Avançar para o conteúdo principal

Ambientalistas consideram anúncio governamental ilegal e inaceitável


Projeção do Aeroporto do Montijo © DR


 Especialistas referem "uma decisão precipitada, sem o suporte de uma verdadeira avaliação ambiental estratégica (AAE) devidamente enquadrada num Plano Aeroportuário Nacional".


Várias das principais organizações portuguesas de defesa do ambiente divulgaram um comunicado conjunto em que consideram o anúncio governamental de avanço dos aeroportos no Montijo e Alcochete "ilegal e inaceitável".


O texto é subscrito pelas organizações Almargem, Associação Natureza Portugal / WWF, A ROCHA, FAPAS, GEOTA, Liga para a Proteção da Natureza, Quercus, Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves e ZERO.


Por junto, as associações contestam "uma decisão precipitada, sem o suporte de uma verdadeira avaliação ambiental estratégica (AAE) devidamente enquadrada num Plano Aeroportuário Nacional".


As associações comentam em detalhe as hipóteses Montijo e Alcochete.


Sobre a primeira, depois de recordarem que tinham pedido a nulidade da Declaração de Impacto Ambiental relativamente ao aeroporto complementar do Montijo, por ter sido "imposta pelo governo, com soluções predeterminadas", criticam agora a intenção, "tornada pública e não desmentida", do Ministério das Infraestruturas de "desistir do presente processo de Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) à localização do novo aeroporto de Lisboa".


Estas associações, recordam, "discordaram completamente da maneira como essa avaliação foi imposta pelo governo, com soluções predeterminadas, mas discordam ainda mais da alegada intenção do governo de instalar um aeroporto provisório no Montijo até 2035 sem qualquer tipo de instrumento estratégico que o sustente".


Para mais, dada a dimensão do investimento no Montijo, na ordem das "centenas de milhões de euros", receiam que "a infraestrutura, na prática, passe de provisória a definitiva".


Sobre Alcochete, anunciado para substituir mais tarde o aeroporto do Montijo e o da Portela, as organizações consideram "incompreensível" que o governo faça "ao mesmo tempo" este anúncio e o de uma nova AAE à nova localização do aeroporto.


Assim, consideram que "ou o governo está a tentar condicionar à partida o processo, ou tenta contornar a legislação relativa à AAE que poderia sustentar essa decisão".


Por outro lado, as associações chamam a atenção para "a falta de visão estratégica do governo, pois este não tem um Plano Aeroportuário Nacional, quer para passageiros quer para carga, o qual deveria articular com o Plano Rodoviário Nacional e o Plano Ferroviário Nacional".


No comunicado, é ainda mencionado que quando os governos europeus tomam iniciativas para proteger os cidadãos reduzindo a capacidade aeroportuária, como o dos Países Baixos, que decidiu reduzir a capacidade do aeroporto de Schiphol, que serve Amesterdão, em 11% em relação a 2019 devido ao impacto do ruído e das emissões de gases com efeito de estufa, apesar da sua localização, a 20 km da cidade, "torna-se perfeitamente anacrónico o governo português viabilizar um investimento que poderá agravar a situação em Lisboa".


Com efeito, as organizações de defesa do ambiente "mostram-se apreensivas com o anunciado investimento de centenas de milhões de euros para aumentar a fluidez de circulação de aviões na Portela".


É ainda apontada a "falta de bom senso do Governo" e o "péssimo exemplo dado por Portugal", ao anunciar a construção de dois aeroportos durante a Conferência dos Oceanos das Nações Unidas. "Uma conferência onde o secretário-geral da ONU e os governos vieram prometer mais sustentabilidade ambiental e respeito pela ciência", realçam.


Por fim, "as associações apelam ao respeito por parte do governo do espírito da legislação nacional e comunitária".


Em particular, desejam que "se encontre uma solução aeroportuária para a região de Lisboa que permita responder aos desafios climáticos que a Humanidade enfrenta, aos objetivos de promoção da biodiversidade e de proteção de valores ambientais, ao enorme problema de saúde pública que é hoje o aeroporto da Portela, à necessidade de integrar de forma eficaz o transporte aéreo e o transporte ferroviário, e finalmente à urgência de se caminhar para formas de turismo sustentáveis".


Ambientalistas consideram anúncio governamental ilegal e inaceitável (dinheirovivo.pt)


Comentários

Notícias mais vistas:

Diarreia legislativa

© DR  As mais de 150 alterações ao Código do Trabalho, no âmbito da Agenda para o Trabalho Digno, foram aprovadas esta sexta-feira pelo Parlamento, em votação final. O texto global apenas contou com os votos favoráveis da maioria absoluta socialista. PCP, BE e IL votaram contra, PSD, Chega, Livre e PAN abstiveram-se. Esta diarréia legislativa não só "passaram ao lado da concertação Social", como também "terão um profundo impacto negativo na competitividade das empresas nacionais, caso venham a ser implementadas Patrões vão falar com Marcelo para travar Agenda para o Trabalho Digno (dinheirovivo.pt)

As obras "faraónicas" e os contratos públicos

  Apesar da instabilidade dos mercados financeiros internacionais, e das dúvidas sobre a sustentabilidade da economia portuguesa em cenário de quase estagnação na Europa, o Governo mantém na agenda um mega pacote de obras faraónicas.  A obra que vai ficar mais cara ao país é, precisamente, a da construção de uma nova rede de alta velocidade ferroviária cujos contornos não se entendem, a não ser que seja para encher os bolsos a alguns à custa do contribuinte e da competitividade. Veja o vídeo e saiba tudo em: As obras "faraónicas" e os contratos públicos - SIC Notícias

Motor de desenvolvimento ou de danos irreparáveis? Parque solar planeado para Portugal abre polémica

    Vista da central solar de Serpa, no sul de Portugal, quarta-feira, 28 de março de 2007.  -    Direitos de autor    ANTONIO CARRAPATO/AP2007 Direitos de autor ANTONIO CARRAPATO/AP2007 A empresa por detrás do projeto promete "conciliar a produção de energia renovável com a valorização ambiental do território". Ainda assim, as associações ambientalistas e os municípios têm-se insurgido contra a implantação do Parque Solar Fotovoltaico Sophia. Quais os motivos? Um novo projeto solar, que será sediado no distrito português de Castelo Branco, está a ser amplamente contestado tanto pelas associações ambientalistas como pelos próprios municípios. Chama-se Parque Solar Fotovoltaico Sophia e, segundo anunciado no  site da empresa por detrás da iniciativa , a Lightsource bp, o seu objetivo passa por " conciliar a produção de energia renovável com a valorização ambiental do território  e benefícios duradouros para as comunidades locais". Tratar-...