Avançar para o conteúdo principal

Chargesurfing: startup portuguesa quer ser a «Airbnb dos carregadores para veículos elétricos»



A Chargesurfing é uma plataforma de gestão e partilha de postos de carregamento privados para veículos elétricos

Para João Paquete, criador da plataforma, a ideia é simples - «queremos ser um género de Airbnb para carregadores de veículos elétricos», conceito que o sócio Sérgio Almeida explica melhor. «Esta será uma rede de carregadores privados que podem ser partilhados, gerando receita para os donos desses postos». Isto porque o Chargesurfing, que foi apresentado durante o ENVE (Encontro Encontro Nacional de Veículos Elétricos), vai permitir aos donos dos postos, definidos na plataforma como Hosts, cobrarem uma comissão por carregamento, que vai ser adicionada à comissão da Chargesurfing e ao valor efetivamente gasto na energia. «Não vamos cobrar pela energia», garante Sérgio Almeida, «a plataforma tem um sistema de gestão integrado que garante que o valor consumido no posto do Host seja transferido para o utilizador».

Quando questionado sobre as limitações legais em Portugal, que obrigam a que postos em espaços de acesso público estejam ligados à rede Mobi.e e que apenas os comercializadores de energia registados possam vender energia, Sérgio Almeida explica «não vamos vender energia, apenas prestar um serviço em que o Host é compensado pela energia que cedeu», acrescentado que «é por isso que ao utilizador vai ser apenas cobrado os quilowatts hora (kWh) efetivamente consumidos e ao preço que o comercializador de energia cobra ao Host». Quanto ao acesso aos carregadores, Sérgio Almeida explica que «não vai existir qualquer obrigatoriedade de ligação à rede Mobi.E porque estamos a falar de postos de carregamento em espaços privados de acesso privado».

A startup portuguesa dá exemplos de possíveis locais para instalar estes carregadores: restaurantes, stands e/ou oficinais de automóveis, parques empresariais, hotéis, parques de campismo, empresas, supermercados com parques privados, parques de estacionamento, espaços privados de municípios, escolas e ginásios. A Chargesurfing garante ainda que até tem uma solução para transformar lugares de estacionamento privados de acesso público, como parques abertos de superfícies comerciais, em lugares privados de acesso privado: um género de barra metálica instalada no chão à entrada do lugar, que abre apenas para os utilizadores da plataforma.

Os responsáveis pelo Chargesurfing garantem que a plataforma suporta um grande número de carregadores já instalados: bastam que sejam compatíveis com o protocolo OCPP. A plataforma tem por base uma app, onde os utilizadores vão poder encontrar os postos disponíveis através de um mapa, reservar o espaço de carregamento por algum tempo e iniciar o carregamento. Bastará apontar a câmara do smartphone para um código de barras presente no carregador para estabelecer a ligação e iniciar o carregamento. No final do carregamento será descontado, via cartão de crédito associado à app, o valor total do carregamento que resultará da soma de três parcelas: valor da energia consumida (o mesmo que é cobrado pelo operador de energia ao Host) e as duas comissões indicadas. Segundo os responsáveis, o Host terá acesso a um sistema de gestão muito completo que lhe permite verificar todos os aspetos relacionados com a utilização dos postos e até acesso a um gestor financeiro com capacidade para emitir faturas. O sistema, garante Sérgio Almeida, é totalmente parametrizável para que os Hosts possam definir variáveis como valor da comissão, possibilidade de agendamento de carregamentos, custo do agendamento, tempos máximos de utilização e custos extra para quem deixa o carro estacionado no lugar de carregamento após a carga estar concluída.

«Acreditamos que a nossa plataforma resolve muitas das queixas dos utilizadores de veículos elétricos, como dificuldade em saber os custos do carregamento, impossibilidade de reservar postos, o que é muito útil em viagens, e limita muito o problema de estacionamento abusivo em lugares dedicados ao carregamento». Os responsáveis deram alguns exemplos de quanto custará um carregamento nesta plataforma: para carregar cerca de 20 kWh, o equivalente a 100 a 150 km de autonomia na maioria dos carros elétricos disponíveis no mercado, com um valor por kWh de 16 cêntimos e comissões de €1,5 para o Host e para a Chargesurfing, o utilizador pagaria cerca de €7.

Para a Chargesurfing, tratam-se de valores muito competitivos que até podem ser mais baixos em função do custo da energia ou se o Host optar por comissões mais baixas. De acordo com as contas de Sérgio Almeida e João Paquete, o investimento num posto de carregamento ligado à Chargesurfing pode ser conseguido de seis meses a um ano. Isto para empresas ou particulares que optarem por instalarem um dos carregadores que a Chargesurfing, cujo custo total de instalação é «em média, 1200 euros» e permitem uma potência de carregamento até 22 kW. Para quem já tem um carregador compatível, os lucros podem ser imediatos, sublinham os empreendedores.

