Avançar para o conteúdo principal

"Orgia financeira" na TAP: 4,5 mil milhões para já. Total será muito superior ao do Novo Banco. Dava para vários Hospitais...


 © ANTÓNIO COTRIM/LUSA


O presidente do PSD acusou esta quinta-feira o Governo de "dupla falta de respeito" pelos impostos dos portugueses já investidos na TAP, e questionou qual o plano B se a Comissão Europeia não autorizar o que classificou de "orgia financeira".


Na resposta, o primeiro-ministro referiu que "a pior forma de negociar com alguém é começar por admitir o insucesso da sua proposta e que tem planos B, C ou D", dizendo esperar que a Comissão Europeia possa "viabilizar totalmente" o atual plano de reestruturação da TAP até final do ano.


No debate sobre política geral com o primeiro-ministro no parlamento, Rui Rio contabilizou em 4,5 mil milhões de euros as verbas que o Governo já investiu ou prevê investir na transportadora aérea nacional, reiterando as críticas à reversão da privatização de "uma empresa falida, que dá regalias enormes aos seus trabalhadores e vive dos impostos" dos portugueses.


"A TAP comporta-se autenticamente como uma empresa regional, abandonando o país, olhando apenas para o aeroporto de Lisboa", criticou.


Para Rio, tal configura "uma dupla falta de respeito pelos impostos dos portugueses": "Porque é uma monstruosidade e porque vão pagar todos os portugueses, dá uma média de 450 euros a cada um", alertou.


Em alternativa, o líder social-democrata defendeu que a pandemia poderia ter sido "a altura certa para abrir uma empresa a sério e não carregada de vícios para trás".


Rio questionou diretamente António Costa se pode garantir que não será investido mais dinheiro "além dos 4,5 mil milhões já garantidos", se vai impor obrigações de serviço público à TAP e ainda "qual o plano B" se a Comissão Europeia não autorizar o plano de reestruturação para a empresa.


"O Governo tem algum plano B para a TAP no caso de a Comissão Europeia não permitir esta orgia financeira? O que vai fazer se disser que não?", questionou.


"O que compete ao Governo é apoiar a TAP na negociação com a União Europeia, é o que iremos fazer. Neste caso, não há plano B, só há plano A, que é o melhor para o futuro da TAP e de Portugal", respondeu António Costa.


António Costa defendeu a opção de reversão da privatização da TAP no início do seu primeiro Governo, considerando que se tal não tivesse acontecido a transportadora aérea nacional teria "sido arrastada pelas vicissitudes do investidor privado" David Neeleman.


"Se não tivéssemos tomado uma posição de controlo (...) já não tínhamos TAP (...) Sei que não aprecia a TAP, que acha que os seus trabalhadores ganham demais e têm benefícios em excesso, mas temos neste momento a TAP em recuperação da sua atividade", reforçou.


António Costa salientou que ninguém podia prever a "hecatombe" da paralisação da aviação comercial por quase dois anos devido à pandemia de covid-19.


"Querer analisar hoje não é rigoroso. Ninguém, ninguém, nem vossa excelência previu que isto podia acontecer, a TAP foi apanhada nesta crise no momento mais crítico do seu plano de desenvolvimento", defendeu.


Rio admitiu que, se é verdade que ninguém poderia prever, houve países que optaram por outra solução: "Deixaram cair o que não é viável para fazer uma coisa que é viável", disse.


https://www.dinheirovivo.pt/economia/nacional/rio-acusa-governo-de-orgia-financeira-na-tap-costa-responde-que-nao-ha-plano-b-14197057.html

Comentários

Notícias mais vistas:

EUA criticam prisão domiciliária de Bolsonaro e ameaçam responsabilizar envolvidos

 Numa ação imediatamente condenada pelos Estados Unidos, um juiz do Supremo Tribunal do Brasil ordenou a prisão domiciliária de Jair Bolsonaro por violação das "medidas preventivas" impostas antes do seu julgamento por uma alegada tentativa de golpe de Estado. Os EUA afirmam que o juiz está a tentar "silenciar a oposição", uma vez que o ex-presidente é acusado de violar a proibição imposta por receios de que possa fugir antes de se sentar no banco dos réus. Numa nota divulgada nas redes sociais, o Escritório para Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado dos Estados Unidos recorda que, apesar do juiz Alexandre de Morais "já ter sido sancionado pelos Estados Unidos por violações de direitos humanos, continua a usar as instituições brasileiras para silenciar a oposição e ameaçar a democracia". Os Estados Unidos consideram que "impor ainda mais restrições à capacidade de Jair Bolsonaro de se defender publicamente não é um serviço público...

TAP: quo vadis?

 É um erro estratégico abismal decidir subvencionar uma vez mais a TAP e afirmar que essa é a única solução para garantir a conectividade e o emprego na aviação, hotelaria e turismo no país. É mentira! Nos últimos 20 anos assistiu-se à falência de inúmeras companhias aéreas. 11 de Setembro, SARS, preço do petróleo, crise financeira, guerras e concorrência das companhias de baixo custo, entre tantos outros fatores externos, serviram de pano de fundo para algo que faz parte das vicissitudes de qualquer empresa: má gestão e falta de liquidez para enfrentar a mudança. Concentremo-nos em três casos europeus recentes de companhias ditas “de bandeira” que fecharam as portas e no que, de facto, aconteceu. Poucos meses após a falência da Swissair, em 2001, constatou-se um fenómeno curioso: um número elevado de salões de beleza (manicure, pedicure, cabeleireiros) abriram igualmente falência. A razão é simples, mas só mais tarde seria compreendida: muitos desses salões sustentavam-se das assi...

Os professores

 As últimas semanas têm sido agitadas nas escolas do ensino público, fruto das diversas greves desencadeadas por uma percentagem bastante elevada da classe de docentes. Várias têm sido as causas da contestação, nomeadamente o congelamento do tempo de serviço, o sistema de quotas para progressão na carreira e a baixa remuneração, mas há uma que é particularmente grave e sintomática da descredibilização do ensino pelo qual o Estado é o primeiro responsável, e que tem a ver com a gradual falta de autoridade dos professores. A minha geração cresceu a ter no professor uma referência, respeitando-o e temendo-o, consciente de que os nossos deslizes, tanto ao nível do estudo como do comportamento, teriam consequências bem gravosas na nossa progressão nos anos escolares. Hoje, os alunos, numa maioria demasiado considerável, não evidenciam qualquer tipo de respeito e deferência pelo seu professor e não acatam a sua autoridade, enfrentando-o sem nenhum receio. Esta realidade é uma das princip...