Avançar para o conteúdo principal

Mais de 70% das pessoas e governos não entendem a blockchain

Promete revolucionar a economia, mas pouca gente sabe como realmente funciona a blockchain. Nem mesmo os governos que a querem regular, alertaram alguns especialistas em Dublin.

A generalidade das pessoas não sabe o que é a blockchain ou como é que ela funciona. O alerta foi dado por três especialistas neste sistema conhecido por dar vida à moeda virtual bitcoin, mas que, simultaneamente, promete romper com dogmas em vários setores da economia e da sociedade. “Mais de 70% das pessoas e dos governos não compreendem a tecnologia”, apontou Genevieve Leveille, líder do projeto Agriledger, que usa a blockchain para redução de custos e otimização de recursos na agricultura.

Num painel onde se discutiram aplicações da blockchain para além das criptomoedas, integrado numa conferência promovida pela empresa de segurança informática Kaspersky em Dublin (Irlanda), Genevieve Leveille disse que muitos mais irão perceber o que é a blockchain nos próximos “dois anos”, mas que isso não é totalmente necessário para que possam tirar partido dos benefícios desta tecnologia. “Não creio que se tenha de explicar o que é [a blockchain]”, defendeu.

Situação diferente para os decisores políticos, que terão pela frente o desafio de regular toda a inovação desencadeada pela blockchain. Genevieve Leveille estimou que “mais de 70% dos governos não entendem a blockchain“, embora sejam eles os responsáveis por “fazer as regras”. A especialista sublinhou, por fim, que vê esta tecnologia como “uma infraestrutura” e que, “para as pessoas em geral, será algo que irão adotar sem compreender”.

Apesar de estar na base da bitcoin, cedo se percebeu que a blockchain poderia ser adaptada a muitos outros propósitos. Em linhas gerais, trata-se de um livro de registos, teoricamente inviolável e completamente descentralizado, sem uma entidade central que o controle e em cada operação tem de ser validada pela totalidade da rede. É crença generalizada que um sistema deste género é mais seguro e confiável do que um sistema centralizado e controlado por uma entidade.

A falta de conhecimento [sobre a blockchain] é um problema. Talvez não o seja no futuro mas, nestes primeiros passos, é definitivamente um problema.

Blockchain “vai mudar as eleições”

O desconhecimento sobre o que é a blockchain faz com que muita gente ainda a associe, erradamente, a atividades criminosas, defendeu Anton Shingarev, alto cargo da Kaspersky Lab, no mesmo painel em Dublin. “Quando as pessoas pensam em blockchain, pensam em bitcoin. E a bitcoin está a ser usada por alguns criminosos, criando uma má imagem para a tecnologia”, indicou. Depois, acrescentou: “A blockchain tem a ver com matemática complicada. A falta de conhecimento é um problema. Talvez não o seja no futuro mas, nestes primeiros passos, é definitivamente um problema.”

Shingarev advogou ainda o uso da blockchain na digitalização dos processos eleitorais. “Estou totalmente seguro de que a blockchain vai mudar as eleições. Vai torná-las mais rápidas e seguras. Vai chegar e quero ajudar isso a acontecer”, disse. Acredita-se que a blockchain seja uma das soluções para garantir a integridade dos votos em eleições. Em Portugal, a ministra Maria Manuel Leitão Marques já demonstrou interesse em aplicar a blockchain na votação do Orçamento Participativo Portugal.

Tudo isto só é possível graças à descentralização e garantias de integridade que a blockchain fornece. O sumário foi feito por Derin Cag, líder do site informativo Richtopia e cofundador da consultora BlockchainAge, que apontou quatro benefícios principais desta tecnologia: “liga máquinas entre si” e cria uma rede; “é transparente e translúcida”; “não precisa de intermediários e “reduz os custos”.

https://eco.pt/2017/11/13/mais-de-70-das-pessoas-e-governos-nao-entendem-a-blockchain/

Comentários

Notícias mais vistas:

Motores a gasolina da BMW vão ter um pouco de motores Diesel

Os próximos motores a gasolina da BMW prometem menos consumos e emissões, mas mais potência, graças a uma tecnologia usada em motores Diesel. © BMW O fim anunciado dos motores a combustão parece ter sido grandemente exagerado — as novidades têm sido mais que muitas. É certo que a maioria delas são estratosféricas:  V12 ,  V16  e um  V8 biturbo capaz de fazer 10 000 rpm … As novidades não vão ficar por aí. Recentemente, demos a conhecer  uma nova geração de motores de quatro cilindros da Toyota,  com 1,5 l e 2,0 l de capacidade, que vão equipar inúmeros modelos do grupo dentro de poucos anos. Hoje damos a conhecer os planos da Fábrica de Motores da Baviera — a BMW. Recordamos que o construtor foi dos poucos que não marcou no calendário um «dia» para acabar com os motores de combustão interna. Pelo contrário, comprometeu-se a continuar a investir no seu desenvolvimento. O que está a BMW a desenvolver? Agora, graças ao registo de patentes (reveladas pela  Auto Motor und Sport ), sabemos o

Saiba como uma pasta de dentes pode evitar a reprovação na inspeção automóvel

 Uma pasta de dentes pode evitar a reprovação do seu veículo na inspeção automóvel e pode ajudá-lo a poupar centenas de euros O dia da inspeção automóvel é um dos momentos mais temidos pelos condutores e há quem vá juntando algumas poupanças ao longo do ano para prevenir qualquer eventualidade. Os proprietários dos veículos que registam anomalias graves na inspeção já sabem que terão de pagar um valor avultado, mas há carros que reprovam na inspeção por força de pequenos problemas que podem ser resolvidos através de receitas caseiras, ajudando-o a poupar centenas de euros. São vários os carros que circulam na estrada com os faróis baços. A elevada exposição ao sol, as chuvas, as poeiras e a poluição são os principais fatores que contribuem para que os faróis dos automóveis fiquem amarelados. Para além de conferirem ao veículo um aspeto descuidado e envelhecido, podem pôr em causa a visibilidade durante a noite e comprometer a sua segurança. É devido a este último fator que os faróis ba

A falsa promessa dos híbridos plug-in

  Os veículos híbridos plug-in (PHEV) consomem mais combustível e emitem mais dióxido de carbono do que inicialmente previsto. Dados recolhidos por mais de 600 mil dispositivos em carros e carrinhas novos revelam um cenário real desfasado dos resultados padronizados obtidos em laboratório. À medida que as políticas da União Europeia se viram para alternativas de mobilidade suave e mais verde, impõe-se a questão: os veículos híbridos são, realmente, melhores para o ambiente? Por  Inês Moura Pinto No caminho para a neutralidade climática na União Europeia (UE) - apontada para 2050 - o Pacto Ecológico Europeu exige uma redução em 90% da emissão de Gases com Efeito de Estufa (GEE) dos transportes, em comparação com os valores de 1990. Neste momento, os transportes são responsáveis por cerca de um quinto destas emissões na UE. E dentro desta fração, cerca de 70% devem-se a veículos leves (de passageiros e comerciais). Uma das ferramentas para atingir esta meta é a regulação da emissão de di