Avançar para o conteúdo principal

Rui Moreira: "O aeroporto Sá Carneiro tem pouca operação da TAP e o ideal era não ter nenhuma "


Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto © Igor Martins / Global Imagens


 O presidente da Câmara do Porto disse ainda, esta terça-feira, que não é necessária qualquer discussão referente à capacidade aeroportuária a norte. "Deixem o Sá Carneiro sossegado, estamos satisfeitos, não vale a pena mexer", apelou. Já Carlos Moedas sublinhou que "o custo de não ter um aeroporto é dramático para Lisboa".


Rute Simão


"O aeroporto Francisco Sá Carneiro tem pouca operação da TAP e o ideal era não ter nenhuma e arranjarmos alternativas", assumiu estar terça-feira, 29, o presidente da Câmara Municipal do Porto. O desabafo de Rui Moreira foi tecido durante a conferência "Novo Aeroporto, Tempo de decidir", organizada pelo Centro Económico e Social (CES) e pelo Público, que decorre na Fundação Oriente, em Lisboa. Durante a sua intervenção o governante elogiou o crescimento da operação aeroportuária a norte do país e sublinhou que não é necessária qualquer discussão referente à capacidade do Porto. "Deixem o Sá Carneiro sossegado, estamos satisfeitos, não vale a pena mexer", apelou, justificando que a infraestrutura "funciona bem, tem uma taxa de aceitação por parte do público convenientes e tem pouca operação da TAP, o ideal era não ter nenhuma para não dizerem que o Sá Carneira está subsidiado por via da TAP" e encontrar "alternativas".


Sobre a discussão da localização de um novo aeroporto a sul, Rui Moreira assumiu a preferência pelo Montijo como aeroporto complementar. "A decisão do governo para salvar a TAP, quer se concorde ou não, foi baseada no hub de Lisboa. O Estado meteu dinheiro na TAP para justificar a existência de um hub em Lisboa. Quando olhamos para as infraestruturas existentes, parece-me óbvio que o Montijo é melhor solução porque já existe uma infraestrutura, está próximo da Portela, aproveita as travessias existentes e há um conjunto de benefícios que não encontro nas [soluções da] margem norte", enumerou, destacando ainda a vertente financeira do projeto. "Não fui grande defensor da privatização [da ANA] mas se temos um concessionário que diz que se construir no Montijo o Estado não gasta dinheiro, não é um fator que possamos ignorar", alertou.


Já numa análise à mais recente opção de localização a chegar à mesa do governo, de construir um novo aeroporto na região de Santarém, Rui Moreira diz que esta não é "razoável". "A ideia de construir um grande aeroporto seja Santarém ou Alcochete não faz sentido. Teremos de pensar num aeroporto para 70 milhões de passageiros e não me parece que haja procura que justifique esse investimento", referiu, sublinhando: "Essa solução não é razoável. Se quiserem fazer um aeroporto em Santarém façam não contem é com a malta do Norte", garantiu.


Também o antigo ministro do Planeamento, João Cravinho, apontou o dedo ao projeto. "Tem alguma bizarria fazer o aeroporto a 80 quilómetros de Lisboa porque o Estado vendeu soberania aeroportuária e tornou-se dependente dos interesses financeiros da Vinci e da ANA. Esta venda de soberania é um dos episódios mais desastrosos do percurso político",


"O custo de não ter um aeroporto é dramático para Lisboa"

Carlos Moedas, que integrou também o mesmo painel sob o mote "A Norte ou a Sul do Tejo?", reiterou a urgência na tomada de decisão sobre uma localização para o novo aeroporto da capital. "Estamos desesperados por uma solução e por ter um novo aeroporto e tudo o que atrasar esta decisão é mau para Lisboa. Não ter um aeroporto é dramático para Lisboa", assegurou. O presidente da Câmara de Lisboa garantiu que a longa espera por um consenso está a ter impactos na capital. "Seja na poluição sonora ou nos custos económicos. 20% da economia de Lisboa é turismo e estamos a prejudicar o turismo ao não tomar esta decisão", acusou.


O autarca recusou-se a defender uma preferência pelas cinco soluções que estão em cima da mesa mas garantiu que "para Lisboa é importante a rapidez e a proximidade" e assumiu que manter a Portela é fundamental, embora num modelo de infraestrutura secundária com menor tráfego aéreo. "Ter um aeroporto em Lisboa é um ativo e tenho de defender os meus ativos. Este aeroporto tem de continuar a existir, mas não a poluir como agora", adiantou.


