Avançar para o conteúdo principal

Justiça espanhola liberta português suspeito de mega burla cripto


Fábio Carvalho da Silva fabiosilva@negocios.pt


 Um português de 45 anos é suspeito de ser o autor de um dos maiores crimes de burla no mercado cripto, mas um tribunal de Valência decidiu colocá-lo em liberdade, durante a fase de instrução.


Vítor Manuel Batista Fajardo foi detido pela Guardia Civil (equivalente à Guarda Nacional Republicana portuguesa), este fim de semana, por alegada burla relacionada com o mercado dos criptoativos.


O cidadão português foi detido em Espanha por suspeita de uma megaburla com criptomoedas, numa ação que a Guardia Civil descreve como sendo uma das maiores fraudes de investimento nestes ativos na Europa. Trata-se de um homem de 45 anos a quem foram apreendidos bens de valor superior a 2,5 milhões de euros.


De acordo com o jornal espanhol El País, o cidadão português está indiciado pela prática de sete crimes de fraude e lavagem de dinheiro num alegado esquema "Ponzi" através da criação de uma plataforma de investimento em criptomoedas.


O português divulgou a plataforma alegadamente fraudulenta em diversos fóruns, programas de rádio e eventos desportivos, atraindo investidores em Espanha e Portugal. A operação da Guardia Civil arrancou em agosto do ano passado.


O jornal El País indica que a plataforma oferecia um retorno mínimo de 2,5% semanais aos investidores, num esquema descrito pelas autoridades como se assemelhando a um"Ponzi", levando os clientes a investir ainda mais.


A Guardia Civil apreendeu 13 automóveis de alta cilindrada e congelou várias contas bancárias e páginas web de acesso à plataforma.


Contactadas pelo Negócios, as autoridades espanholas esclareceram que o "arguido já foi presente a juiz, tendo sido posto em liberdade".


Questionada sobre se Victor Fajardo teria sido alvo de prisão domiciliária ou se lhe tinha sido retirado o passaporte, a Guardia Civil explicou apenas que "por questões jurídicas" não poderia responder.


O Negócios tentou ainda contactar o Juzgado de Primeira Instância número 3 de Valência, onde decorre a instrução do processo, mas até ao momento não obteve qualquer resposta.



Quem é Vítor Fajardo?


Vítor Manuel Batista Fajardo é natural da freguesia de Quiaios, concelho da Figueira da Foz.


O cidadão português de 45 anos mudou-se para Espanha em 2019, depois de fundar em Portugal uma empresa na área da alimentação, com os familiares Fernando Manuel Batista Fajardo e Óscar de Oliveira Fajardo, segundo os dados apurados pelo Negócios.


Além da plataforma DXRCOINTRADE, agora alvo de investigação por parte da Justiça espanhola, o indivíduo é desde abril de 2020 o único administrador de uma empresa de comércio de veículos, a Sansioneu, com um capital social de 419 mil euros, de acordo com a informação recolhida pela imprensa espanhola junto dos registos comerciais do país.



Sites cercam português


Desde que, alegadamente, começou a levar a cabo este esquema piramidal, foram criados vários sites e grupos de Whatsapp em Portugal e Espanha, com denúncias sobre estas alegadas burlas.


Um dos grupos chega mesmo a contar com 38 pessoas, muitas delas com investimentos perdidos na ordem das dezenas de milhares de euros.


Porém, o caso só chegou às mãos das autoridades espanholas quando, em agosto do ano passado, uma das vítimas se ter dirigido a um escritório de detetives particulares "Valenciana Distrito 46", depois de investir 150 mil euros na compra de "Bitcoin".


Segundo a imprensa espanhola, a mulher, cuja identidade não foi revelada, chegou mesmo a colaborar no esquema sem ter noção da natureza ilícita do mesmo, "tendo arranjado clientes de topo, desde empresários, passando por celebridades e jornalistas, até um conhecido árbitro de futebol", pode ler-se no jornal "Confilegal".


Ao que se sabe, houve um momento em que esta mulher sentiu a necessidade de perceber se o negócio se tratava de uma fachada, algo que acabou por se confirmar.


Em entrevista à imprensa espanhola, o diretor da agência de detetives privados , Juan de Dios Vargas, explicou que "começámos a investigar e, depois de já termos algumas informações, percebemos logo que tratava de um esquema ilegal". Foi então que, depois de informar a cliente, Dios Vargas entregou as provas à Guardia Civil.


