Avançar para o conteúdo principal

Classe 10, UHS-I, U1 e A1: o que significam as letrinhas nas especificações do microSD

Muita gente sabe que é importante dar uma olhada nas especificações do microSD antes de comprar um: se ele for lento, pode causar problemas de desempenho no smartphone em que for instalado. Mas pouca gente entende o que a sopa de letrinhas significa. E tem coisa nova: a SD Association lançou um símbolo novo, o A1, para certificar os cartões de memória que oferecem boa velocidade em execução de apps.

Vamos entender?

microsd-sd-card-cartao-memoria
O básico: classe de velocidade
kingston-class-4-microsd
O número mais conhecido é a classe de velocidade — o termo Classe 10 é impresso aos quatro cantos para mostrar que aquele SD tem uma performance decente (o que nem sempre é verdade). Ele determina a velocidade mínima de gravação sequencial, ou seja, a taxa de transferência garantida no pior cenário.


Isso é importante para aplicações como filmagem, por exemplo. Se você estiver gravando vídeo num formato com bitrate de 40 Mb/s (ou seja, 5 megabytes por segundo), um Classe 4 provavelmente não dará conta do recado, já que ele foi projetado para garantir um mínimo de apenas 4 MB/s.

Em resumo:

Classe 2: 2 MB/s de velocidade de gravação sequencial mínima;
Classe 4: 4 MB/s de velocidade de gravação sequencial mínima;
Classe 6: 6 MB/s de velocidade de gravação sequencial mínima;
Classe 10: 10 MB/s de velocidade de gravação sequencial mínima.
Os cartões mais modernos: U1 e U3
Nos cartões mais novos (e caros), você encontrará outro número, o UHS (Ultra High Speed). Existem apenas duas opções:

sandisk-uhs-1
UHS 1 (U1): 10 MB/s de velocidade de gravação sequencial mínima;
UHS 3 (U3): 30 MB/s de velocidade de gravação sequencial mínima.
Mas espere: se U1 e Classe 10 garantem a mesma velocidade, por que eles têm nomes diferentes? É agora que a coisa começa a ficar legal.

O barramento: Normal, High, UHS-I e UHS-II
Existem quatro tipos de barramentos, utilizados dependendo da classe de velocidade do SD. Eles determinam a velocidade máxima na qual o cartão de memória vai se comunicar com o gadget — ou seja, não importa se a fabricante colocar uma memória de altíssima qualidade no microSD; a taxa de leitura ou escrita ficará limitada pela interface.

São eles:

Normal Speed: 12,5 MB/s de taxa de transferência máxima;
High Speed: 25 MB/s de taxa de transferência máxima;
UHS-I: 50 MB/s ou 104 MB/s de taxa de transferência máxima;
UHS-II: 156 MB/s ou 312 MB/s de taxa de transferência máxima.
E as classes de velocidade estão atreladas ao barramento, portanto:

Normal Speed: mínimo exigido em cartões Classe 2, 4 e 6;
High Speed: mínimo exigido em cartões Classe 10;
UHS-I e UHS-II: exigidos em cartões UHS 1 ou UHS 3 (sim, é confuso, culpe a SD Association).
É UHS-II, mas é UHS 3
É UHS-II, mas é UHS 3

Assim, um microSD Classe 10 padrão poderá chegar a no máximo 25 MB/s de leitura e gravação, mas se ele tiver barramento UHS-I, tem potencial para ser até quatro vezes mais rápido. Não é pouca coisa.

Visualmente, você pode diferenciar os caríssimos SD UHS-II do resto olhando para os contatos do cartão de memória:

uhs-ii-contatos-sd
App Performance Class
As velocidades sequenciais são úteis para fotografia ou filmagem, mas elas fazem pouco sentido quando o cartão é utilizado para armazenar dados de aplicativos — normalmente, os softwares leem ou gravam uma penca de dados minúsculos por segundo, não um único dado grande.

