surgiu na década de 1960 –, mas está a ganhar nova vida graças aos avanços tecnológicos feitos em áreas como os sensores de imagem, lasers e algoritmos de Inteligência Artificial. Como se guardam dados num holograma? Primeiro, a informação que queremos preservar é codificada numa imagem 2D. Depois, é emitido um raio laser que é passado por um divisor, que cria um feixe de referência (no seu estado original) ...