Avançar para o conteúdo principal

Fusão nuclear: Dois dos maiores obstáculos operacionais acabam de ser ultrapassados



 Duas das maiores barreiras operacionais para que uma reação de fusão nuclear ocorra no “ponto ideal” acabaram de ser ultrapassados.


Bastaram apenas 2,2 segundos para, no interior do reator de fusão Tokamak DIII-D, se ter dado mais um grande passo na produção de energia de fusão.


Até agora pensava-se que havia um ponto – conhecido como o limite de Greenwald – acima do qual não se podia aumentar a densidade do plasma sem que este escapasse às garras dos ímanes, danificando potencialmente o reator. No entanto, sabia-se também aumentar a densidade seria crucial para aumentar a produção.


Num estudo publicado esta quarta-feira na Nature, investigadores da General Atomics em San Diego, EUA, revelaram uma forma de aumentar a densidade do plasma, provando que esta pode ser estável.


Os físicos fizeram funcionar o tokamak DIII-D da National Fusion Facility com uma densidade média 20% acima do limite de Greenwald.


Como explica a New Scientist, a equipa utilizou uma densidade mais elevada no núcleo do plasma “em forma de donut”, para aumentar a produção, permitindo que este mergulhasse nas extremidades mais próximas do recipiente de contenção para descer abaixo do limite de Greenwald, evitando, assim, qualquer fuga de plasma.


“Estes plasmas são muito complicados. Uma pequena mudança nas condições leva a uma grande mudança no comportamento. E, experimentalmente, tem sido mais uma abordagem do tipo tentativa e erro, em que se experimentam muitas configurações diferentes e, basicamente, se vê qual é a melhor”, explicou Gianluca Sarri, investigador da Queen’s University Belfast, no Reino Unido.


“Trata-se de forçar o plasma a fazer algo que é completamente contra a sua natureza, que ele não quer fazer”, acrescentou.


A câmara de plasma do DIII-D tem um raio exterior de apenas 1,6 metros e ainda não se sabe se o mesmo método funcionaria no tokamak de nova geração, que terá um raio de 6,2 metros e deverá criar plasma já em 2025.


“Isto foi feito numa máquina pequena. Se pegarmos nestes resultados e os extrapolarmos para uma máquina de maiores dimensões é de esperar que nos coloquemos numa situação em que seja possível obter ganhos e uma produção de energia significativa durante um período de tempo significativo“, comentou Sarri.


Segundo o investigador, a experiência no DIII-D baseou-se numa mistura de abordagens que não são propriamente novas, mas que, em conjunto, parecem ter criado uma abordagem promissora.


O primeiro autor do estudo, Siye Ding, admitiu que – embora dispendioso – é preciso dar o próximo passo: “Atualmente, a investigação segue em muitas direções diferentes. A minha esperança é que este artigo ajude a concentrar os esforços a nível mundial”.


Fusão nuclear: Dois dos maiores obstáculos operacionais acabam de ser ultrapassados - ZAP Notícias (aeiou.pt)


Comentários

Notícias mais vistas:

Aníbal Cavaco Silva

Diogo agostinho  Num país que está sem rumo, sem visão e sem estratégia, é bom recordar quem já teve essa capacidade aliada a outra, que não se consegue adquirir, a liderança. Com uma pandemia às costas, e um país político-mediático entretido a debater linhas vermelhas, o que vemos são medidas sem grande coerência e um rumo nada perceptível. No meio do caos, importa relembrar Aníbal Cavaco Silva. O político mais bem-sucedido eleitoralmente no Portugal democrático. Quatro vezes com mais de 50% dos votos, em tempos de poucas preocupações com a abstenção, deve querer dizer algo, apesar de hoje não ser muito popular elogiar Cavaco Silva. Penso que é, sem dúvida, um dos grandes nomes da nossa Democracia. Nem sempre concordei com tudo. É assim a vida, é quase impossível fazer tudo bem. Penso que tem responsabilidade na ascensão de António Guterres e José Sócrates ao cargo de Primeiro-Ministro, com enormes prejuízos económicos, financeiros e políticos para o país. Mas isso são outras questões

Supercarregadores portugueses surpreendem mercado com 600 kW e mais tecnologia

 Uma jovem empresa portuguesa surpreendeu o mercado mundial de carregadores rápidos para veículos eléctricos. De uma assentada, oferece potência nunca vista, até 600 kW, e tecnologias inovadoras. O nome i-charging pode não dizer nada a muita gente, mas no mundo dos carregadores rápidos para veículos eléctricos, esta jovem empresa portuguesa é a nova referência do sector. Nasceu somente em 2019, mas isso não a impede de já ter lançado no mercado em Março uma gama completa de sistemas de recarga para veículos eléctricos em corrente alterna (AC), de baixa potência, e de ter apresentado agora uma família de carregadores em corrente contínua (DC) para carga rápida com as potências mais elevadas do mercado. Há cerca de 20 fabricantes na Europa de carregadores rápidos, pelo que a estratégia para nos impormos passou por oferecermos um produto disruptivo e que se diferenciasse dos restantes, não pelo preço, mas pelo conteúdo”, explicou ao Observador Pedro Moreira da Silva, CEO da i-charging. A

Rendas antigas: Governo vai atribuir compensação a senhorios

 As associações que representam os senhorios mostraram-se surpreendidas com o "volte-face" do Governo. A Associação Lisbonense de Proprietários vai entregar uma petição no Parlamento, que já conta com quase 5.000 assinaturas, para acabar com o congelamento das rendas antigas. O Governo não vai, afinal, descongelar as rendas dos contratos de arrendamento anteriores a 1990, ao contrário do que está escrito na proposta do Orçamento do Estado. Após a polémica, o Ministério das Infraestruturas e da Habitação garantiu a criação de um mecanismo de compensação para os senhorios, mas não explicou como irá funcionar. Desde 2012 que está em vigor o novo regime de arrendamento urbano, que regula o mercado habitacional. Há mais de uma década que está suspensa a transição dos contratos anteriores a 1990 para o novo regime desde que os inquilinos cumpram um dos três critérios: terem 65 ou mais anos; incapacidade igual ou superior a 60%; ou um rendimento anual bruto corrigido inferior a cinc