Avançar para o conteúdo principal

Faz sentido uma fusão entre a Renault e a FCA?



Os sucessivos obstáculos que a Renault tem encontrado para concretizar a fusão com a Nissan, particularmente depois da detenção de Carlos Ghosn, o “cérebro” dessa operação, podem ser coisa do passado se avançar a fusão entre o Grupo Renault e a Fiat Chrysler Automobiles (FCA).

A Aliança Renault Nissan Mitsubishi continua colada com cuspo e ameaça desmoronar-se a todo o momento, pelo que a oferta de fusão da FCA pode ser uma espécie de tábua de salvação da Renault.

Após o afastamento de Carlos Ghosn, ainda hoje envolto numa nuvem opaca que não deixa perceber onde começa a urdidura e termina o crime, a Nissan tem colocado sucessivos entraves á ideia original de se fundir com a Renault, alegando os japoneses que a posição de liderança da casa francesa é injusta e que deveriam ter partes iguais. Tudo porque uma fação da administração da Nissan está preocupada com a intervenção do governo francês (acionista da Renault) na gestão de uma empresa japonesa.

Desde o afastamento de Ghosn que Jean Dominique Senard, presidente da Renault e Thierry Bollore, CEO do grupo Renault, tem andado numa roda viva entre Paris e Tóquio para encontrar uma plataforma de entendimento que seja aceite por Hiroto Saikawa, o CEO da Nissan e pelo governo japonês. O problema é que Saikawa não quer saber de fusões, continua a entender que as duas partes deveriam ter um peso semelhante e por isso, Senard e Bollore trazem, de cada viagem, uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma.

E a verdade é que apesar de muito pressionado pelos galopantes prejuízos e pelas dificuldades que a Nissan enfrenta desde a saída de Ghosn, Saikawa continua com o apoio do conselho de administração da casa japonesa. O que eles não contavam era que a FCA apresentasse esta solução que pode salvar a Renault e acabar com a Nissan rapidamente.

Os laços de ligação entre a Renault e a Nissan são enormes com forte ligação em termos de plataformas, tecnologias e muito mais. Aliás, só juntos é que ambos podem dar à Aliança a capacidade financeira para fazer a transição para tecnologias mais onerosas, como a eletrificação, condução autónoma e serviços de mobilidade. A parceria entre Renault e Nissan significa cerca de 5 mil milhões de euros de poupanças.

Ora, se a Renault deixar cair a Aliança e forjar a fusão com a FCA, ganha mais musculo, entra no mercado norte americano, cria o terceiro grupo mundial e as poupanças podem estar acima dos 7 mil milhões de euros. E, ao mesmo tempo, descapitaliza a Nissan e deixa um vazio tecnológico que deixaria a marca japonesa á mercê de tubarões como a General Motors, Volkswagen ou até empresas como a Uber ou a Tesla.

Por outro lado, a Renault acarinha esta proposta da FCA, pois os resultados da Nissan começam a afetar os resultados da marca francesa. Os 43% de capital que a Renault detém na Nissan, render-lhe-iam centenas de milhões de euros em dividendos e outros pagamentos, mas os recentes resultados da Nissan levaram a casa francesa a afirmar que a marca japonesa teve um contributo negativo para o seu lucro no primeiro trimestre de 56 milhões de euros. E já se sabe que o previsto corte de 30% nos dividendos da Nissan vai custar à Renault qualquer coisa como 130 milhões de euros!

Ou seja, o “casamento” com a FCA é muito mais interessante que manter uma relação forçada com a Nissan. E no comunicado que anuncia esta proposta de fusão da Fa com a Renault, a FCA lembra que se a Nissan quiser participar, pode fazê-lo, como quem diz “pensem bem que sem a Renault pode ser o fim da linha.”

O divórcio com a Nissan não terá custos demasiado elevados e até culturalmente, a fusão com a FCA seria mais natural e, finalmente, a proposta 50/50 acabaria com os problemas que têm minado a relação entre Nissan e Renault.

A visão de Carlos Ghosn não era bem esta, mas se a fusão entre a Renault e a FCA for por diante, a visão do gestor brasileiro acabará por se concretizar, por caminhos diferentes. A relação forçada com a Nissan poderá acabar em divórcio amargo para os japoneses com os franceses a caírem nos braços dos italianos. A não ser que esta ligação com a FCA faça a Nissan mudar de planos e se juntar à festa. Ai, o grupo que nascesse destes casamentos seria um verdadeiro colosso. Eficaz ou vencedor, isso já são contas de outro rosário…

https://automais.autosport.pt/destaque-homepage/faz-sentido-uma-fusao-entre-a-renault-e-a-fca/

Comentários

Notícias mais vistas:

Aeroporto: há novidades

 Nenhuma conclusão substitui o estudo que o Governo mandou fazer sobre a melhor localização para o aeroporto de Lisboa. Mas há novas pistas, fruto do debate promovido pelo Conselho Económico e Social e o Público. No quadro abaixo ficam alguns dos pontos fortes e fracos de cada projeto apresentados na terça-feira. As premissas da análise são estas: IMPACTO NO AMBIENTE: não há tema mais crítico para a construção de um aeroporto em qualquer ponto do mundo. Olhando para as seis hipóteses em análise, talvez apenas Alverca (que já tem uma pista, numa área menos crítica do estuário) ou Santarém (numa zona menos sensível) escapem. Alcochete e Montijo são indubitavelmente as piores pelas consequências ecológicas em redor. Manter a Portela tem um impacto pesado sobre os habitantes da capital - daí as dúvidas sobre se se deve diminuir a operação, ou pura e simplesmente acabar. Nem o presidente da Câmara, Carlos Moedas, consegue dizer qual escolhe... CUSTO DE INVESTIMENTO: a grande novidade ve...

Largo dos 78.500€

  Políticamente Incorrecto O melhor amigo serve para estas coisas, ter uns trocos no meio dos livros para pagar o café e o pastel de nata na pastelaria da esquina a outros amigos 🎉 Joaquim Moreira É historicamente possível verificar que no seio do PS acontecem repetidas coincidências! Jose Carvalho Isto ... é só o que está á vista ... o resto bem Maior que está escondido só eles sabem. Vergonha de Des/governantes que temos no nosso País !!! Ana Paula E fica tudo em águas de bacalhau (20+) Facebook

Ameaça quântica: Satoshi Nakamoto deixou um plano para salvar o Bitcoin

 Em 2010, o criador do Bitcoin antecipou os perigos que a computação quântica poderia trazer para o futuro da criptomoeda e apresentou sugestões para lidar com uma possível quebra do algoritmo de criptografia SHA-256. Ameaça quântica: Satoshi Nakamoto deixou um plano para salvar o Bitcoin Um novo avanço no campo da computação quântica deixou a comunidade de criptomoedas em alerta sobre a possibilidade de quebra do algoritmo de criptografia SHA-256 do Bitcoin BTC, comprometendo a integridade das chaves privadas e colocando os fundos dos usuários em risco. Em 9 de dezembro, o Google apresentou ao mundo o Willow, um chip de computação quântica capaz de resolver, em menos de cinco minutos, problemas computacionais insolúveis para os supercomputadores mais avançados em uso nos dias de hoje. Apesar do alarde, Satoshi Nakamoto, o visionário criador do Bitcoin, já antecipara a ameaça quântica e sugerira duas medidas para mitigá-la. Em uma postagem no fórum Bitcoin Talk em junho de 2010, Sa...