Por isso, os novos microSD poderão ter um selo que indica o desempenho do cartão de memória na execução de aplicativos, o App Class Performance. Há apenas uma classe por enquanto:

sd-a1
A1: 10 MB/s de velocidade de gravação sequencial, 1.000 IOPS (operações de entrada e saída por segundo) aleatórios de leitura e 500 IOPS aleatórios de escrita mínimos.
Além da velocidade sequencial, entram em cena os IOPS, que definem o número de operações por segundo que o microSD consegue realizar.

Eu acho estranho o baixo conhecimento dessa especificação, mesmo entre o público que acompanha tecnologia, porque ela é justamente o que distancia os HDs dos SSDs. Um disco rígido de 7.200 RPM de boa qualidade consegue algo perto de 100 IOPS, mas um SSD basicão, como o Samsung 750 EVO, atinge 88.000 (!) IOPS aleatórios de escrita. É por isso que o boot do sistema operacional e a abertura de programas ficam absurdamente mais rápidos com SSD (e não por causa das velocidades em MB/s).

O A1 se tornou ainda mais importante com o Android 6.0 Marshmallow, que permite utilizar um cartão de memória como complemento do armazenamento interno. Um microSD Classe 10 ou mesmo U1 pode até ser rápido para gravar um arquivo, mas aguentar poucas operações de leitura e escrita por segundo, o que vai causar lentidão no aparelho se você utilizá-lo para guardar aplicativos. A nova especificação vai facilitar a diferenciação entre os SD bons e ruins.

E se você ficou curioso para descobrir a agilidade do seu microSD ou armazenamento interno, dá uma olhada no AndroidBench, um benchmark de memória para Android — selecione a partição nas configurações e rode o teste Micro.

https://tecnoblog.net/204159/microsd-classe-uhs-a1-velocidade/

Comentários

Notícias mais vistas:

Constância e Caima

  Fomos visitar Luís Vaz de Camões a Constância, ver a foz do Zêzere, e descobrimos que do outro lado do arvoredo estava escondida a Caima, Indústria de Celulose. https://www.youtube.com/watch?v=w4L07iwnI0M&list=PL7htBtEOa_bqy09z5TK-EW_D447F0qH1L&index=16

Armazenamento holográfico

 Esta técnica de armazenamento de alta capacidade pode ser uma das respostas para a crescente produção de dados a nível mundial Quando pensa em hologramas provavelmente associa o conceito a uma forma futurista de comunicação e que irá permitir uma maior proximidade entre pessoas através da internet. Mas o conceito de holograma (que na prática é uma técnica de registo de padrões de interferência de luz) permite que seja explorado noutros segmentos, como o do armazenamento de dados de alta capacidade. A ideia de criar unidades de armazenamento holográficas não é nova – o conceito surgiu na década de 1960 –, mas está a ganhar nova vida graças aos avanços tecnológicos feitos em áreas como os sensores de imagem, lasers e algoritmos de Inteligência Artificial. Como se guardam dados num holograma? Primeiro, a informação que queremos preservar é codificada numa imagem 2D. Depois, é emitido um raio laser que é passado por um divisor, que cria um feixe de referência (no seu estado original) ...

TAP: quo vadis?

 É um erro estratégico abismal decidir subvencionar uma vez mais a TAP e afirmar que essa é a única solução para garantir a conectividade e o emprego na aviação, hotelaria e turismo no país. É mentira! Nos últimos 20 anos assistiu-se à falência de inúmeras companhias aéreas. 11 de Setembro, SARS, preço do petróleo, crise financeira, guerras e concorrência das companhias de baixo custo, entre tantos outros fatores externos, serviram de pano de fundo para algo que faz parte das vicissitudes de qualquer empresa: má gestão e falta de liquidez para enfrentar a mudança. Concentremo-nos em três casos europeus recentes de companhias ditas “de bandeira” que fecharam as portas e no que, de facto, aconteceu. Poucos meses após a falência da Swissair, em 2001, constatou-se um fenómeno curioso: um número elevado de salões de beleza (manicure, pedicure, cabeleireiros) abriram igualmente falência. A razão é simples, mas só mais tarde seria compreendida: muitos desses salões sustentavam-se das assi...