Avançar para o conteúdo principal

Investimento de 100 milhões leva hidrogénio verde à Marinha Grande e Leiria


O eletrolisador do Nazaré Green Hydrogen Valley vai usar águas residuais e energia de uma central solar. O hidrogénio verde é depois levado em gasodutos até às diferentes fábricas.


 Consórcio junta grandes empresas do cimento e vidro com o objetivo de descarbonizar a indústria nacional. Primeiro eletrolisador servirá a região da Marinha Grande e Leiria. Coimbra virá a seguir.


Acidade que ficou mundialmente conhecida pelas ondas gigantes dá agora o nome a um projeto inovador de descarbonização da indústria portuguesa, que também quer ser uma referência internacional. Chama-se Vale Hidrogénio Verde Nazaré e reúne um consórcio de oito entidades, que representam 10% das emissões de CO2.


A ReGa Energy, uma empresa de biogás e hidrogénio verde fundada por Thomas Carrier, um engenheiro francês que trabalhou mais de uma década na Air Liquide, lidera o consócio onde estão grandes empresas portuguesas do setor do vidro — BA Glass, Crisal e Vidrala – e dos cimentos – Cimpor e Secil. E ainda a Águas do Centro Litoral e a Galp Gás Natural Distribuição.


O investimento inicial previsto supera os 100 milhões de euros e prevê a criação de 140 novos empregos. A construção da infraestrutura, que inclui uma unidade para a produção do hidrogénio verde e uma central solar que lhe fornecerá a energia necessária para a eletrólise, deverá arrancar até 2023, com o início da operação previsto para o final de 2025.


Além de energia limpa, o consócio vai recorrer a práticas da economia circular com o aproveitamento de águas residuais. Numa fase inicial, pretende instalar uma potência de 40MW, com o objetivo de chegar à meta de 600MW.


Para já, o Vale Hidrogénio Verde Nazaré (NGHV, na sigla em inglês) vai levar o gás renovável a grandes consumidores de energia ativas nas zonas da Marinha Grande, Leiria e Coimbra. Mas o objetivo é chegar a outros pontos do país.


“Portugal pode tornar-se uma das potências europeias da indústria de baixo carbono graças aos seus abundantes recursos renováveis, exportando produtos premium e atraindo novas indústrias de baixo carbono”, afirma Thomas Carrier, CEO da ReGa Energy. “Vemos o projeto Nazaré Green Hydrogen Valley como o primeiro passo no caminho de descarbonização para a indústria de Portugal e estamos ansiosos por alargar o modelo a várias regiões industriais do país”, acrescenta.


Na sua visão, a reciclagem, a eficiência energética e a eletrificação “não são suficientes para que algumas indústrias pesadas alcancem a neutralidade de carbono”. Em casos como os do cimento e do vidro, que necessitam de temperaturas muito elevadas no processo de produção, o hidrogénio verde é fundamental.


Otmar Hübscher e Luís Fernandes, CEO da Secil e da Cimpor, respetivamente, salientam a importância do NGHV como fator de competitividade, contribuindo para o cumprimento das metas estabelecidas para o Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 da indústria cimenteira.


“Para acrescentar ainda mais valor à sociedade e contribuir para uma economia mais circular, o vidro deve ser neutro em carbono”, defendem os responsáveis da BA Glass, Vidrala e Crisal. “Como a indústria do vidro não pode, em termos energéticos, eletrificar a totalidade da sua operação, o consórcio NGHV surge como uma solução complementar e atrativa, através do fornecimento de hidrogénio verde”, apontam.


O consórcio representa mais de um milhão de toneladas de emissões de CO2 por ano, cerca de 10% do total de emissões de CO2 do setor da indústria e 2,5% do total das emissões de CO2 de Portugal.


Além das entidades já referidas, o consórcio inclui ainda centros tecnológicos de investigação e desenvolvimento: C5Lab (Sustainable Construction Materials Association), CTCV (Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro) e a Associação Portuguesa do Hidrogénio (AP2H2). São também parceiras a Fusion Fuel, uma empresa portuguesa que desenvolve tecnologia para a produção de hidrogénio verde, e a Madoqua Ventures, uma empresa luso-holandesa que desenvolve projetos transição energética.


