Tem uma forma de bala, com asas pequenas e estreitas, e foi buscar a aerodinâmica à tecnologia de aperfeiçoamento dos torpedos. O Otto Celera 500L é ainda um protótipo, mas promete revolucionar a aviação no segmento dos aviões privados.
Não há outro avião no Mundo como Celera 500L, um protótipo da Otto Aviation cuja aerodinâmica promete trazer uma revolução à aviação. Em forma de bala, com asas pequenas e estreitas, a aeronave cria menos resistência do ar e consome menos combustível.
"Temos uma eficiência cinco vezes superior à de um avião turbo-hélice e sete a oito vezes a de um avião a jato", argumenta William Otto Jr, presidente-executivo da Otto Aviation, citado pelo canal de televisão norte-americano CNN.
A empresa fez as contas e argumenta que viajar no Celera 500L, em testes desde 2018, custa cerca de 300 euros por hora, comparando com os perto de dois mil que consome uma avião similar, como o popular King Air, da Beechcraft, como o que vitimou, na sexta-feira, a cantora brasileira Marília Mendonça.
O Celera 500L tem capacidade para transportar até seis pessoas e uma autonomia de 4500 milhas, a uma velocidade máxima de 180 milhas por hora (cerca de 290 km/h). O design inovador permite, também, ter uma cabine mais alta que os tradicionais aviões particulares, com quase 190 centímetros de altura, viável para a maioria dos passageiros circularem de pé.
Está equipado com um motor V12 a gasóleo, da empresa alemã RED, que, no futuro, pode ser substituído por um elétrico ou a hidrogénio. "De momento, conseguimos reduzir as emissões de carbono em 80% face aos competidores diretos", argumenta William Otto Jr., revelando planos para capacitar a aeronave com uma versão mais potente do motor, para o levar a subir até aos 40 mil pés, mais do dobro dos 17 mil atuais de altitude máxima, a uma velocidade de 460 mph (cerca de 740 km/h).
"Isto parece muito prometedor, se calhar demasiado bom para ser verdade", observa Richard Aboulafia, analista de aviação do Teal Group, citado pela CNN. "Dada a combinação de alcance, velocidade, capacidade e com um motor de baixa potência, tendo em conta todas estas métricas, espero para ver se conseguem provar que funciona", acrescentou.
"Se realmente conseguirem o que dizem, será um grande progresso. Mas o melhor é esperar para ver", argumenta Aboulafia.
O fabricante diz que o segredo para a performance do Celera 500L está na forma aerodinâmica, fundamental para conseguir o chamado fluxo laminar na superfície do avião, permitindo que o ar flua em linhas paralelas, sem perturbação - o oposto de turbulência. Segundo a Otto Aviation, este desenho, inspirado na forma dos torpedos, reduz em 59% a resistência, quando comparado com aviões similares, o que se reflete no consumo do aparelho.
A CNN faz a pergunta lógica. Se o fluxo laminar funciona tão bem, porque não há mais aparelhos desenhados assim? "Para manter o fluxo laminar temos de criar estruturas que não dobrem, que não distorçam a forma. Nunca conseguiremos fazer isso com metais, só com materiais compósitos", explica Otto.
O presidente-executivo da empresa ressalva que as mais pequenas imperfeições na fuselagem, como gelo ou insetos esborrachados no avião, podem influenciar o fluxo laminar, que é muito difícil de obter num aparelho do nível das viagens de passageiros comerciais.
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