Avançar para o conteúdo principal

Emigrantes portugueses surpreendidos com dinheiro "perdido" em contas na Suíça



Vários emigrantes portugueses que trabalharam na Suíça desconheciam ter direito a dinheiro que ficou em contas da Segurança Social. Há um total de 5.000 milhões de euros "perdidos".


 Dezenas de emigrantes portugueses que trabalharam na Suíça estão a conseguir aceder a dinheiro que ficou em contas da Segurança Social, ao qual desconheciam ter direito, tal como outros trabalhadores estrangeiros, num total de 5.000 milhões de euros “perdidos”.


A situação, que até há pouco tempo era completamente desconhecida para estes emigrantes, alguns já reformados e até regressados a Portugal, foi revelada pelo Controlo Federal das Finanças da Suíça, que deu conta deste montante “esquecido” em 625 mil caixas de pensões suíças, pertencentes aos estrangeiros de várias nacionalidades que ali trabalharam.


Isto deveu-se a uma alteração na lei suíça que, em 1985, introduziu o segundo pilar da segurança social (Previdência Profissional Obrigatória) que visa dar um complemento à reforma dos trabalhadores. “O propósito é bom, mas a sua execução teve alguns problemas”, disse à agência Lusa o responsável em Portugal da empresa “SPNow” que se dedica a descobrir potenciais montantes de reforma esquecidos e não reclamados na Suíça.


Segundo Miguel Farrancha, sempre que se registavam mudanças no trajeto dos trabalhadores, fosse para uma nova empresa, para o desemprego ou o regresso ao país de origem, era necessária a transferência dos fundos de uma caixa para a outra, o que não aconteceu, permanecendo os montantes em várias caixas, sem que os trabalhadores os reclamassem.


“Estima-se que 30 a 40% desse montante [5.000 milhões de euros] sejam de pessoas que têm estas contas sem terem conhecimento que as têm”, disse.


Tendo em conta o elevado número de portugueses que emigraram para a Suíça e que ali trabalharam desde a introdução da alteração legislativa, o empresário estima que o valor dos portugueses “perdido” seja significativo.


A seguir à França, a Suíça é o segundo país do mundo com mais emigrantes portugueses, 210.731 em 2020, ano em que foi o principal destino da emigração portuguesa, seguido da França e do Reino Unido, além de ser a fonte do maior valor de remessas enviadas para Portugal.


A funcionar há menos de um ano, a “SPNow” — cujos fundadores são descendentes de emigrantes que tinham, sem saber, dinheiro nestas caixas, e que começaram por ajudar outros emigrantes na mesma situação — já desenvolveu “dezenas” de processos de procura e a maioria resultou em montantes a reaver.


“Já encontramos contas com 500 euros, outras com 7.000, mas todas as verbas encontradas foram significativas para o contexto dos seus proprietários e capazes de fazerem a diferença”, disse Miguel Farrancha.


A empresa apenas cobra pelos serviços quando descobre dinheiro a reaver, sem que tenha sequer de conhecer o montante, e até ao momento o sucesso situa-se nos 60%, adiantou o empresário. “Sessenta por cento dos nossos clientes encontrou dinheiro que julgava não existir, pois pensavam que já tinham trazido tudo” para Portugal, adiantou.


Questionado sobre o tipo de emigrantes que aumenta as probabilidades de ter dinheiro “perdido” nas contas suíças, Miguel Farrancha referiu os que tiveram mais do que um empregador nesse país, reformados a viver na Suíça ou já regressados a Portugal e trabalhadores sazonais, que normalmente também têm vários empregadores.


Os herdeiros de emigrantes já falecidos também têm direito a estes valores e podem por isso procurar a existência destas contas. Durante estes 11 meses de existência, a empresa encontrou vários tipos de situações e até vários elementos de famílias que tinham mais do que uma conta a receber.


Sobre as reações dos emigrantes portugueses quando descobrem que têm dinheiro a reaver, “ficam algo incrédulas com o tema, porque é algo que não se espera”.


“São pessoas com vidas também muito duras, em consequência da emigração, que não é fácil para ninguém” e que, também por isso, recebem com “entusiasmo” a possibilidade de receberem este dinheiro, que sempre foi seu por direito. O dinheiro fica nestas contas da Suíça até ser reclamado, quer pelos trabalhadores, quer pelos seus herdeiros


Emigrantes portugueses surpreendidos com dinheiro “perdido” em contas na Suíça – Observador


Comentários

Notícias mais vistas:

Esta cidade tem casas à venda por 12.000 euros, procura empreendedores e dá cheques bebé de 1.000 euros. Melhor, fica a duas horas de Portugal

 Herreruela de Oropesa, uma pequena cidade em Espanha, a apenas duas horas de carro da fronteira com Portugal, está à procura de novos moradores para impulsionar sua economia e mercado de trabalho. Com apenas 317 habitantes, a cidade está inscrita no Projeto Holapueblo, uma iniciativa promovida pela Ikea, Redeia e AlmaNatura, que visa incentivar a chegada de novos residentes por meio do empreendedorismo. Para atrair interessados, a autarquia local oferece benefícios como arrendamento acessível, com valores médios entre 200 e 300 euros por mês. Além disso, a aquisição de imóveis na região varia entre 12.000 e 40.000 euros. Novas famílias podem beneficiar de incentivos financeiros, como um cheque bebé de 1.000 euros para cada novo nascimento e um vale-creche que cobre os custos da educação infantil. Além das vantagens para famílias, Herreruela de Oropesa promove incentivos fiscais para novos moradores, incluindo descontos no Imposto Predial e Territorial Urbano (IBI) e benefícios par...

"A NATO morreu porque não há vínculo transatlântico"

 O general Luís Valença Pinto considera que “neste momento a NATO morreu” uma vez que “não há vínculo transatlântico” entre a atual administração norte-americana de Donald Trump e as nações europeias, que devem fazer “um planeamento de Defesa”. “Na minha opinião, neste momento, a menos que as coisas mudem drasticamente, a NATO morreu, porque não há vínculo transatlântico. Como é que há vínculo transatlântico com uma pessoa que diz as coisas que o senhor Trump diz? Que o senhor Vance veio aqui à Europa dizer? O que o secretário da Defesa veio aqui à Europa dizer? Não há”, defendeu o general Valença Pinto. Em declarações à agência Lusa, o antigo chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, entre 2006 e 2011, considerou que, atualmente, ninguém “pode assumir como tranquilo” que o artigo 5.º do Tratado do Atlântico Norte – que estabelece que um ataque contra um dos países-membros da NATO é um ataque contra todos - “está lá para ser acionado”. Este é um dos dois artigos que o gener...

Armazenamento holográfico

 Esta técnica de armazenamento de alta capacidade pode ser uma das respostas para a crescente produção de dados a nível mundial Quando pensa em hologramas provavelmente associa o conceito a uma forma futurista de comunicação e que irá permitir uma maior proximidade entre pessoas através da internet. Mas o conceito de holograma (que na prática é uma técnica de registo de padrões de interferência de luz) permite que seja explorado noutros segmentos, como o do armazenamento de dados de alta capacidade. A ideia de criar unidades de armazenamento holográficas não é nova – o conceito surgiu na década de 1960 –, mas está a ganhar nova vida graças aos avanços tecnológicos feitos em áreas como os sensores de imagem, lasers e algoritmos de Inteligência Artificial. Como se guardam dados num holograma? Primeiro, a informação que queremos preservar é codificada numa imagem 2D. Depois, é emitido um raio laser que é passado por um divisor, que cria um feixe de referência (no seu estado original) ...