Avançar para o conteúdo principal

Imobiliárias de compra instantânea reforçam carteira de investimentos para responder à procura


As ibuyers compram casas em menos de dez dias, num processo quase totalmente digital. Fazem obras de renovação e põem-nas à venda. © Gerardo Santos/Global Imagens


 Modelo de negócio importado dos Estados Unidos está a registar boa recetividade no mercado português. Empresas têm alargado a sua ação às principais cidades do país e admitem continuar a expandir-se.


As ibuyers compram casas em menos de dez dias, num processo quase totalmente digital. Fazem obras de


Sónia Santos Pereira


Vender uma casa num abrir e fechar de olhos está a atrair cada vez mais portugueses. E as ibuyers (instant buyers, em português compradoras instantâneas), que chegaram recentemente ao mercado, estão já a reforçar a carteira de investimentos para dar resposta à procura. Em simultâneo, estas imobiliárias digitais, que garantem a aquisição de um imóvel em pouco mais de uma semana, estão a alargar a sua esfera de ação no território.


A Tiko entrou em Portugal em setembro do ano passado com a previsão de aplicar numa fase inicial 30 milhões de euros. "Os resultados foram tão positivos que decidimos elevar esse valor para os 50 milhões", revela Manuel Holstein, responsável da tecnológica em Portugal. Em janeiro, foi a vez da Casavo se estrear no país e trouxe logo um capital de 100 milhões para adquirir e renovar habitações. Segundo Duarte Ferreira dos Santos, o rosto português da Casavo, "nesta fase de lançamento, já realizámos mais de 40 transações de compra e venda de casa" e "estamos a comercializar um primeiro conjunto de apartamentos renovados".


A Sell&Go, primeiro player nesta área a atuar em Portugal (iniciou atividade em setembro de 2020), já analisou mais de 2400 propostas de aquisição com um valor médio por imóvel de 190 mil euros, avança Francisco Belard, diretor da empresa. Inserida num grupo empresarial com mais de 17 anos de experiência na gestão de créditos e de imóveis, o FS Capital Partners, a Sell&Go não revela o montante que dispõe atualmente para investir, mas assegura ter "capacidade financeira para atuar de forma ativa no mercado e aproveitar todas as oportunidades".


Apesar de ser um modelo de negócio recente no país - nos EUA já conta mais de uma década -, a sua aceitação no país parece comprovada. O contexto atual da economia pode até alavancar ainda mais este negócio. As famílias enfrentam a escalada das taxas de juro e do custo de vida, numa asfixia que as pode empurrar para a necessidade de trocar rapidamente de casa. Segundo Francisco Belard, a Sell&Go, que atua só em Portugal, avalia todos os meses cerca de 100 imóveis. E a Tiko, que opera também nas principais cidades de Espanha, respira otimismo: "O primeiro ano de operação é deveras positivo. Recebemos mais de 4000 contactos de proprietários interessados em vender as suas casas", conta Manuel Holstein. E frisa: "O volume de procura é equivalente a 30% das transações que se realizam nas cidades onde a Tiko está presente".


Sólido e atrativo


O interesse dos portugueses por estas imobiliárias online chegou de diversas partes do território, impulsionando uma rápida expansão às principais cidades do país. A Tiko apostou inicialmente em Lisboa e, no espaço de um ano, alargou a sua ação a Setúbal e Porto. E não quer parar por aqui. Como diz Manuel Holstein, "no nosso horizonte temporal está, sem dúvida, a expansão para outras cidades, só assim poderemos responder às solicitações dos proprietários que diariamente chegam de vários pontos do país". A Sell&Go lançou o negócio em Lisboa e Porto, mas agora também está ativa na aquisição de casas em Setúbal. Já a Casavo, que iniciou a sua operação em Itália e depois entrou em Espanha, começou por se concentrar nas áreas mais centrais e de alta densidade de Lisboa e, entretanto, alargou a esfera a zonas periféricas da capital. Em breve, pretende crescer para outras cidades portuguesas.


Para estas ibuyers, o negócio de compra e venda de casas em Portugal continua muito atrativo. Para Duarte Ferreira dos Santos, a elevada procura irá manter-se, embora seja expectável um abrandamento na trajetória de crescimento de preços, fruto não só do aumento do custo de vida das famílias associado ao contexto geopolítico atual, mas também da subida das taxas Euribor e das novas regras que o Banco de Portugal aplicou aos créditos à habitação. Mas nada que retire solidez ao mercado, acredita. O responsável da Tiko também é da opinião que não haverá inversões significativas no negócio. Como afirma, era necessário um aumento muito significativo na oferta para haver uma correção nos preços.


