Avançar para o conteúdo principal

Concorrência alerta para "riscos" de fixação de preços administrativos


© Shutterstock


 A Autoridade da Concorrência (AdC) alertou hoje para os "riscos" da fixação de preços administrativos pelos governos em contexto de aumento de inflação, indicando que podem funcionar como "ponto focal de conluio".


Num relatório hoje publicado, sobre concorrência e poder de compra em tempos de inflação, a AdC indicou que "os governos são mais propensos a implementar controlos administrativos de preços quando a inflação aumenta", mas que "tais medidas podem, no entanto, trazer riscos para a concorrência".


"O limite de preços pode funcionar como um ponto focal de conluio se for fixado demasiado alto em relação aos custos de produção das empresas e ao nível de preços que prevaleceria numa situação de concorrência", avisou a AdC.


Além disso, destacou, "a imposição de um limite a um nível artificialmente baixo, que não permita às empresas recuperarem os seus custos, pode desencadear a saída de empresas, particularmente as de menor dimensão", bem como "enfraquecer os incentivos para a entrada e expansão de concorrentes no mercado".


De acordo com a AdC, "os controlos de preços distorcem os sinais de preços no mercado e podem conduzir involuntariamente à escassez de oferta e a ruturas na cadeia de valor".


"No desenho de medidas destinadas a controlar os níveis de preços, é também fundamental evitar a divulgação pública de informações, tais como, preços de referência ou custos, que possam fomentar as condições de conluio", referiu, destacando que "a divulgação de tais informações não fornece qualquer informação direta aos consumidores que possa baixar os custos de pesquisa, podendo auxiliar as empresas a chegar a um equilíbrio colusivo".


A AdC referiu ainda que "os controlos de preços também têm sido apontados como não tendo um impacto significativo na inflação" e que "os efeitos dos controlos de preços sobre a inflação agregada são temporários, por natureza".


A AdC sublinhou também que "as empresas podem procurar contornar os controlos de preços, introduzindo novas variedades de produtos a preços mais elevados".


Por isso, é "importante avaliar os potenciais riscos da imposição de um preço máximo em termos de impacto na concorrência e avaliar políticas alternativas que possam alcançar o mesmo objetivo".


O Governo tem fixado alguns preços, nomeadamente na área da energia, para tentar controlar os aumentos.


Na sexta-feira, o executivo voltou a fixar preços máximos para o gás engarrafado, tal como já tinha acontecido durante a pandemia de covid-19, determinando que uma garrafa de butano de 13 quilogramas (kg) terá como valor máximo 29,47 euros, enquanto as garrafas de 12,5 kg vão custar até 28,34 euros, segundo os números da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE). Os preços entraram hoje em vigor.


No relatório, a AdC ressalvou que "a política de concorrência não tem como objetivo dar resposta à inflação a curto prazo, nem o poder de mercado é suscetível de ser o principal motor da atual inflação", mas "numa visão de 360 graus, a concorrência pode ter um papel importante na proteção do poder de compra das famílias -- como contribuintes, como consumidores, como trabalhadores -- e das empresas, favorecendo a sua competitividade".


Segundo a AdC, "a concorrência é importante para manter os preços baixos para os consumidores" através "da pressão descendente nas margens de lucro e nos custos". Além disso, evita "operações de concentração que possam prejudicar a concorrência e dissuadir o comportamento das empresas que, de outro modo, poderiam agravar a inflação".


Concorrência alerta para "riscos" de fixação de preços administrativos (noticiasaominuto.com)


Comentários

Notícias mais vistas:

Motores a gasolina da BMW vão ter um pouco de motores Diesel

Os próximos motores a gasolina da BMW prometem menos consumos e emissões, mas mais potência, graças a uma tecnologia usada em motores Diesel. © BMW O fim anunciado dos motores a combustão parece ter sido grandemente exagerado — as novidades têm sido mais que muitas. É certo que a maioria delas são estratosféricas:  V12 ,  V16  e um  V8 biturbo capaz de fazer 10 000 rpm … As novidades não vão ficar por aí. Recentemente, demos a conhecer  uma nova geração de motores de quatro cilindros da Toyota,  com 1,5 l e 2,0 l de capacidade, que vão equipar inúmeros modelos do grupo dentro de poucos anos. Hoje damos a conhecer os planos da Fábrica de Motores da Baviera — a BMW. Recordamos que o construtor foi dos poucos que não marcou no calendário um «dia» para acabar com os motores de combustão interna. Pelo contrário, comprometeu-se a continuar a investir no seu desenvolvimento. O que está a BMW a desenvolver? Agora, graças ao registo de patentes (reveladas pela  Auto Motor und Sport ), sabemos o

Saiba como uma pasta de dentes pode evitar a reprovação na inspeção automóvel

 Uma pasta de dentes pode evitar a reprovação do seu veículo na inspeção automóvel e pode ajudá-lo a poupar centenas de euros O dia da inspeção automóvel é um dos momentos mais temidos pelos condutores e há quem vá juntando algumas poupanças ao longo do ano para prevenir qualquer eventualidade. Os proprietários dos veículos que registam anomalias graves na inspeção já sabem que terão de pagar um valor avultado, mas há carros que reprovam na inspeção por força de pequenos problemas que podem ser resolvidos através de receitas caseiras, ajudando-o a poupar centenas de euros. São vários os carros que circulam na estrada com os faróis baços. A elevada exposição ao sol, as chuvas, as poeiras e a poluição são os principais fatores que contribuem para que os faróis dos automóveis fiquem amarelados. Para além de conferirem ao veículo um aspeto descuidado e envelhecido, podem pôr em causa a visibilidade durante a noite e comprometer a sua segurança. É devido a este último fator que os faróis ba

A falsa promessa dos híbridos plug-in

  Os veículos híbridos plug-in (PHEV) consomem mais combustível e emitem mais dióxido de carbono do que inicialmente previsto. Dados recolhidos por mais de 600 mil dispositivos em carros e carrinhas novos revelam um cenário real desfasado dos resultados padronizados obtidos em laboratório. À medida que as políticas da União Europeia se viram para alternativas de mobilidade suave e mais verde, impõe-se a questão: os veículos híbridos são, realmente, melhores para o ambiente? Por  Inês Moura Pinto No caminho para a neutralidade climática na União Europeia (UE) - apontada para 2050 - o Pacto Ecológico Europeu exige uma redução em 90% da emissão de Gases com Efeito de Estufa (GEE) dos transportes, em comparação com os valores de 1990. Neste momento, os transportes são responsáveis por cerca de um quinto destas emissões na UE. E dentro desta fração, cerca de 70% devem-se a veículos leves (de passageiros e comerciais). Uma das ferramentas para atingir esta meta é a regulação da emissão de di