Avançar para o conteúdo principal

Inflação na Alemanha em máximo de quase três décadas


Sede do BCE, em Frankfurt (Photo by Yann Schreiber / AFP) © AFP


 Preços da energia e fim dos efeitos de redução do IVA empurram subida anual de preços para os 4,1% em setembro.


A inflação anual na Alemanha terá atingido em setembro 4,1%, avança nesta quinta-feira o instituto de estatísticas alemão, o Destatis, em dados preliminares. A confirmar-se, será a maior subida anual em perto de três décadas. A última vez que a variação de preços homóloga na Alemanha esteve acima de 4% foi em junho de 1992.


O nível de inflação anual alemão está em terreno positivo desde o início deste ano, e supera os 2% desde março, tendo ficado em 3,4% em agosto em termos do índice harmonizado observado pelo Banco Central Europeu para avaliar a evolução dos preços na Zona Euro (3,9% relativamente ao índice doméstico). Na área do euro, a inflação anual tocou os 3% em agosto.


Os dados de hoje colocam o índice de preços no consumidor alemão a crescer 4,1% face a setembro de 2020, assim como o índice harmonizado, cujo cabaz de preços tem neste ano entre as principais diferenças a redução do peso das viagens, alojamento e restauração devido à pandemia. Aliás, na Alemanha como na generalidade dos restantes países, incluindo Portugal.


Em termos de variações mensais, em setembro os preços do cabaz doméstico alemão estabilizaram, sendo que avançaram 0,3% no cabaz de preços harmonizado para comparações europeias.


A escalada de preços fica, segundo o Destatis, a dever-se a vários factores. Desde logo, as bases baixas de 2020, em parte devido à redução temporária do IVA na Alemanha, mas também pela baixa de preços energéticos no último ano. Noutros factores, a autoridade estatística assinala a entrada em vigor de novos preços das emissões de carbono desde janeiro no país.


Outros factores que têm sido introduzidos nas análises à evolução de preços na Alemanha e noutros países europeus incluem algum estrangulamento nas cadeias de distribuição face ao ressurgimento da procura com o alívio das condições da pandemia nos últimos meses, a par com subidas mais assinaláveis em matérias-primas - e, em particular, na energia.


Os custos energéticos avançavam em setembro 14,3% para o consumidor alemão, face há um ano, com a variação anual na alimentação nos 4,9%, contribuindo para uma escalada em 6,1% nos preços dos bens.


Já nos serviços, a inflação anual de setembro, em números preliminares, ficou em 2,5%, com as rendas a subirem 1,4%.


Alguns analistas antecipam ainda que os preços alemães continuarão a subir até ao final do ano - para 5% de inflação anual, preveem, por exemplo os economistas do banco ING - mas mantêm ainda que a escalada é transitória.


Para o banco de investimento alemão Berenberg, em nota desta tarde, os factores de subida de preços "deverão ser de natureza temporária", e admite-se inclusivamente "algum contramovimento de preços quando (estes factores) se esbaterem". "Os preços dos factores produtivos e as taxas de fretes deverão eventualmente recuar dos níveis elevados em que se encontram e quaisquer gastos alimentados por excessos de poupanças terão um fim", afirma a nota dos economistas do banco nesta quinta-feira.


A durabilidade desta tendência de alta dos preços na Alemanha e nos restantes países do euro está a ser vigiada pelo Banco Central Europeu, que remeteu para dezembro qualquer decisão sobre retirada de estímulos, pese embora ter já diminuído o ritmo de compras de ativos do programa de emergência pandémica desde agosto.


No último horizonte de projeções apresentado pela instituição não é visível o ponto em que o nível de inflação poderá determinar a reversão dos atuais apoios à liquidez. Porém, alguns governadores de bancos centrais do euro mais favoráveis à retirada de estímulos têm avisado que a alteração de rumo do Banco Central Europeu poderá acontecer mais cedo do que se espera.


Maria Caetano

https://www.dinheirovivo.pt/economia/inflacao-na-alemanha-em-maximo-de-quase-tres-decadas-14177307.html

Comentários

Notícias mais vistas:

Motores a gasolina da BMW vão ter um pouco de motores Diesel

Os próximos motores a gasolina da BMW prometem menos consumos e emissões, mas mais potência, graças a uma tecnologia usada em motores Diesel. © BMW O fim anunciado dos motores a combustão parece ter sido grandemente exagerado — as novidades têm sido mais que muitas. É certo que a maioria delas são estratosféricas:  V12 ,  V16  e um  V8 biturbo capaz de fazer 10 000 rpm … As novidades não vão ficar por aí. Recentemente, demos a conhecer  uma nova geração de motores de quatro cilindros da Toyota,  com 1,5 l e 2,0 l de capacidade, que vão equipar inúmeros modelos do grupo dentro de poucos anos. Hoje damos a conhecer os planos da Fábrica de Motores da Baviera — a BMW. Recordamos que o construtor foi dos poucos que não marcou no calendário um «dia» para acabar com os motores de combustão interna. Pelo contrário, comprometeu-se a continuar a investir no seu desenvolvimento. O que está a BMW a desenvolver? Agora, graças ao registo de patentes (reveladas pela  Auto Motor und Sport ), sabemos o

Saiba como uma pasta de dentes pode evitar a reprovação na inspeção automóvel

 Uma pasta de dentes pode evitar a reprovação do seu veículo na inspeção automóvel e pode ajudá-lo a poupar centenas de euros O dia da inspeção automóvel é um dos momentos mais temidos pelos condutores e há quem vá juntando algumas poupanças ao longo do ano para prevenir qualquer eventualidade. Os proprietários dos veículos que registam anomalias graves na inspeção já sabem que terão de pagar um valor avultado, mas há carros que reprovam na inspeção por força de pequenos problemas que podem ser resolvidos através de receitas caseiras, ajudando-o a poupar centenas de euros. São vários os carros que circulam na estrada com os faróis baços. A elevada exposição ao sol, as chuvas, as poeiras e a poluição são os principais fatores que contribuem para que os faróis dos automóveis fiquem amarelados. Para além de conferirem ao veículo um aspeto descuidado e envelhecido, podem pôr em causa a visibilidade durante a noite e comprometer a sua segurança. É devido a este último fator que os faróis ba

A falsa promessa dos híbridos plug-in

  Os veículos híbridos plug-in (PHEV) consomem mais combustível e emitem mais dióxido de carbono do que inicialmente previsto. Dados recolhidos por mais de 600 mil dispositivos em carros e carrinhas novos revelam um cenário real desfasado dos resultados padronizados obtidos em laboratório. À medida que as políticas da União Europeia se viram para alternativas de mobilidade suave e mais verde, impõe-se a questão: os veículos híbridos são, realmente, melhores para o ambiente? Por  Inês Moura Pinto No caminho para a neutralidade climática na União Europeia (UE) - apontada para 2050 - o Pacto Ecológico Europeu exige uma redução em 90% da emissão de Gases com Efeito de Estufa (GEE) dos transportes, em comparação com os valores de 1990. Neste momento, os transportes são responsáveis por cerca de um quinto destas emissões na UE. E dentro desta fração, cerca de 70% devem-se a veículos leves (de passageiros e comerciais). Uma das ferramentas para atingir esta meta é a regulação da emissão de di