Avançar para o conteúdo principal

Portugal poderá ter caído na "armadilha dos países de rendimento intermédio"



 A "longa estagnação do crescimento económico" e "interrupção do processo de convergência" da economia portuguesa este século sugerem que poderá ter caído na "armadilha dos países de rendimento intermédio", conclui um estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS).


No trabalho, chamado "Do 'made in' ao 'created in': um novo paradigma para a economia portuguesa", os autores defendem que um "crescimento económico mais robusto e uma maior convergência em relação à União Europeia são essenciais para reduzir a pobreza e as desigualdades, garantir a sustentabilidade da dívida pública e da Segurança Social e evitar o círculo vicioso de menor crescimento, mais emigração, menor crescimento em Portugal".


Neste contexto, o trabalho indica que a "longa estagnação do crescimento económico e a interrupção do processo de convergência no século XXI refletem o esgotamento de um modelo de desenvolvimento e sugerem que a economia portuguesa poderá ter caído na 'armadilha dos países de rendimento intermédio'", acrescentando que "a saída dessa armadilha só é possível atribuindo ao conhecimento, às qualificações e à inovação um lugar central no processo de criação de riqueza".


Os autores alertam ainda que "a existência de mercados financeiros eficientes e de disponibilidade de crédito são cruciais para a criação de novas empresas, para o investimento, para a adoção de novas tecnologias e, consequentemente, para o crescimento da produtividade".


Além disso, lê-se num comunicado com as principais conclusões, "são essenciais processos de insolvência eficientes para melhorar a eficiência na utilização dos recursos e para o crescimento da produtividade".


O trabalho da FFMS defende ainda que "a disponibilidade de 'venture capital' é um fator que contribui para a probabilidade de sucesso das empresas mais inovadoras, nomeadamente na fase embrionária de projetos com origem em universidades ou centros de investigação em que os detentores de patentes podem ter dificuldades em aceder a capital".


No que diz respeito ao papel do Estado, o estudo conclui que "deve criar condições para que os trabalhadores possam deslocar-se para os setores e regiões onde existem mais empregos e melhores salários".


Desta forma, "deve ser promovida a proteção social para os trabalhadores, independentemente do seu vínculo laboral, o acesso a programas de qualificação e requalificação e condições que favoreçam a mobilidade no acesso a transportes e habitação", segundo o documento.


No estudo, a Fundação propõe ainda várias políticas públicas, nomeadamente "negociar e criar as condições, numa articulação muito próxima com o sistema científico e tecnológico, para que, em 2030, todas as multinacionais baseadas em Portugal pertencentes ao grupo dos maiores investidores mundiais em I&D [Investigação e Desenvolvimento] tenham estabelecido centros de I&D&I [Investigação, Desenvolvimento e Inovação] em território nacional".


Os autores defendem ainda, entre outras coisas, a eliminação da "desvantagem de Portugal em termos fiscais face aos seus concorrentes diretos na atração de IDE [Investimento Direto Estrangeiro] reduzindo a taxa de IRC através da eliminação da derrama estadual" e a revisão "dos processos de nomeação para as entidades reguladoras", bem como a garantia da "sua autonomia em termos orçamentais" e dos "mecanismos de prestação de contas pelos resultados alcançados na melhoria das condições de concorrência dos mercados e na criação de condições para a inovação".


A FFMS pretende perceber, com este trabalho, que fragilidades caracterizam a economia portuguesas e que políticas públicas podem ajudar a promover o crescimento sustentável da economia portuguesa na próxima década, segundo a mesma nota, que acrescenta que o projeto de investigação foi desenvolvido por uma equipa alargada de economistas nacionais, coordenada por Fernando Alexandre, da Universidade do Minho.


https://www.jn.pt/economia/portugal-podera-ter-caido-na-armadilha-dos-paises-de-rendimento-intermedio-14245275.html

Comentários

Notícias mais vistas:

Aeroporto: há novidades

 Nenhuma conclusão substitui o estudo que o Governo mandou fazer sobre a melhor localização para o aeroporto de Lisboa. Mas há novas pistas, fruto do debate promovido pelo Conselho Económico e Social e o Público. No quadro abaixo ficam alguns dos pontos fortes e fracos de cada projeto apresentados na terça-feira. As premissas da análise são estas: IMPACTO NO AMBIENTE: não há tema mais crítico para a construção de um aeroporto em qualquer ponto do mundo. Olhando para as seis hipóteses em análise, talvez apenas Alverca (que já tem uma pista, numa área menos crítica do estuário) ou Santarém (numa zona menos sensível) escapem. Alcochete e Montijo são indubitavelmente as piores pelas consequências ecológicas em redor. Manter a Portela tem um impacto pesado sobre os habitantes da capital - daí as dúvidas sobre se se deve diminuir a operação, ou pura e simplesmente acabar. Nem o presidente da Câmara, Carlos Moedas, consegue dizer qual escolhe... CUSTO DE INVESTIMENTO: a grande novidade ve...

Largo dos 78.500€

  Políticamente Incorrecto O melhor amigo serve para estas coisas, ter uns trocos no meio dos livros para pagar o café e o pastel de nata na pastelaria da esquina a outros amigos 🎉 Joaquim Moreira É historicamente possível verificar que no seio do PS acontecem repetidas coincidências! Jose Carvalho Isto ... é só o que está á vista ... o resto bem Maior que está escondido só eles sabem. Vergonha de Des/governantes que temos no nosso País !!! Ana Paula E fica tudo em águas de bacalhau (20+) Facebook

Ameaça quântica: Satoshi Nakamoto deixou um plano para salvar o Bitcoin

 Em 2010, o criador do Bitcoin antecipou os perigos que a computação quântica poderia trazer para o futuro da criptomoeda e apresentou sugestões para lidar com uma possível quebra do algoritmo de criptografia SHA-256. Ameaça quântica: Satoshi Nakamoto deixou um plano para salvar o Bitcoin Um novo avanço no campo da computação quântica deixou a comunidade de criptomoedas em alerta sobre a possibilidade de quebra do algoritmo de criptografia SHA-256 do Bitcoin BTC, comprometendo a integridade das chaves privadas e colocando os fundos dos usuários em risco. Em 9 de dezembro, o Google apresentou ao mundo o Willow, um chip de computação quântica capaz de resolver, em menos de cinco minutos, problemas computacionais insolúveis para os supercomputadores mais avançados em uso nos dias de hoje. Apesar do alarde, Satoshi Nakamoto, o visionário criador do Bitcoin, já antecipara a ameaça quântica e sugerira duas medidas para mitigá-la. Em uma postagem no fórum Bitcoin Talk em junho de 2010, Sa...