Avançar para o conteúdo principal

Se o mundo fosse só europeu, recursos da Terra acabavam amanhã

Os recursos naturais da terra estariam esgotados na próxima sexta-feira se o resto do mundo consumisse como os europeus, indica um relatório hoje divulgado, no qual Portugal aparece menos "gastador" do que a média europeia.



Segundo o relatório, da responsabilidade das organizações ambientalistas internacionais World Wildlife Fund (WWF, Fundo Mundial para a Natureza) e Global Footprint Network, o dia 10 de maio marca a data em que os Europeus verão esgotado o seu orçamento natural anual.

Se todas as pessoas no mundo vivessem como os residentes da União Europeia (UE), os recursos naturais dos quais dependemos esgotar-se-iam neste dia, diz o documento, segundo o qual Portugal teria os seus recursos esgotados apenas no dia 26. O que quer dizer que se o mundo todo vivesse como Portugal os recursos acabavam a 26 de maio.

Com base nos padrões de consumo os dados indicam que na Europa foi o Luxemburgo a esgotar primeiro os seus recursos, logo a 16 de fevereiro, enquanto outros países, como a Roménia, Hungria ou Bulgária, apenas esgotam os seus recursos em junho.

No mundo há países muito mais poupados. Se todos vivessem como em Cuba os recursos dariam até 1 de dezembro, em Marrocos dariam até dia 16, e no Níger apenas se esgotariam a 25 de dezembro. Já se o planeta fosse todo norte-americano os recursos tinham-se esgotado no dia 15 de março.

As duas organizações lembram que a sociedade mundial subiste do que a natureza dá, dos alimentos aos medicamentos, das roupas aos materiais de construção, e explicam que se todos tivessem o mesmo estilo de vida dos europeus a humanidade gastava agora todos os recursos que a Terra pode renovar em cada ano.

Tal significa que eram precisos 2,8 planetas para sustentar a procura de recursos naturais que esse estilo de vida exige. E lembram as organizações que no ano passado os recursos só foram esgotados a 01 de agosto, pelo que os europeus estão a acelerar o consumo.

"Durante o resto de 2019, a humanidade vai operar ´a crédito´ de capital natural, ou seja, estamos a esgotar as reservas que a natureza nos fornece muito mais cedo", notam as organizações, que falam de uma "pressão ecológica sem precedentes" que inclui desflorestação, perda de biodiversidade, quebra de populações de peixes, escassez de água doce, erosão do solo ou poluição do ar.

O relatório destaca as diferenças entre as Pegadas Ecológicas dos Estados-Membros da UE e as de outros países no mundo e mostra que apesar das grandes variações entre os países da UE nenhum deles está a viver num nível sustentável.

No mapa da Pegada Ecológica, da responsabilidade da Global Footprint Network, Portugal aparece no grupo dos países com menor pegada. Avaliando a quantidade de solo necessário para sustentar o tipo de vida atual no Luxemburgo cada habitante precisa de 12,5 hectares e em Portugal de pouco mais de quatro.

O relatório reafirma as conclusões do relatório científico da Plataforma Intergovernamental para a Biodiversidade e Serviços dos Ecossistemas (IPBES) da ONU, fornecendo recomendações para as mudanças urgentes que são essenciais para empurrar este dia na UE para o final do ano, diz-se num comunicado divulgado pela Associação Natureza Portugal (ANP), que representa em Portugal a WWF.

Ângela Morgado, diretora-executiva da ANP|WWF, afirmou, citada no comunicado, que o dia em que são esgotados os recursos "é um alarme gritante" que comprova da UE está a contribuir "para o iminente colapso ecológico e climático do planeta".

"Esta forma de viver não é apenas irresponsável, é completamente perigosa", alerta.

E sobre o mesmo assunto, Mathis Wackernagel, fundador e presidente da Global Footprint Network: "Estamos a operar um esquema de pirâmide com o Planeta, usando recursos do futuro para administrar a economia de hoje. Isto é arriscado para a prosperidade da Europa. Tal como fazemos para as finanças, também precisamos de uma contabilidade cuidadosa do lado dos recursos".

A WWF diz que até ao início da década de 1970 o planeta era capaz de prover as necessidades da humanidade, e que desde então o consumo aumentou e agora é muito maior do que a taxa de renovação.

A organização sublinha que o consumo da UE é tal que apesar de compreender 07% da população mundial precisa de 20% dos recursos globais.

https://www.noticiasaominuto.com/mundo/1249423/se-o-mundo-fosse-so-europeu-recursos-da-terra-acabavam-amanha

Comentários

Notícias mais vistas:

Diarreia legislativa

© DR  As mais de 150 alterações ao Código do Trabalho, no âmbito da Agenda para o Trabalho Digno, foram aprovadas esta sexta-feira pelo Parlamento, em votação final. O texto global apenas contou com os votos favoráveis da maioria absoluta socialista. PCP, BE e IL votaram contra, PSD, Chega, Livre e PAN abstiveram-se. Esta diarréia legislativa não só "passaram ao lado da concertação Social", como também "terão um profundo impacto negativo na competitividade das empresas nacionais, caso venham a ser implementadas Patrões vão falar com Marcelo para travar Agenda para o Trabalho Digno (dinheirovivo.pt)

OE2026: 10 medidas com impacto (in)direto na carteira dos portugueses

  O Governo entregou e apresentou a proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano, mas com poucas surpresas. As mudanças nos escalões de IRS já tinham sido anunciadas, bem como o aumento nas pensões. Ainda assim, há novidades nos impostos, alargamento de isenções, fim de contribuições extraordinárias e mais despesa com Defesa, 2026 vai ser “um ano orçamental exigente” e a margem disponível para deslizes está “próxima de zero”. A afirmação em jeito de aviso pertence ao ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, e foi proferida na  apresentação da proposta de Orçamento do Estado  para o próximo ano. O excedente é de cerca de 230 milhões de euros, pelo que se o país não quer voltar a entrar num défice, a margem para mais medidas é "próxima de zero". "Os números são o que são, se não tivéssemos os empréstimos do PRR não estaríamos a fazer alguns projetos", apontou, acrescentando que não vai discutir o mérito da decisão tomada relativamente à 'bazuca europ...

Bruxelas obriga governo a acabar com os descontos no ISP

 Comissão Europeia recomendou o fim dos descontos no imposto sobre os produtos petrolíferos e energéticos O ministro das Finanças garantiu que o Governo está a trabalhar numa solução para o fim dos descontos no imposto sobre os produtos petrolíferos e energéticos (ISP), recomendado pela Comissão Europeia, que não encareça os preços dos combustíveis. “Procuraremos momentos de redução dos preços, para poder reverter estes descontos”, afirmou o ministro de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, que apresentou esta quinta-feira a proposta de Orçamento do Estado para 2026, em Lisboa. O governante apontou que esta questão é colocada pela Comissão Europeia desde 2023, tendo sido “o único reparo” que a instituição fez na avaliação do Programa Orçamental de Médio Prazo, em outubro do ano passado, e numa nova carta recebida em junho, a instar o Governo a acabar com os descontos no ISP. O ministro da Economia e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, tinha já admitido "ajusta...