Perante uma crise de liquidez, a gigante chinesa Evergrande alienou parte da participação que tinha num banco, obtendo um encaixe na casa dos 1,2 mil milhões de euros. A participação, segundo o FT, foi comprada por um grupo de investimento detido pelo Estado chinês.
É mais um capítulo na história da Evergrande. A gigante chinesa - que está a braços com uma crise de liquidez e que na semana passada não pagou os juros a um conjunto de investidores que detêm dívida da empresa - tem nesta quarta-feira mais um pagamento de juros a fazer aos investidores. Depois do comportamento registado na semana passada, o mercado mostra-se com dúvidas sobre o que irá acontecer e a empresa, neste momento, ainda não tornou claro esse reembolso. Ainda assim, e para já, o conglomerado chinês, com uma elevada exposição ao mercado imobiliário - onde começou a dor de cabeça deste grupo - aceitou vender uma parte da participação minoritária que detinha num banco.
Segundo o jornal Financial Times (FT), a Evergrande arrecadou cerca de 10 mil milhões de yuans, ou seja cerca de 1,2 mil milhões de euros (no câmbio atual), ao vender parte da sua participação no Shengjing Bank, sediado na cidade de Shenyang, no norte da China, ao Shenyang Shengjing Finance Investment Group, detido pelas autoridades locais. A empresa revelou nesta quarta-feira que vendeu uma posição de 20% no banco, mantendo ainda uma participação de 15%
A Evergrande disse ainda que os problemas que tem registado ao nível de liquidez teve um efeito "adverso" no banco e, sendo o comprador da sua posição uma "empresa detida pelo Estado, isso vai ajudar a estabilizar" as operações da instituição financeira. O FT escreve ainda que, a entrada de uma entidade pública neste processo contribuiu para acrescentar alguma expectativa de que Pequim se envolva naquela que pode ser a maior reestruturação de dívida da história da China.
Como tudo começou
Hui Ka Yan fundou a Evergrande em 1996 na cidade Guangzhou, no sul da China. E, de acordo com a BBC, este conglomerado inclui vários ramos de atividade: desde a gestão de fortunas, à produção de alimentação e bebidas, de carros elétricos e ao imobiliário. Atualmente, a unidade de imobiliário conta com mais de 1300 projetos, espalhados por mais de 280 cidades chinesas. Com pouco mais de 20 anos de existência, a Evergrande é uma das maiores empresas da China e, para conseguir alcançar esse patamar, contraiu elevados créditos: 300 mil milhões de dólares, qualquer coisa como quase 256 mil milhões de euros, segundo a imprensa internacional.
Até ao ano passado, o elevado endividamento da firma não terá sido um problema. Mas, em 2020, Pequim decidiu apertar as regras para controlar os montantes de dívida que estavam nas mãos dos grandes promotores imobiliários. E, para responder às novas exigências, a Evergrande começou a vender ativos a preços muito mais baixos, de forma a tentar assegurar que tinha capital para manter a empresa equilibrada, escreveu a BBC há dias.
Ana Laranjeiro
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