Assim que as unidades de crimes tecnológicos e económicos da polícia deram conta de que havia outros países envolvidos no esquema - Portugal, Luxemburgo e Suíça -, pediram imediatamente a colaboração da Europol.  A operação foi batizada de "Bitdrop".


Este fim de semana, já com as pistas "nas mãos", a Guardia Civil realizou buscas simultâneas na sede da "empresa cripto", num imóvel onde estava escondida parte dos bens, e na residência de Batista Fajardo, onde este acabou por ser detido.



Queixas multiplicam-se em Portugal


O Negócios contactou algumas vítimas de Vítor Fajardo em Portugal, tendo ficado a saber que já foram apresentadas várias queixas junto da Polícia Judiciária e do Ministério Público, tendo caído vários casos "em saco roto" por arquivamento do processo. 


Algumas fontes chegaram mesmo tentar reaver o seu dinheiro, estabelecendo contacto direto com Vítor Fajardo e a sua equipa de advogados, mas nunca voltaram a ver o que lhes era devido. Ao Negócios chegaram também relatos de ameaças recebidas por parte da defesa de Vítor Fajardo. "Disseram-me que me processariam por difamação", revelou uma das fontes.


O Negócios tentou contactar a Polícia Judiciária, no sentido de saber se já foram iniciadas investigações sobre este assunto em Portugal, mas não obteve resposta.


https://www.jornaldenegocios.pt/mercados/criptoativos/detalhe/justica-espanhola-liberta-portugues-suspeito-de-mega-burla-cripto

Comentários

Notícias mais vistas:

Diarreia legislativa

© DR  As mais de 150 alterações ao Código do Trabalho, no âmbito da Agenda para o Trabalho Digno, foram aprovadas esta sexta-feira pelo Parlamento, em votação final. O texto global apenas contou com os votos favoráveis da maioria absoluta socialista. PCP, BE e IL votaram contra, PSD, Chega, Livre e PAN abstiveram-se. Esta diarréia legislativa não só "passaram ao lado da concertação Social", como também "terão um profundo impacto negativo na competitividade das empresas nacionais, caso venham a ser implementadas Patrões vão falar com Marcelo para travar Agenda para o Trabalho Digno (dinheirovivo.pt)

A Fusão Nuclear deu um rude golpe com o assassínio de Nuno Loureiro

“Como um todo, a fusão nuclear é uma área muito vasta. Não é a morte de um cientista que impedirá o progresso, mas é um abalo e uma enorme perda para a comunidade científica, Nuno Loureiro deu contributos muito importantes para a compreensão da turbulência em plasmas de fusão nuclear” diz Bruno Soares Gonçalves , presidente do Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear do IST . O que é a fusão nuclear e por que razão o cientista português do MIT assassinado nos EUA dizia que “mudará a História da humanidade” “Os próximos anos serão   emocionante s   para nós e para a fusão nuclear.  É o início de uma nova era” . As palavras são de Nuno Loureiro e foram escrit as em 2024 . A 1 de maio desse ano, o   cientista português   assumi a   a direção do Centro de Ciência e Fusão de Plasma (PSFC) , um dos maiores   laboratórios  do Massachussetts   Institute   of   Technology ( MIT) . A seu cargo tinha   250   investigadores , funcionário...

Paguei 61€ por 350 quilómetros de autonomia - Mais caro que gasolina!

  Se há coisa que começo a detestar enquanto testo carros elétricos no meu dia-a-dia, é mesmo o facto de ser impossível perceber o que se vai pagar em cada posto, por muitas contas e simulações que se tente fazer. Aliás, há alguns meses atrás, já contei a história que na minha terra (Salvaterra de Magos), o mesmíssimo posto da terra ao lado (Benavente), é 1 cêntimo mais caro por minuto. O mesmo posto, a mesma energia e potência (11kW), e por isso o mesmo tempo de carregamento.  É mais caro, só porque sim. Até porque o munícipio “ofereceu” o terreno para o carregador. Tal e qual como na terra ao lado. Isto é algo que se repete em todo o lado, e que apesar de estar melhor, ainda é um problema sério para quem apenas quer carregar o seu veículo elétrico para evitar ficar a pé. 61€? Como? Pois bem, há pouco tempo andei a testar um Polestar 3, que tem uma bateria de grandes dimensões (100kWh). Fui dar uma volta a Lisboa para aproveitar as campanhas de Black Friday, e claro, decidi d...