Avançar para o conteúdo principal

Afinal, os taxistas processaram a Uber errada

A decisão do Tribunal da Relação de Lisboa, que decretou que a Uber é ilegal, não tem, afinal, aplicação em Portugal. Isto porque a Associação Nacional de Taxistas processou a Uber Technologies Inc., parceira da Uber que opera nos EUA e não em Portugal.

“A Uber B.V, a filial da empresa de transporte privado que opera em Portugal, não está implicada nesta decisão” do Tribunal da Relação de Lisboa, que decretou a plataforma digital ilegal, salienta uma fonte oficial da empresa à revista Sábado.

De acordo com a mesma fonte, a ANTRAL (Associação Nacional dos Transportes Rodoviários em Automóveis Ligeitos), que representa os taxistas tradicionais, “processou a Uber Technologies Inc, que tem actividade nos Estados Unidos”.

Este alegado lapso é também defendido pela Associação Nacional dos Parceiros das Plataformas Alternativas de Transporte (ANPPAT) que considera que a decisão do Tribunal da Relação de Lisboa não tem influência em Portugal.


“A Uber que opera em Portugal é a Uber B.V., pelo que a ANPPAT considera que esta decisão do Tribunal da Relação não tem qualquer influência no dia-a-dia dos milhares de motoristas e parceiros que trabalham através da aplicação electrónica da Uber Portugal”, pode ler-se no comunicado divulgado pela agência Lusa.

Tribunal de Lisboa defende legalidade da Uber

Entretanto, o Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa decidiu em sentido contrário da Relação, considerando que a Uber é legal, noticia o Jornal Económico. Em causa está um acórdão de 7 de Novembro passado, relativo a um processo contra uma parceira da Uber em Portugal, a Frenetik Desafios Tours.

O Tribunal da Comarca de Lisboa “deu razão à empresa parceira da Uber e absolveu-a da multa” de seis mil euros a que tinha sido condenada por, alegadamente, não ter licença para operar em Portugal.

Segundo o acórdão “não é exigível aos prestadores do serviço de transporte que utilizam a aplicação Uber App que respeitem os requisitos legais, mormente a obtenção de alvará para a actividade de transportes em táxi, porquanto o serviço de transporte por eles prestado é distinto e inovador do serviço de táxi definido e regulamentado pelo Decreto-Lei n.º 251/98, de 11 de Agosto”.

“A evolução do mercado determina o aparecimento de novas realidades, às quais não se pode aplicar, de forma acrítica, diplomas pré-existentes que visavam uma realidade distinta e incomparável daquela que a realidade e a inovação dos tempos veio a concretizar”, conclui o mesmo Tribunal de Lisboa.

Legalização da Uber vai avançar em 2018

Estas decisões contraditórias da justiça portuguesa levam a ANPPAT, que representa a Uber, a Cabify e a Chofer, a defender que a decisão do tribunal “confirma e reforça a urgência da aprovação“, pela Assembleia da República, da regulamentação do sector.

A Associação refere não entender porque é que a Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas (CEIOP) ainda não discutiu a nova legislação que visa regulamentar o transporte de passageiros em veículos descaracterizados (TDVE).

O projeto de lei do Governo foi discutido no Parlamento, a 17 de Março de 2017, estando, agora, em discussão na especialidade na CEIOP. A sua apreciação está “para breve”, garante à Lusa o presidente da Comissão, Hélder Amaral, deputado do CDS-PP.

Em declarações à Sábado, Hélder Amaral nota que a Comissão está a terminar, neste mês de Dezembro, “algumas audiências pedidas”. Ainda assim, prevê que o documento seja finalizado em Janeiro. Entretanto, a ANPPAT está a promover uma petição pública para alertar para a importância de aprovar a lei o quanto antes.

Já a Uber garante que vai analisar a decisão do Tribunal da Relação para “avaliar os próximos passos”, refere fonte da empresa à revista.