O plano de negócio assenta na descarbonização, mas também na estabilidade do preço da energia através de contratos de aquisição a longo prazo. “A previsibilidade da estrutura de custos com energia nas grandes empresas permitirá ainda dotar o próprio país de uma maior resiliência, estabilidade social e perspetiva de emprego a longo prazo”, refere o consórcio.


O gás renovável que não for consumido pelos clientes do consórcio será injetado na rede de gás natural nacional e, através de acordos de compra indireta, permitirá a outras empresas industriais compensar as suas emissões resultantes do consumo de energia de fonte fóssil


https://eco.sapo.pt/2022/02/22/investimento-de-100-milhoes-leva-hidrogenio-verde-a-marinha-grande-e-leiria/

Comentários

Notícias mais vistas:

Motores a gasolina da BMW vão ter um pouco de motores Diesel

Os próximos motores a gasolina da BMW prometem menos consumos e emissões, mas mais potência, graças a uma tecnologia usada em motores Diesel. © BMW O fim anunciado dos motores a combustão parece ter sido grandemente exagerado — as novidades têm sido mais que muitas. É certo que a maioria delas são estratosféricas:  V12 ,  V16  e um  V8 biturbo capaz de fazer 10 000 rpm … As novidades não vão ficar por aí. Recentemente, demos a conhecer  uma nova geração de motores de quatro cilindros da Toyota,  com 1,5 l e 2,0 l de capacidade, que vão equipar inúmeros modelos do grupo dentro de poucos anos. Hoje damos a conhecer os planos da Fábrica de Motores da Baviera — a BMW. Recordamos que o construtor foi dos poucos que não marcou no calendário um «dia» para acabar com os motores de combustão interna. Pelo contrário, comprometeu-se a continuar a investir no seu desenvolvimento. O que está a BMW a desenvolver? Agora, graças ao registo de patentes (reveladas pela  Auto Motor und Sport ), sabemos o

Saiba como uma pasta de dentes pode evitar a reprovação na inspeção automóvel

 Uma pasta de dentes pode evitar a reprovação do seu veículo na inspeção automóvel e pode ajudá-lo a poupar centenas de euros O dia da inspeção automóvel é um dos momentos mais temidos pelos condutores e há quem vá juntando algumas poupanças ao longo do ano para prevenir qualquer eventualidade. Os proprietários dos veículos que registam anomalias graves na inspeção já sabem que terão de pagar um valor avultado, mas há carros que reprovam na inspeção por força de pequenos problemas que podem ser resolvidos através de receitas caseiras, ajudando-o a poupar centenas de euros. São vários os carros que circulam na estrada com os faróis baços. A elevada exposição ao sol, as chuvas, as poeiras e a poluição são os principais fatores que contribuem para que os faróis dos automóveis fiquem amarelados. Para além de conferirem ao veículo um aspeto descuidado e envelhecido, podem pôr em causa a visibilidade durante a noite e comprometer a sua segurança. É devido a este último fator que os faróis ba

A falsa promessa dos híbridos plug-in

  Os veículos híbridos plug-in (PHEV) consomem mais combustível e emitem mais dióxido de carbono do que inicialmente previsto. Dados recolhidos por mais de 600 mil dispositivos em carros e carrinhas novos revelam um cenário real desfasado dos resultados padronizados obtidos em laboratório. À medida que as políticas da União Europeia se viram para alternativas de mobilidade suave e mais verde, impõe-se a questão: os veículos híbridos são, realmente, melhores para o ambiente? Por  Inês Moura Pinto No caminho para a neutralidade climática na União Europeia (UE) - apontada para 2050 - o Pacto Ecológico Europeu exige uma redução em 90% da emissão de Gases com Efeito de Estufa (GEE) dos transportes, em comparação com os valores de 1990. Neste momento, os transportes são responsáveis por cerca de um quinto destas emissões na UE. E dentro desta fração, cerca de 70% devem-se a veículos leves (de passageiros e comerciais). Uma das ferramentas para atingir esta meta é a regulação da emissão de di