Avançar para o conteúdo principal

Segurança Social suspende apoio a centenas de pessoas com incapacidades superiores a 60% devido a uma Lei de António Costa de 2017



 Uma mudança, feita em 2017 pelo governo PS de António Costa mas que a TVI dá a entender que foi agora, nas regras para a atribuição da Prestação Social para a Inclusão (PSI), apoio destinado a proteger as pessoas com incapacidade, nos encargos acrescidos com a deficiência, está a deixar centenas de beneficiários, com incapacidades superiores a 60%, sem acesso a esta preciosa e necessária ajuda do Estado, avança a TVI.


Segundo a estação, Anabela Farinha é um destes casos. A técnica administrativa foi diagnosticada com transtorno bipolar em 2011 e em 2019 foi-lhe reconhecida incapacidade de 70%, sendo-lhe atribuída a tal Prestação Social para a Inclusão. Anos depois, em 2021, no mês de novembro, começou a receber a reforma por invalidez.


Agora, recebeu uma carta a dar conta de que deixará de receber o apoio. É que o decreto-lei que regula esta prestação estabelece que não basta ter 60% ou mais de incapacidade para ter direito ao apoio. Nos casos em que já se é beneficiário da reforma por invalidez, é necessário ter mais de 55 anos e incapacidade de 80%, para poder acumular essa ajuda com a PSI.


Desta forma, são centenas de beneficiários atirados para o limiar da pobreza, com muitos a queixarem-se de terem de sobreviver com pouco mais de 300 euros por mês. No caso concreto de Anabela, a Segurança Social indicou ao mesmo canal que a beneficiária em questão, que deixou de ter direito à pensão em causa, deve pedir uma nova avaliação de incapacidade ou verificar se existe outro apoio que lhe possa ser atribuído.


À Executive Digest, o Instituto de Segurança Social (ISS) afirma que o caso divulgado pela TVI “apresentava informação incorreta, que não foi (nem poderia ter sido) dada pelo Instituto da Segurança Social, pois não existiu qualquer alteração legislativa ou mudança de regras no acesso à PSI ou à Pensão de Invalidez. A legislação que instituiu a PSI e as suas condições de acesso data de 2017 (Decreto-Lei n.º 126-A/2017 de 6 de outubro) e no n.º 2 do art.º 15.º define que a acumulação de Pensão de Invalidez com PSI só é possível nas situações em que o beneficiário tenha uma incapacidade igual ou superior a 80%, certificada através do Atestado Médico de Incapacidade Multiusos (AMIM)”, e sublinha que “não existe igualmente qualquer suspensão no acesso à PSI para pessoas com incapacidades superiores a 60%, que continuam a ter direito à prestação se cumprirem as condições de acesso”.


O ISS adianta ainda que “a aplicação dos normativos legais em vigor, que regem a atribuição de prestações, que o Instituto da Segurança Social tem a obrigatoriedade de cumprir, indicam que a PSI só pode ser acumulável com pensão de invalidez se o beneficiário tiver uma incapacidade igual ou superior a 80%”.


O mesmo instituto continua, indicando que “a PSI e a Pensão de Invalidez existem para dar cumprimentos a objetivos diferentes, podendo ser ou não prestações acumuláveis” e que “no cumprimento da sua missão, a Segurança Social atribui prestações sociais sempre que os beneficiários cumpram as condições de acesso”.


O ISS aproveita ainda para explicar que neste caso, como noutros, “sempre que surgem novos dados, seja por intermédio da interoperabilidade do sistema, seja através da entrada de requerimentos por parte dos beneficiários, a Segurança Social é obrigada a reavaliar a atribuição das prestações, seja a PSI, seja outra qualquer prestação”.


De referir que, para além do caso relatado, contam-se também reclamações nas redes sociais e no Portal da Queixa, algumas mostradas na reportagem, de vários beneficiários que se queixam da mesma situação.


Segurança Social suspende apoio a centenas de pessoas com incapacidades superiores a 60% - Executive Digest (sapo.pt)


Comentários

Notícias mais vistas:

Diarreia legislativa

© DR  As mais de 150 alterações ao Código do Trabalho, no âmbito da Agenda para o Trabalho Digno, foram aprovadas esta sexta-feira pelo Parlamento, em votação final. O texto global apenas contou com os votos favoráveis da maioria absoluta socialista. PCP, BE e IL votaram contra, PSD, Chega, Livre e PAN abstiveram-se. Esta diarréia legislativa não só "passaram ao lado da concertação Social", como também "terão um profundo impacto negativo na competitividade das empresas nacionais, caso venham a ser implementadas Patrões vão falar com Marcelo para travar Agenda para o Trabalho Digno (dinheirovivo.pt)

Alterações à lei laboral: um guia com as principais mudanças em causa

Contestação à reforma da lei do trabalho levou à convocação de greve geral para quinta-feira, dia 11 de dezembro. Luís Montenegro, primeiro-ministro, e Rosário Palma Ramalho, ministra do Trabalho   Getty images O Governo de Montenegro quer avançar com uma reforma "profunda" da  legislação laboral  que tem dado muito que falar. Trata-se de mais de 100 alterações ao Código do Trabalho, que incluem contratos, gestão do tempo de trabalho, parentalidade e despedimentos. A proposta de alteração à  lei do trabalho  tem sido tão contestada pelas centrais sindicais que levou mesmo à marcação de uma greve geral para esta quinta-feira, dia 11 de dezembro, a primeira paralisação conjunta desde 2013. Explicamos tudo o que pode mudar na lei laboral já a partir de 2026. A proposta designada "Trabalho XXI" foi  apresentada  pelo Governo enquanto uma revisão "profunda" da legislação laboral por contemplar mudanças em "mais de uma centena" de artigos do  Código de...

Aníbal Cavaco Silva

Diogo agostinho  Num país que está sem rumo, sem visão e sem estratégia, é bom recordar quem já teve essa capacidade aliada a outra, que não se consegue adquirir, a liderança. Com uma pandemia às costas, e um país político-mediático entretido a debater linhas vermelhas, o que vemos são medidas sem grande coerência e um rumo nada perceptível. No meio do caos, importa relembrar Aníbal Cavaco Silva. O político mais bem-sucedido eleitoralmente no Portugal democrático. Quatro vezes com mais de 50% dos votos, em tempos de poucas preocupações com a abstenção, deve querer dizer algo, apesar de hoje não ser muito popular elogiar Cavaco Silva. Penso que é, sem dúvida, um dos grandes nomes da nossa Democracia. Nem sempre concordei com tudo. É assim a vida, é quase impossível fazer tudo bem. Penso que tem responsabilidade na ascensão de António Guterres e José Sócrates ao cargo de Primeiro-Ministro, com enormes prejuízos económicos, financeiros e políticos para o país. Mas isso são outras ques...