Avançar para o conteúdo principal

Espanha pede a Bruxelas para sair do sistema europeu de preços da eletricidade. Quer renováveis a ditarem custo da luz



 Governo espanhol propôs à UE um mecanismo que reflita na tarifa da luz o preço mais barato das renováveis. Na prática, quer liberdade para fixar os seus próprios preços da eletricidade.


O Governo espanhol propôs à União Europeia (UE) um mecanismo que reflita na tarifa da luz o preço mais barato das renováveis, avançou o El País. Este parece ser é o contra-ataque de Madrid após o Conselho Europeu que teve lugar na semana passada, para fazer face ao impacto da escalada do gás natural nos mercados.


No fundo, o que Espanha quer é que Bruxelas lhe dê liberdade para fixar os seus próprios preços da eletricidade fora do sistema europeu, de acordo com um documento de posição a que o El País teve acesso.


“Em situações excecionais, os Estados-membros devem ser autorizados a adaptar a formação do preço da eletricidade às suas situações específicas”, afirma o texto, que propõe uma nova ferramenta para “desvincular” o efeito do elevado valor do gás no preço final da eletricidade, de forma “extraordinária” com o mecanismo de preços em vigor na UE.


O objetivo é que a Espanha (e os países que queiram aderir à proposta) possam beneficiar do custo mais baixo das renováveis na conta final. Portugal podia ser um dos países beneficiários.


O tema foi também abordado pelo primeiro-ministro português, António Costa, nas conclusões do Conselho Europeu, que convidou a estudar vários assuntos, desde a “validade do atual processo de formação do preço, pagando a todos pelo preço mais elevado que é pago a cada fornecedor, se deve manter ou se chegou a altura de altera esta regra, para que o custo das energias renováveis não seja penalizado pelo sobrecusto que hoje têm os combustíveis fósseis”, até “compra conjunta de conjunta de combustíveis”.


“O preço da eletricidade estaria diretamente vinculado ao mix de produção nacional, protegendo os consumidores de volatilidades excessivas e permitindo que participem dos benefícios de um mix de geração mais barato”, pode ler-se no documento que ganha agora força por parte de Espanha.


O pedido espanhol aparece agora num documento informal distribuído horas antes de os Ministros da Energia europeus realizarem uma reunião extraordinária em Luxemburgo para estudar medidas para enfrentar uma crise energética que ameaça a incipiente recuperação após a crise causada pela Covid-19.


Com esta proposta, Madrid quer romper com o atual mecanismo marginalista de tarifação, em vigor em toda a UE, em que a energia mais cara que entra no sistema fixa o preço de todas as outras fontes. Tal como acontece no Mibel, por exemplo.


Este sistema tem resultado nos últimos meses numa escalada de preços da eletricidade provocados pelo preço do gás, mesmo que em vários países, incluindo a Portugal e Espanha, a produção renováveis ​​permita que energia mais barata seja oferecida ao consumidor.


Pelo contrário, uma carta assinada por nove países, liderados pela Alemanha, Áustria, Holanda, Irlanda e Finlândia, opõem-se às ideias reformistas que Espanha tem vindo a reivindicar nos últimos meses. “Não podemos apoiar nenhuma medida que entre em conflito com o mercado interno do gás e da eletricidade, como uma reforma ad hoc do mercado grossista de eletricidade”, diz a carta na qual se reúnem um bom número de países do centro e do norte da Europa.


https://eco.sapo.pt/2021/10/26/espanha-pede-a-bruxelas-para-sair-do-sistema-europeu-de-precos-da-eletricidade-quer-renovaveis-a-ditarem-custo-da-luz/

Comentários

Notícias mais vistas:

Motores a gasolina da BMW vão ter um pouco de motores Diesel

Os próximos motores a gasolina da BMW prometem menos consumos e emissões, mas mais potência, graças a uma tecnologia usada em motores Diesel. © BMW O fim anunciado dos motores a combustão parece ter sido grandemente exagerado — as novidades têm sido mais que muitas. É certo que a maioria delas são estratosféricas:  V12 ,  V16  e um  V8 biturbo capaz de fazer 10 000 rpm … As novidades não vão ficar por aí. Recentemente, demos a conhecer  uma nova geração de motores de quatro cilindros da Toyota,  com 1,5 l e 2,0 l de capacidade, que vão equipar inúmeros modelos do grupo dentro de poucos anos. Hoje damos a conhecer os planos da Fábrica de Motores da Baviera — a BMW. Recordamos que o construtor foi dos poucos que não marcou no calendário um «dia» para acabar com os motores de combustão interna. Pelo contrário, comprometeu-se a continuar a investir no seu desenvolvimento. O que está a BMW a desenvolver? Agora, graças ao registo de patentes (reveladas pela  Auto Motor und Sport ), sabemos o

Saiba como uma pasta de dentes pode evitar a reprovação na inspeção automóvel

 Uma pasta de dentes pode evitar a reprovação do seu veículo na inspeção automóvel e pode ajudá-lo a poupar centenas de euros O dia da inspeção automóvel é um dos momentos mais temidos pelos condutores e há quem vá juntando algumas poupanças ao longo do ano para prevenir qualquer eventualidade. Os proprietários dos veículos que registam anomalias graves na inspeção já sabem que terão de pagar um valor avultado, mas há carros que reprovam na inspeção por força de pequenos problemas que podem ser resolvidos através de receitas caseiras, ajudando-o a poupar centenas de euros. São vários os carros que circulam na estrada com os faróis baços. A elevada exposição ao sol, as chuvas, as poeiras e a poluição são os principais fatores que contribuem para que os faróis dos automóveis fiquem amarelados. Para além de conferirem ao veículo um aspeto descuidado e envelhecido, podem pôr em causa a visibilidade durante a noite e comprometer a sua segurança. É devido a este último fator que os faróis ba

A falsa promessa dos híbridos plug-in

  Os veículos híbridos plug-in (PHEV) consomem mais combustível e emitem mais dióxido de carbono do que inicialmente previsto. Dados recolhidos por mais de 600 mil dispositivos em carros e carrinhas novos revelam um cenário real desfasado dos resultados padronizados obtidos em laboratório. À medida que as políticas da União Europeia se viram para alternativas de mobilidade suave e mais verde, impõe-se a questão: os veículos híbridos são, realmente, melhores para o ambiente? Por  Inês Moura Pinto No caminho para a neutralidade climática na União Europeia (UE) - apontada para 2050 - o Pacto Ecológico Europeu exige uma redução em 90% da emissão de Gases com Efeito de Estufa (GEE) dos transportes, em comparação com os valores de 1990. Neste momento, os transportes são responsáveis por cerca de um quinto destas emissões na UE. E dentro desta fração, cerca de 70% devem-se a veículos leves (de passageiros e comerciais). Uma das ferramentas para atingir esta meta é a regulação da emissão de di