Intercetores com painéis solares recolhem lixo que está a boiar em águas de Baltimore
Quem passeia à beira dos cursos de água e do porto na cidade de Baltimore, nos Estados Unidos, vai deparar-se com algo pouco normal. Isto porque, sobre as águas, estão uns monstros gigante mecânicos que estão a apanhar o lixo que está a boiar. São os Trash Wheels, criados pela empresa local Clearwater Mills.
A história destes intercetores que, graças aos olhos e à abertura gigante que parece uma boca, parecem verdadeiros monstros amigáveis começou enquanto John Kellet passeava por Baltimore. Depois de uma tempestade, o riacho Jones Falls ficava cheio de lixo e até os turistas comentavam a sujidade.
John Kellet começou então a tentar encontrar uma solução para limpar as águas da sua cidade e de uns simples rabiscos num guardanapo, nasceu a solução que é agora usada em quatro pontos distintos da cidade.
Na teoria, estes intercetores de lixo são bastante simples. Os Trash Wheels ficam parados e umas filas de boias direcionam o lixo para eles. Os resíduos chegam depois empurrados pelas correntes que são normalmente mais fortes depois de tempestades.
Um moinho de água gigante fica na lateral e vai girando com a força da corrente, dando energia para que uma espécie de passadeira puxe o lixo, conduzindo-o para dois caixotes do lixo apoiados em boias, que, sempre que estão cheios, são trocados.
Em dias em que a corrente não é forte o suficiente para fazer o moinho rodar, o sol dá uma ajuda. Graças aos painéis fotovoltaicos instalados no topo dos Trash Wheels, uma bomba puxa água dos cursos para fazer a roda girar. Este sistema solar pode ser ativado à distância, através do telefone.
Uma webcam instalada nos intercetores permite que se veja à distância e em tempo real tudo o que se está a passar na captura de resíduos das águas.
Desde que o primeiro monstro que come lixo chegou às águas de Baltimore, já foram recolhidas mais de 12,6 milhões de beatas de cigarros, 832 mil sacos de plástico, 1,5 milhões de garrafas de plástico, uma guitarra, entre tantos outros detritos.
Infelizmente e porque não há um método rápido de se conseguir separar o lixo para reciclagem, o que é recolhido é incinerado para gerar eletricidade.
De uma ideia para as águas de Baltimore e para o Panamá
Quando foi para a água pela primeira vez, em 2014, o Mr. Trash Wheels começou logo a mostrar como era capaz de fazer um bom trabalho. O facto de o lixo na água diminuir consideravelmente chamou a atenção da organização sem fins lucrativos The Waterfront Partnership of Baltimore que começou uma campanha para que mais monstros com uma dieta à base de lixo fossem para a água.
Assim surgiram mais três Trash Wheels em Baltimore. A Professor Trash Wheel foi instalada em 2016, em Harris Creek, o Captain Trash Wheel chegou a Masonville Cove em 2018, e a Gwynnda The Good Wheel of the West está em Gwynns Falls desde 2021.
Agora, a Cleanwater Mills e os Trash Wheels estão prestes a viajar além-fronteiras e, muito em breve, a Doña Rueda chegará às águas do Panamá para ajudar a limpá-las.
Monstros gigantes a energia solar estão a comer plástico dos rios - AWAY magazine (iol.pt)
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