Por seu turno, a ANTRAL, que reclama à Uber uma indemnização de 25 milhões de euros, anuncia que “vai proceder à reclamação judicial da sanção pecuniária compulsória” e “do pagamento de todos os prejuízos causados à indústria do táxi”.

Comissão de Protecção de Dados abre processo à Uber

Noutro âmbito, a Uber está a ser alvo de “um processo de averiguações” da Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD), devido ao ataque informático que expôs dados pessoais de 57 milhões de utilizadores e de motoristas da plataforma.

A CNPD confirma ao Eco que “abriu um processo de averiguações para apurar os factos relativos ao incidente de segurança” que foi anunciado em Novembro passado. A Uber terá pago 100 mil dólares para ocultar a falha de segurança.

https://zap.aeiou.pt/afinal-os-taxistas-processaram-uber-errada-183007

Comentários

Notícias mais vistas:

EUA criticam prisão domiciliária de Bolsonaro e ameaçam responsabilizar envolvidos

 Numa ação imediatamente condenada pelos Estados Unidos, um juiz do Supremo Tribunal do Brasil ordenou a prisão domiciliária de Jair Bolsonaro por violação das "medidas preventivas" impostas antes do seu julgamento por uma alegada tentativa de golpe de Estado. Os EUA afirmam que o juiz está a tentar "silenciar a oposição", uma vez que o ex-presidente é acusado de violar a proibição imposta por receios de que possa fugir antes de se sentar no banco dos réus. Numa nota divulgada nas redes sociais, o Escritório para Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado dos Estados Unidos recorda que, apesar do juiz Alexandre de Morais "já ter sido sancionado pelos Estados Unidos por violações de direitos humanos, continua a usar as instituições brasileiras para silenciar a oposição e ameaçar a democracia". Os Estados Unidos consideram que "impor ainda mais restrições à capacidade de Jair Bolsonaro de se defender publicamente não é um serviço público...

Supercarregadores portugueses surpreendem mercado com 600 kW e mais tecnologia

 Uma jovem empresa portuguesa surpreendeu o mercado mundial de carregadores rápidos para veículos eléctricos. De uma assentada, oferece potência nunca vista, até 600 kW, e tecnologias inovadoras. O nome i-charging pode não dizer nada a muita gente, mas no mundo dos carregadores rápidos para veículos eléctricos, esta jovem empresa portuguesa é a nova referência do sector. Nasceu somente em 2019, mas isso não a impede de já ter lançado no mercado em Março uma gama completa de sistemas de recarga para veículos eléctricos em corrente alterna (AC), de baixa potência, e de ter apresentado agora uma família de carregadores em corrente contínua (DC) para carga rápida com as potências mais elevadas do mercado. Há cerca de 20 fabricantes na Europa de carregadores rápidos, pelo que a estratégia para nos impormos passou por oferecermos um produto disruptivo e que se diferenciasse dos restantes, não pelo preço, mas pelo conteúdo”, explicou ao Observador Pedro Moreira da Silva, CEO da i-charging...

Aníbal Cavaco Silva

Diogo agostinho  Num país que está sem rumo, sem visão e sem estratégia, é bom recordar quem já teve essa capacidade aliada a outra, que não se consegue adquirir, a liderança. Com uma pandemia às costas, e um país político-mediático entretido a debater linhas vermelhas, o que vemos são medidas sem grande coerência e um rumo nada perceptível. No meio do caos, importa relembrar Aníbal Cavaco Silva. O político mais bem-sucedido eleitoralmente no Portugal democrático. Quatro vezes com mais de 50% dos votos, em tempos de poucas preocupações com a abstenção, deve querer dizer algo, apesar de hoje não ser muito popular elogiar Cavaco Silva. Penso que é, sem dúvida, um dos grandes nomes da nossa Democracia. Nem sempre concordei com tudo. É assim a vida, é quase impossível fazer tudo bem. Penso que tem responsabilidade na ascensão de António Guterres e José Sócrates ao cargo de Primeiro-Ministro, com enormes prejuízos económicos, financeiros e políticos para o país. Mas isso são outras ques...