Rui Moreira: ″O aeroporto Sá Carneiro tem pouca operação da TAP e o ideal era não ter nenhuma ″ (dinheirovivo.pt)


Comentário do Wilson:

Estou de acordo quer com o Rui Moreira quer com o Carlos Moedas embora o meu desejo como lisboeta era que o aeroporto da portela desaparecesse, reconheço que ele é importante para a economia de Lisboa.

Assim parece-me que a melhor solução seria escolher uma localização que tivesse espaço para crescer onde o novo aeroporto, que numa primeira fase poderia ser secundário (Portela+1), numa segunda fase passasse a ser o aeroporto nacional principal e o da Portela ficasse a ser apenas o aeroporto de Lisboa.

Mas se querem que o novo aeroporto esteja o mais próximo possível de Lisboa (e talvez substituir o da Portela) a solução parece-me obvia: Alverca.

Alverca tem espaço para crescer, fica em Lisboa ao mesmo tempo que aumenta a segurança por estar rodeado de água e não de prédios, e ainda por cima, dizem os entendidos que os corredores aéreos não passariam pelas casas diminuindo o barulho e aumentando a segurança.

Não sei se Alverca será uma das 5 opções que irão ser estudadas, mas felicito o António Costa e o PSD por terem decidido uma metodologia técnica estratégica para a escolha do local em vez de ser uma decisão política.

Apenas receio que essa decisão técnico-estratégica esteja enviesada pelo facto da Vinci ter o monopólio dos aeroportos e se um monopólio estatal é mau, um monopólio privado é mil vezes pior.

.


Comentários

Notícias mais vistas:

Avião onde viajava Von der Leyen afetado por interferência de GPS da Rússia

 O GPS do avião onde viajava a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, foi afetado por uma interferência que as autoridades suspeitam ser de origem russa, no domingo, forçando uma aterragem com mapas analógicos. Não é claro se o avião seria o alvo deliberado. A aeronave aterrou em segurança no Aeroporto Internacional de Plovdiv, no sul da Bulgária, sem ter de alterar a rota. "Podemos de facto confirmar que houve bloqueio do GPS", disse a porta-voz da Comissão Europeia, Arianna Podesta, numa conferência de imprensa em Bruxelas. "Recebemos informações das autoridades búlgaras de que suspeitam que se deveu a uma interferência flagrante da Rússia". A região tem sofrido muitas destas atividades, afirmou o executivo comunitário, acrescentando que sancionou várias empresas que se acredita estarem envolvidas. O governo búlgaro confirmou o incidente. "Durante o voo que transportava a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para Plovdiv, o s...

O maior aliado da Rússia a defender a Ucrânia: eis a proposta de Trump

 Proposta de Trump foi apresentada aos aliados e à Ucrânia na reunião na Casa Branca. A ideia não caiu nada bem, até porque já tinha sido sugerida anteriormente por Putin. Tropas norte-americanas nunca farão parte das garantias de segurança a dar à Ucrânia e isso já se sabia, mas a proposta do presidente dos Estados Unidos é, no mínimo, inquietante para Kiev, já que passa por colocar soldados amigos da Rússia a mediar o conflito. De acordo com o Financial Times, que cita quatro fontes familiarizadas com as negociações, o presidente dos Estados Unidos sugeriu que sejam destacadas tropas chinesas como forças da paz num cenário pós-guerra. Uma proposta que, segundo as mesmas fontes, vai ao encontro do que Vladimir Putin sugeriu, até porque a China é um dos mais fortes aliados da Rússia, mesmo que tenha mantido sempre uma postura ambígua em relação ao que se passa na Ucrânia. A proposta de Trump passa por convidar a China a enviar pacificadores que monitorizem a situação a partir de um...

Maduro diz que 4.200 soldados americanos estão prontos para invadir a Venezuela

O presidente venezuelano garante ter declarado a "preparação máxima" do exército venezuelano face a uma hipotética ameaça da marinha americana, tendo mesmo apontado para a presença de armas nucleares do lado de Washington. Nicolás Maduro afirma que estão a manter "todos os canais diplomáticos abertos" perante a escalada diplomática e bélica que a Venezuela e os Estados Unidos vivem há semanas. O líder bolivariano diz que os canais estão "quebrados" perante o reagrupamento de forças norte-americanas que está a ocorrer em torno da costa venezuelana, como confirmam vários meios de comunicação norte-americanos. "Oito navios militares com 1.200 mísseis e um submarino nuclear têm a Venezuela como alvo", garantiu Maduro. "Eles quiseram avançar para o que chamam de pressão militar máxima (...) e nós declarámos a máxima preparação para a defesa da Venezuela". Maduro descreveu os acontecimentos como a maior ameaça militar que o país caribenho enf...