Avançar para o conteúdo principal

Saiba porque o núcleo da Terra tem abrandado


nucleo fbd9f81c - SHUITTERSTOCK

O núcleo interno, uma esfera sólida de ferro e níquel com o tamanho aproximado da Lua, encontra-se a mais de 4.800 quilómetros abaixo dos nossos pés.


 Um novo estudo publicado na revista Nature por cientistas da Universidade do Sul da Califórnia (USC) confirmou que o núcleo interno da Terra está a abrandar e a recuar em relação à superfície do planeta.


Esta investigação fornece provas inequívocas de que o núcleo interno começou a abrandar por volta de 2010, movendo-se mais lentamente do que a superfície da Terra pela primeira vez em cerca de 40 anos.


O núcleo interno, uma esfera sólida de ferro e níquel com o tamanho aproximado da Lua, encontra-se a mais de 4.800 quilómetros abaixo dos nossos pés. Devido à sua inacessibilidade, os cientistas têm de utilizar as ondas sísmicas dos terramotos para estudar o seu movimento.


A equipa de investigação, liderada por John Vidale, analisou dados sísmicos de 121 sismos repetitivos que ocorreram entre 1991 e 2023 perto das Ilhas Sandwich do Sul. Utilizaram também dados de ensaios nucleares soviéticos / russos, franceses e americanos. Esta abordagem inovadora permitiu-lhes seguir com precisão os movimentos do núcleo interno.


COMO É QUE ESTE FENÓMENO AFECTA A TERRA?

Os resultados mostram que o núcleo interno registou uma super-rotação gradual de 2003 a 2008, seguida de uma sub-rotação mais lenta de 2008 a 2023. Este padrão de avanço e recuo sugere uma dinâmica complexa entre o núcleo interno, o núcleo externo líquido e o manto.


O abrandamento do núcleo interno é atribuído à agitação do núcleo externo líquido circundante, que gera o campo magnético da Terra, bem como às forças gravitacionais das regiões densas do manto rochoso sobrejacente.


GRÁFICO DA USC / EDWARD SOTELO

Neste gráfico da USC, vemos uma representação do abrandamento do núcleo da Terra. Mantle (manto); Inner core (núcleo interno, a abrandar em relação ao manto); Liquid outer core (núcleo externo líquido). 


Embora os efeitos na superfície da Terra sejam mínimos, Vidale sugere que esta mudança poderia alterar a duração do dia em fracções de segundo, um efeito quase impercetível devido à influência dos oceanos e da atmosfera.


REFUTAÇÃO DE 20 ANOS DE DEBATE

Este estudo resolve um debate de duas décadas sobre o movimento do núcleo interno e fornece as provas mais convincentes até à data sobre o seu comportamento.


Os investigadores tencionam continuar a estudar a trajectória do núcleo interno para compreender melhor por que razão está a mudar e como essas mudanças podem afectar o nosso planeta a longo prazo.


A investigação realça a natureza dinâmica e complexa do interior da Terra, recordando-nos que mesmo as partes mais profundas do nosso planeta estão em constante movimento e evolução.


Embora os efeitos imediatos à superfície possam ser imperceptíveis, a compreensão destes processos internos é crucial para o nosso conhecimento global da Terra e do seu funcionamento.


Saiba porque o núcleo da Terra tem abrandado (nationalgeographic.pt)


Comentários

Notícias mais vistas:

Motores a gasolina da BMW vão ter um pouco de motores Diesel

Os próximos motores a gasolina da BMW prometem menos consumos e emissões, mas mais potência, graças a uma tecnologia usada em motores Diesel. © BMW O fim anunciado dos motores a combustão parece ter sido grandemente exagerado — as novidades têm sido mais que muitas. É certo que a maioria delas são estratosféricas:  V12 ,  V16  e um  V8 biturbo capaz de fazer 10 000 rpm … As novidades não vão ficar por aí. Recentemente, demos a conhecer  uma nova geração de motores de quatro cilindros da Toyota,  com 1,5 l e 2,0 l de capacidade, que vão equipar inúmeros modelos do grupo dentro de poucos anos. Hoje damos a conhecer os planos da Fábrica de Motores da Baviera — a BMW. Recordamos que o construtor foi dos poucos que não marcou no calendário um «dia» para acabar com os motores de combustão interna. Pelo contrário, comprometeu-se a continuar a investir no seu desenvolvimento. O que está a BMW a desenvolver? Agora, graças ao registo de patentes (reveladas pela  Auto Motor und Sport ), sabemos o

Saiba como uma pasta de dentes pode evitar a reprovação na inspeção automóvel

 Uma pasta de dentes pode evitar a reprovação do seu veículo na inspeção automóvel e pode ajudá-lo a poupar centenas de euros O dia da inspeção automóvel é um dos momentos mais temidos pelos condutores e há quem vá juntando algumas poupanças ao longo do ano para prevenir qualquer eventualidade. Os proprietários dos veículos que registam anomalias graves na inspeção já sabem que terão de pagar um valor avultado, mas há carros que reprovam na inspeção por força de pequenos problemas que podem ser resolvidos através de receitas caseiras, ajudando-o a poupar centenas de euros. São vários os carros que circulam na estrada com os faróis baços. A elevada exposição ao sol, as chuvas, as poeiras e a poluição são os principais fatores que contribuem para que os faróis dos automóveis fiquem amarelados. Para além de conferirem ao veículo um aspeto descuidado e envelhecido, podem pôr em causa a visibilidade durante a noite e comprometer a sua segurança. É devido a este último fator que os faróis ba

A falsa promessa dos híbridos plug-in

  Os veículos híbridos plug-in (PHEV) consomem mais combustível e emitem mais dióxido de carbono do que inicialmente previsto. Dados recolhidos por mais de 600 mil dispositivos em carros e carrinhas novos revelam um cenário real desfasado dos resultados padronizados obtidos em laboratório. À medida que as políticas da União Europeia se viram para alternativas de mobilidade suave e mais verde, impõe-se a questão: os veículos híbridos são, realmente, melhores para o ambiente? Por  Inês Moura Pinto No caminho para a neutralidade climática na União Europeia (UE) - apontada para 2050 - o Pacto Ecológico Europeu exige uma redução em 90% da emissão de Gases com Efeito de Estufa (GEE) dos transportes, em comparação com os valores de 1990. Neste momento, os transportes são responsáveis por cerca de um quinto destas emissões na UE. E dentro desta fração, cerca de 70% devem-se a veículos leves (de passageiros e comerciais). Uma das ferramentas para atingir esta meta é a regulação da emissão de di