Avançar para o conteúdo principal

Cai o primeiro comercializador de eletricidade em Portugal vítima da crise energética


© Morris Macmatzen / Reuters


 A HEN- Serviços Energéticos “deixou de reunir condições para prosseguir a sua atividade”, pelo que os respetivos clientes vão ser inseridos no mercado regulado, informa a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), em comunicado.


De acordo com a nota enviada pela ERSE às redações, a HEN – Serviços Energéticos deixou de ter condições para assegurar o fornecimento aos seus clientes “por incumprimentos de obrigações decorrentes da sua atuação no mercado elétrico”.


O Comercializador de Último Recurso, a SU Eletricidade, que opera no mercado regulado, é obrigado a garantir o abastecimento aos consumidores "cujo comercializador fique impedido de o fazer, designadamente por impedimento legal ou insolvência", explica a ERSE.


São 3900 os clientes do comercializador HEN que vão transitar automaticamente para o mercado regulado, "sem qualquer perturbação e sem necessidade de tomarem qualquer medida". Contudo, estes podem, a qualquer momento, optar por outro comercializador em regime de mercado.


A saída deste operador do mercado liberalizado ocorre numa altura em que as tarifas reguladas de luz e gás estão a esmagar a concorrência. Segundo o levantamento feito pelo Expresso a partir dos simuladores da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), na eletricidade, 15 das 20 empresas com ofertas para clientes domésticos já cobram mais caro que o mercado regulado, e no gás as 14 empresas no mercado liberalizado já têm tarifá­rios acima dos regulados.


No mesmo comunicado dirigido às redações, a ERSE relembra que avançou recentemente com um conjunto de medidas extraordinárias para os setores elétrico e do gás natural, numa ótica de "minimizar os efeitos adversos" da atual volatilidade dos preços nos mercados grossistas. Na quinta-feira, o Mercado Ibérico de Eletricidade (Mibel) atingiu um novo máximo histórico no preço diário (288 euros por megawatt hora).


Os futuros para 2022 estão agora a pouco mais de 120 euros por MWh, mais do dobro da média histórica do preço grossista ibérico, que ronda os 50 euros. O preço médio diário no mercado ibérico para esta terça-feira está nos 184,74 euros por MWh.


Entre as medidas avançadas, o regulador destaca que promoveu o acesso dos comercializadores mais expostos a "mecanismos complementares de cobertura dos riscos de preço de aprovisionamento na comercialização de eletricidade". No âmbito dos leilões de Produção em Regime Especial (PRE) a realizar pelo Comercializador de Último Recurso (CUR) serão oferecidos produtos de dimensão e maturidade temporal mais reduzidas, dedicados para comercializadores de pequena dimensão e limitados à quantidade de energia não contratualizada através de contratos bilaterais.


Os clientes da HEN podem comunicar a leitura do consumo que consta do seu respetivo contador através de uma chamada gratuita para o 800 507 507, garantindo uma faturação "ajustada e mais rigorosa", acrescenta ainda o regulador.


Ana Batalha Oliveira

https://expresso.pt/economia/2021-10-11-Cai-o-primeiro-comercializador-de-eletricidade-em-Portugal-vitima-da-crise-energetica.-Clientes-passam-para-tarifas-reguladas-84bc116b

Comentários

Notícias mais vistas:

EUA criticam prisão domiciliária de Bolsonaro e ameaçam responsabilizar envolvidos

 Numa ação imediatamente condenada pelos Estados Unidos, um juiz do Supremo Tribunal do Brasil ordenou a prisão domiciliária de Jair Bolsonaro por violação das "medidas preventivas" impostas antes do seu julgamento por uma alegada tentativa de golpe de Estado. Os EUA afirmam que o juiz está a tentar "silenciar a oposição", uma vez que o ex-presidente é acusado de violar a proibição imposta por receios de que possa fugir antes de se sentar no banco dos réus. Numa nota divulgada nas redes sociais, o Escritório para Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado dos Estados Unidos recorda que, apesar do juiz Alexandre de Morais "já ter sido sancionado pelos Estados Unidos por violações de direitos humanos, continua a usar as instituições brasileiras para silenciar a oposição e ameaçar a democracia". Os Estados Unidos consideram que "impor ainda mais restrições à capacidade de Jair Bolsonaro de se defender publicamente não é um serviço público...

Aníbal Cavaco Silva

Diogo agostinho  Num país que está sem rumo, sem visão e sem estratégia, é bom recordar quem já teve essa capacidade aliada a outra, que não se consegue adquirir, a liderança. Com uma pandemia às costas, e um país político-mediático entretido a debater linhas vermelhas, o que vemos são medidas sem grande coerência e um rumo nada perceptível. No meio do caos, importa relembrar Aníbal Cavaco Silva. O político mais bem-sucedido eleitoralmente no Portugal democrático. Quatro vezes com mais de 50% dos votos, em tempos de poucas preocupações com a abstenção, deve querer dizer algo, apesar de hoje não ser muito popular elogiar Cavaco Silva. Penso que é, sem dúvida, um dos grandes nomes da nossa Democracia. Nem sempre concordei com tudo. É assim a vida, é quase impossível fazer tudo bem. Penso que tem responsabilidade na ascensão de António Guterres e José Sócrates ao cargo de Primeiro-Ministro, com enormes prejuízos económicos, financeiros e políticos para o país. Mas isso são outras ques...

Supercarregadores portugueses surpreendem mercado com 600 kW e mais tecnologia

 Uma jovem empresa portuguesa surpreendeu o mercado mundial de carregadores rápidos para veículos eléctricos. De uma assentada, oferece potência nunca vista, até 600 kW, e tecnologias inovadoras. O nome i-charging pode não dizer nada a muita gente, mas no mundo dos carregadores rápidos para veículos eléctricos, esta jovem empresa portuguesa é a nova referência do sector. Nasceu somente em 2019, mas isso não a impede de já ter lançado no mercado em Março uma gama completa de sistemas de recarga para veículos eléctricos em corrente alterna (AC), de baixa potência, e de ter apresentado agora uma família de carregadores em corrente contínua (DC) para carga rápida com as potências mais elevadas do mercado. Há cerca de 20 fabricantes na Europa de carregadores rápidos, pelo que a estratégia para nos impormos passou por oferecermos um produto disruptivo e que se diferenciasse dos restantes, não pelo preço, mas pelo conteúdo”, explicou ao Observador Pedro Moreira da Silva, CEO da i-charging...