A plataforma vai incluir soluções de Inteligência Artificial para, por exemplo, permitir aos Host que consigam prever onde e quando valerá a pena instalar mais postos.

Alternativa à Mobi.E

Os responsáveis não escondem que têm objetivos de internacionalizar a plataforma: «até será mais fácil implementar esta rede em outros países devido à maior complexidade da regulamentação portuguesa, mas gostaríamos de começar pelo nosso país».

A Chargesurfing acredita que é uma alternativa viável à rede pública Mobi.E porque «descomplica a instalação, o pagamento e permite melhores serviços tanto para quem detém o posto como para os utilizadores dos veículos elétricos». Sérgio Almeida garante que já tem vários interessados na plataforma, sobretudo de empresas que têm ou pretendem ter frotas de veículos elétricos. A este respeito, os fundadores da Chargesurfing dão outro exemplo de utilização: possibilidade de instalar postos de carregamento na casa de colaboradores de uma empresa com a plataforma a garantir que os custos de carregamento associados vão ser transferidos para a empresa. «Deste modo os colaboradores que atualmente têm direito a um cartão de frota para gasóleo poderão passar a usar um carro elétrico sem que tenham de pagar a energia sempre que carregam em casa», remata Sérgio Almeida.

http://exameinformatica.sapo.pt/mobilidade_inteligente/2019-05-13-Chargesurfing-startup-portuguesa-quer-ser-a-Airbnb-dos-carregadores-para-veiculos-eletricos

Comentários

Notícias mais vistas:

Diarreia legislativa

© DR  As mais de 150 alterações ao Código do Trabalho, no âmbito da Agenda para o Trabalho Digno, foram aprovadas esta sexta-feira pelo Parlamento, em votação final. O texto global apenas contou com os votos favoráveis da maioria absoluta socialista. PCP, BE e IL votaram contra, PSD, Chega, Livre e PAN abstiveram-se. Esta diarréia legislativa não só "passaram ao lado da concertação Social", como também "terão um profundo impacto negativo na competitividade das empresas nacionais, caso venham a ser implementadas Patrões vão falar com Marcelo para travar Agenda para o Trabalho Digno (dinheirovivo.pt)

Quanto custou o perdão presidencial do fundador da Binance?

  O perdão presidencial de CZ, fundador da Binance, foi concedido por Donald Trump na quinta-feira, 23 de outubro, após uma campanha de lobby que custou US$ 860.000 à exchange de criptomoedas. A decisão encerra a condenação de Changpeng Zhao por violações das leis antilavagem de dinheiro nos Estados Unidos, crime pelo qual ele cumpriu quase quatro meses de prisão em 2024 e pagou US$ 50 milhões em multas. O mercado reagiu imediatamente ao anúncio, com o BNB, token nativo da Binance, subindo para US$ 1.173,08 no momento da redação deste artigo, consolidando sua posição como a quarta maior criptomoeda por capitalização de mercado, segundo o CoinGecko.  Em novembro de 2023, CZ se declarou culpado por violações das leis antilavagem de dinheiro dos Estados Unidos. Como parte do acordo judicial, ele renunciou ao cargo de CEO da Binance e cumpriu quase quatro meses de prisão em 2024. Além disso, CZ pagou uma multa pessoal de US$ 50 milhões, enquanto a Binance foi multada em impression...

Supercarregadores portugueses surpreendem mercado com 600 kW e mais tecnologia

 Uma jovem empresa portuguesa surpreendeu o mercado mundial de carregadores rápidos para veículos eléctricos. De uma assentada, oferece potência nunca vista, até 600 kW, e tecnologias inovadoras. O nome i-charging pode não dizer nada a muita gente, mas no mundo dos carregadores rápidos para veículos eléctricos, esta jovem empresa portuguesa é a nova referência do sector. Nasceu somente em 2019, mas isso não a impede de já ter lançado no mercado em Março uma gama completa de sistemas de recarga para veículos eléctricos em corrente alterna (AC), de baixa potência, e de ter apresentado agora uma família de carregadores em corrente contínua (DC) para carga rápida com as potências mais elevadas do mercado. Há cerca de 20 fabricantes na Europa de carregadores rápidos, pelo que a estratégia para nos impormos passou por oferecermos um produto disruptivo e que se diferenciasse dos restantes, não pelo preço, mas pelo conteúdo”, explicou ao Observador Pedro Moreira da Silva, CEO da i-charging...