A Brave Generation Academy é uma escola onde são os alunos que têm autonomia para escolher o que estudar, quando e onde. Em todo o mundo esta escola tem 50 hubs, 35 são em Portugal. A TSF foi conhecer o hub de Coimbra
São 11h00. Numa sala, em open space, meia dúzia de jovens estão, em silêncio, de olhos postos no computador. Este é o instrumento de trabalho na Brave Generation Academy (BGA), uma escola em que não há lugares marcados nem professores a explicar a matéria.
Os alunos podem optar por estudar em casa ou no hub, a designação para o espaço físico desta escola para jovens entre os 12 e os 18 anos.
Foi no hub na Baixa de Coimbra que encontrámos Adi. É israelita e tem 14 anos. “Quando venho [ao hub], converso um pouco com os meus amigos. Depois começamos a trabalhar: ou fazemos a lista semanal de tarefas juntos, às segundas-feiras, ou faço-a sozinha. Planeio a minha semana e decido que aulas quero fazer ou que disciplinas.”
Nesta rotina, Adi inclui ainda algumas pausas quando se sente cansada. “É muito tempo a olhar para o ecrã”. É numa plataforma online que estão os conteúdos. Segundo Libi, outra das estudantes, há um mínimo de cinco horas diárias de estudo.
Na BGA, cada aluno escolhe as disciplinas sobre as quais quer aprender. Libi, de 14 anos, escolheu seis, sendo o inglês e a matemática obrigatórios. “Depois tens de ter uma ciência. Eu escolhi três na realidade. Escolhi biologia, química e física e escolhi também estudos empresariais porque é sempre bom estudar sobre negócios”, remata.
Nos anos equivalentes ao 7.º e 8.º anos do sistema português, os estudantes têm de escolher ainda a disciplina de língua portuguesa. No caso dos alunos nacionais é como primeira língua, se forem estrangeiros, como segunda língua.
Há um ano e meio na BGA, Adi não aponta desvantagens neste sistema de ensino. A razão pela qual está nesta escola é porque gosta de gerir o seu tempo. “Não gosto de pessoas a dizerem-te o que fazer. Escolho por mim.”
Com uma experiência na escola pública, Libi, que vem dos Países Baixos, considera que o método da BGA é “melhor” para si. “Porque na escola pública tinha sempre o problema ou de terminar o trabalho demasiado rápido, ou de o trabalho não ser para o meu nível e já o ter feito antes. Por isso, acho muito bom que na BGA possa ter o meu ritmo, fazer tudo rápido se precisar, ou devagar.”
É ao learning coach que cabe dar o apoio aos jovens nos hubs. Em Coimbra, André Carvalho e Margarida Serralheiro acompanham nove jovens, todos eles são estrangeiros.
“Primeiro temos que acompanhar o progresso académico deles. A nossa tarefa é muito de fazer planos com eles e garantir que eles seguem pelo menos esses planos e também ajudar na parte da reflexão”, explica André Carvalho.
Margarida Serralheiro explica que têm um papel “muito flexível”. Além do trabalho com cada aluno, das reuniões com os pais e dos relatórios, Margarida Serralheiro assinala que procuram ainda que os jovens criem “um ambiente de entreajuda” e que “tenham uma voz”.
“Por exemplo, fazemos assembleias uma vez por semana para debater o espaço físico, o que é gostavam de fazer diferente, o que não está a ocorrer bem. Eles também fazem tarefas. Têm que limpar, têm que ajudar a levar o lixo, têm que verificar se o espaço está limpo, têm que lavar a loiça que usam. Nós queremos desenvolver neles não só esse lado de entreajuda e comunidade, mas também que eles comecem a ser responsáveis por aquilo que fazem e por aquilo que o grupo faz.”
A BGA, fundada pelo empresário Tim Vieira, tem três pilares na sua base: conhecimento, competências e comunidade. A escola segue vários currículos, nomeadamente o Currículo Internacional Britânico. Os alunos que frequentam os hubs da GBA em Portugal não podem seguir os estudos numa universidade portuguesa. “O processo para certificar a BGA está em curso no Ministério da Educação”, assinala André Carvalho.
A BGA tem uma rede de 50 hubs espalhados pelo mundo, dos quais 35 são em Portugal, com um total de 1600 alunos.
Reportagem TSF. Uma escola onde não há professores nem aulas
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