"Estamos atentos à situação atual e o nosso algoritmo também nos ajuda a monitorizar diferenças na oferta e procura, de forma a adequar a nossa exposição ao risco", adianta Manuel Holstein. A Sell&Go admite que a atual realidade possa obrigar muitas famílias a adotar medidas como "ir viver para o interior, onde o custo da habitação é mais barato ou, inclusive, trocar a casa por uma mais pequena" e, nesta situação, "a rapidez com que se vende a casa é fundamental". Mas não são de esperar "grandes alterações ao nível da descida dos preços" em Lisboa e Porto, onde a procura continua superior à oferta, diz Francisco Belard.


Força do algoritmo


Estes novos modelos de negócio estão assentes na tecnologia. A rapidez entre a submissão de uma proposta de venda na página da internet destas empresas e a apresentação do valor porque estão dispostas a comprar, que varia entre 24 a 48 horas, deve-se à digitalização de todo o processo e à sofisticação das avaliações, baseadas em algoritmos, que têm em conta os dados das transações já realizadas.


O vendedor deve contar com um desconto face ao valor de mercado, embora as ibuyers prefiram lembrar que não cobram comissões, reduzem o tempo médio de venda de seis meses para uma semana a dez dias, e todo o processo é cómodo e sem stress. Comprados os imóveis, estas tecnológicas investem em obras de renovação e colocam-nas à venda no seu site. Só a Sell&Go utiliza uma marca do grupo, a Nolon, para assegurar a venda das casas adquiridas.


Imobiliárias de compra instantânea reforçam carteira de investimentos para responder à procura (dinheirovivo.pt)

Comentários

Notícias mais vistas:

Diarreia legislativa

© DR  As mais de 150 alterações ao Código do Trabalho, no âmbito da Agenda para o Trabalho Digno, foram aprovadas esta sexta-feira pelo Parlamento, em votação final. O texto global apenas contou com os votos favoráveis da maioria absoluta socialista. PCP, BE e IL votaram contra, PSD, Chega, Livre e PAN abstiveram-se. Esta diarréia legislativa não só "passaram ao lado da concertação Social", como também "terão um profundo impacto negativo na competitividade das empresas nacionais, caso venham a ser implementadas Patrões vão falar com Marcelo para travar Agenda para o Trabalho Digno (dinheirovivo.pt)

As obras "faraónicas" e os contratos públicos

  Apesar da instabilidade dos mercados financeiros internacionais, e das dúvidas sobre a sustentabilidade da economia portuguesa em cenário de quase estagnação na Europa, o Governo mantém na agenda um mega pacote de obras faraónicas.  A obra que vai ficar mais cara ao país é, precisamente, a da construção de uma nova rede de alta velocidade ferroviária cujos contornos não se entendem, a não ser que seja para encher os bolsos a alguns à custa do contribuinte e da competitividade. Veja o vídeo e saiba tudo em: As obras "faraónicas" e os contratos públicos - SIC Notícias

Franceses prometem investir "dezenas de milhões" na indústria naval nacional se a marinha portuguesa comprar fragatas

  Se Portugal optar pelas fragatas francesas de nova geração, a construtora compromete-se a investir dezenas de milhões de euros na modernização do Arsenal do Alfeite e a canalizar uma fatia relevante do contrato diretamente para a economia e indústria nacional, exatamente uma das prioridades já assumidas pelo ministro da Defesa, Nuno Melo Intensifica-se a "luta" entre empresas de defesa para fornecer a próxima geração de fragatas da marinha portuguesa. A empresa francesa Naval Group anunciou esta terça-feira um plano que promete transformar a indústria naval nacional com o investimento de "dezenas de milhões de euros" para criar um  hub  industrial no Alfeite, caso o governo português opter por comprar as fragatas de nova geração do fabricante francês. "O Naval Group apresentou às autoridades portuguesas uma proposta para investir os montantes necessários, estimados em dezenas de milhões de euros, para modernizar o Arsenal do Alfeite e criar um polo industrial...