Avançar para o conteúdo principal

Cientistas tropeçam acidentalmente no chamado ‘Santo Graal’ das baterias dos carros elétricos



 Os cientistas ‘tropeçaram’ de uma maneira inesperada numa forma inovadora de tecnologia de baterias, que promete abrir as possibilidades para uma nova geração de veículos elétricos. Engenheiros da Universidade Drexel, em Filadélfia, nos Estados Unidos, encontraram acidentalmente uma técnica enquanto trabalhavam numa solução para melhorar a viabilidade das baterias de lítio-enxofre, que são frequentemente descritas como o ‘Santo Graal’ das baterias devido às substanciais vantagens em comparação com as baterias padrão de lítio.


As baterias de lítio-enxofre têm três vezes a capacidade potencial de carga das baterias de íons de lítio, que estão em todo o lado – desde smartphones até carros elétricos. No entanto, a sua instabilidade inerente tornou-as inadequadas para aplicações comerciais, com as baterias de lítio-enxofre a passar por uma mudança de tamanho de 78% a cada ciclo de carregamento.


A superação desse problema não apenas melhoraria radicalmente o desempenho dos dispositivos alimentados por bateria mas também conseguiria abordar algumas das preocupações ambientais que acompanham as baterias de íons de lítio, como a aquisição e raridade das matérias-primas.


A equipa de pesquisa da Drexel procurava uma solução para redesenhar o cátodo da bateria para evitar as reações prejudiciais que ocorrem durante o processo de carregamento mas acabaram por descobrir uma fase química rara do enxofre que acaba por impedir a reação – ou seja, impede a formação de um composto químico conhecido como polissulfetos e, em vez disso, cristaliza o enxofre em algo chamado enxofre monoclínico de fase gama, que anteriormente só havia sido alcançado em altas temperaturas em laboratório.


“No início era difícil acreditar que era isso que estávamos a detectar porque em todas as pesquisas anteriores o enxofre monoclínico era instável abaixo de 95°C”, disse Rahul Pai, coautor da pesquisa, publicada na revista ‘Nature Communications Chemistry’.


“No século passado, houve apenas algumas experiências que produziram enxofre gama monoclínico e só se manteve estável entre 20 e 30 minutos, no máximo. Mas nós criámos num cátodo que estava a passar por milhares de ciclos de carga e descarga sem diminuir o desempenho – e, um ano depois, o nosso exame mostrou que a fase química permaneceu na mesma.”


Após 4 mil ciclos de carga e descarga ao longo de um ano, o que equivale a 10 anos de uso regular, o cátodo de enxofre permaneceu estável e não se degradou. Como previsto, a capacidade da bateria era três vezes maior do que a de uma bateria de íon-lítio. Os cientistas procuram agora entender completamente o mecanismo exato por trás do processo inovador, com a esperança de eventualmente comercializar a tecnologia.


“Esta continua a ser uma descoberta emocionante e que pode abrir várias portas para o desenvolvimento de tecnologia de bateria mais sustentável e acessível”, apontou Vibha Kalra, do Departamento de Engenharia Química e Biológica da Universidade de Drexel. “Afastarmo-nos da dependência do lítio e de outros materiais caros e difíceis de extrair da terra é um passo vital para o desenvolvimento de baterias e para expandir a nossa capacidade de usar fontes de energia renováveis”, finalizou.


Por Francisco Laranjeira

https://multinews.sapo.pt/noticias/cientistas-tropecam-acidentalmente-no-chamado-santo-graal-das-baterias-dos-carros-eletricos/

Comentários

Notícias mais vistas:

Esta cidade tem casas à venda por 12.000 euros, procura empreendedores e dá cheques bebé de 1.000 euros. Melhor, fica a duas horas de Portugal

 Herreruela de Oropesa, uma pequena cidade em Espanha, a apenas duas horas de carro da fronteira com Portugal, está à procura de novos moradores para impulsionar sua economia e mercado de trabalho. Com apenas 317 habitantes, a cidade está inscrita no Projeto Holapueblo, uma iniciativa promovida pela Ikea, Redeia e AlmaNatura, que visa incentivar a chegada de novos residentes por meio do empreendedorismo. Para atrair interessados, a autarquia local oferece benefícios como arrendamento acessível, com valores médios entre 200 e 300 euros por mês. Além disso, a aquisição de imóveis na região varia entre 12.000 e 40.000 euros. Novas famílias podem beneficiar de incentivos financeiros, como um cheque bebé de 1.000 euros para cada novo nascimento e um vale-creche que cobre os custos da educação infantil. Além das vantagens para famílias, Herreruela de Oropesa promove incentivos fiscais para novos moradores, incluindo descontos no Imposto Predial e Territorial Urbano (IBI) e benefícios par...

"A NATO morreu porque não há vínculo transatlântico"

 O general Luís Valença Pinto considera que “neste momento a NATO morreu” uma vez que “não há vínculo transatlântico” entre a atual administração norte-americana de Donald Trump e as nações europeias, que devem fazer “um planeamento de Defesa”. “Na minha opinião, neste momento, a menos que as coisas mudem drasticamente, a NATO morreu, porque não há vínculo transatlântico. Como é que há vínculo transatlântico com uma pessoa que diz as coisas que o senhor Trump diz? Que o senhor Vance veio aqui à Europa dizer? O que o secretário da Defesa veio aqui à Europa dizer? Não há”, defendeu o general Valença Pinto. Em declarações à agência Lusa, o antigo chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, entre 2006 e 2011, considerou que, atualmente, ninguém “pode assumir como tranquilo” que o artigo 5.º do Tratado do Atlântico Norte – que estabelece que um ataque contra um dos países-membros da NATO é um ataque contra todos - “está lá para ser acionado”. Este é um dos dois artigos que o gener...

Armazenamento holográfico

 Esta técnica de armazenamento de alta capacidade pode ser uma das respostas para a crescente produção de dados a nível mundial Quando pensa em hologramas provavelmente associa o conceito a uma forma futurista de comunicação e que irá permitir uma maior proximidade entre pessoas através da internet. Mas o conceito de holograma (que na prática é uma técnica de registo de padrões de interferência de luz) permite que seja explorado noutros segmentos, como o do armazenamento de dados de alta capacidade. A ideia de criar unidades de armazenamento holográficas não é nova – o conceito surgiu na década de 1960 –, mas está a ganhar nova vida graças aos avanços tecnológicos feitos em áreas como os sensores de imagem, lasers e algoritmos de Inteligência Artificial. Como se guardam dados num holograma? Primeiro, a informação que queremos preservar é codificada numa imagem 2D. Depois, é emitido um raio laser que é passado por um divisor, que cria um feixe de referência (no seu estado original) ...