O Conselho Nacional de Educação (CNE) divulgou esta terça-feira o relatório "Estado da Educação 2016", no qual faz um retrato global da área
Muitos chumbos
Os alunos portugueses continuam a ser dos que mais chumbam na Europa, o que leva a presidente do CNE, Maria Emilia Brederode Santos, a criticar a "cultura da retenção" que ainda domina a escola portuguesa.
Apesar de a taxa de retenção e desistência ter voltado a diminuir em 2016, há ainda muitas crianças a chumbar logo nos primeiros anos de escolaridade: 8,9% dos alunos ficam retidos no 2.º ano e 17% chumbam até ao 6.º ano.
É entre as crianças de meios mais desfavorecidos e com pais com menos formação académica que se encontra a grande maioria dos alunos que vai ficando para trás, lembra a presidente do CNE, chamando a atenção para o facto de o chumbo contribuir "para estigmatizar alunos e potenciar a acumulação de retenções".
Por isso, o CNE defende que é preciso intervir "ao primeiro sinal de dificuldade" dos alunos, mas também que é preciso repensar os métodos de ensino ainda utilizados pelos professores, uma vez que em Portugal a grande maioria das aulas continua a ser expositiva.
Aulas só para ouvir
Maria Emilia Brederode Santos acredita que as aulas em que o professor se limita a falar sobre a matéria e os alunos a ouvir podem ter impacto na elevada taxa de insucesso escolar e que Portugal é um dos países onde os professores mais utilizam o método expositivo (apenas ultrapassado pelos irlandeses).
As aulas expositivas são o método seguido por todos os docentes e não apenas pelos mais velhos: esta opção "não se correlaciona com a idade dos professores, mas sim com práticas enraizadas nos diferentes países", sublinha o relatório.
Mais abandono
O número de alunos que abandonou a escola antes do tempo aumentou no ano passado, contrariando a tendência de diminuição que se vinha a verificar nos últimos anos, segundo o relatório Estado da Educação.
No ano passado, a taxa de abandono precoce de educação e formação atingiu os 14%, ficando a quatro pontos percentuais da meta europeia definida para 2020. Mais de metade dos jovens que abandonaram a escola em 2016 estava a trabalhar, refere o relatório.
Indisciplina: quanto mais velhos os professores, pior
A capacidade de lidar com a indisciplina está diretamente relacionada com a idade dos professores: com a idade vão ficando menos pacientes e, em especial no 3.º ciclo e no secundário, são os docentes com mais de 50 anos que reportam mais casos de indisciplina.
Atualmente, os professores apresentam em média 23 anos de serviço, "sinalizando estabilidade, mas também uma tendência para o envelhecimento do corpo docente".
Menos alunos no básico
O relatório sublinha ainda a redução de alunos no ensino básico, em especial no 1.º ciclo, uma tendência que se deverá manter pelo menos até 2020. Até lá, estima-se que todos os anos haja uma redução de cerca de seis mil novos estudantes a entrar para o 1.º ciclo.
No total, entre 2007 e 2016, as escolas públicas perderam 126.596 alunos enquanto o ensino privado ganhou 15.602 estudantes.
Explicações em alta, mas atenção nas aula é o que resulta mais
A forma como os alunos do ensino secundário estuda e se prepara para as provas também é referido no relatório que indica que Portugal tem a percentagem mais elevada de alunos do ensino secundário que recorre a explicações fora do espaço escolar.
"61% (dos alunos) declaram ter aulas particulares de Matemática para ter boa nota nos exames", lê-se no relatório.
Mas existem três ou quatro formas de agir que parecem ajudar no sucesso académico, tendo em conta os bons resultados dos alunos portugueses que participaram em provas internacionais.
Os estudantes com melhores notas dizem que "estão mais atentos nas aulas e resistem ao barulho e à desorganização".
Ensino público perdeu mais de 30 mil professores numa década
O relatório anual do Conselho Nacional de Educação (CNE) revela que entre os anos letivos de 2006-2007 e 2015-2016 as escolas públicas do pré-escolar ao ensino secundário perderam 30.153 professores, aos quais se junta uma redução de 936 docentes no ensino privado.
Ainda assim, assinala-se um crescimento em 2015-2016 no ensino público de 1.639 docentes face ao ano letivo anterior, mas com um impacto reduzido na quebra ao longo da década.
"Esta diminuição pode ser explicada tendo em conta fatores como: a quebra do número de alunos, a reorganização dos agrupamentos de escolas, as alterações curriculares, a redução dos horários zero, as aposentações e as medidas financeiras mais restritivas, tal como foi referido em anteriores relatórios", lê-se no relatório.
http://visao.sapo.pt/actualidade/sociedade/2017-12-12-Professores-mais-velhos-aulas-pouco-praticas-e-muitos-chumbos.-Este-e-o-estado-da-Educacao
Muitos chumbos
Os alunos portugueses continuam a ser dos que mais chumbam na Europa, o que leva a presidente do CNE, Maria Emilia Brederode Santos, a criticar a "cultura da retenção" que ainda domina a escola portuguesa.
Apesar de a taxa de retenção e desistência ter voltado a diminuir em 2016, há ainda muitas crianças a chumbar logo nos primeiros anos de escolaridade: 8,9% dos alunos ficam retidos no 2.º ano e 17% chumbam até ao 6.º ano.
É entre as crianças de meios mais desfavorecidos e com pais com menos formação académica que se encontra a grande maioria dos alunos que vai ficando para trás, lembra a presidente do CNE, chamando a atenção para o facto de o chumbo contribuir "para estigmatizar alunos e potenciar a acumulação de retenções".
Por isso, o CNE defende que é preciso intervir "ao primeiro sinal de dificuldade" dos alunos, mas também que é preciso repensar os métodos de ensino ainda utilizados pelos professores, uma vez que em Portugal a grande maioria das aulas continua a ser expositiva.
Aulas só para ouvir
Maria Emilia Brederode Santos acredita que as aulas em que o professor se limita a falar sobre a matéria e os alunos a ouvir podem ter impacto na elevada taxa de insucesso escolar e que Portugal é um dos países onde os professores mais utilizam o método expositivo (apenas ultrapassado pelos irlandeses).
As aulas expositivas são o método seguido por todos os docentes e não apenas pelos mais velhos: esta opção "não se correlaciona com a idade dos professores, mas sim com práticas enraizadas nos diferentes países", sublinha o relatório.
Mais abandono
O número de alunos que abandonou a escola antes do tempo aumentou no ano passado, contrariando a tendência de diminuição que se vinha a verificar nos últimos anos, segundo o relatório Estado da Educação.
No ano passado, a taxa de abandono precoce de educação e formação atingiu os 14%, ficando a quatro pontos percentuais da meta europeia definida para 2020. Mais de metade dos jovens que abandonaram a escola em 2016 estava a trabalhar, refere o relatório.
Indisciplina: quanto mais velhos os professores, pior
A capacidade de lidar com a indisciplina está diretamente relacionada com a idade dos professores: com a idade vão ficando menos pacientes e, em especial no 3.º ciclo e no secundário, são os docentes com mais de 50 anos que reportam mais casos de indisciplina.
Atualmente, os professores apresentam em média 23 anos de serviço, "sinalizando estabilidade, mas também uma tendência para o envelhecimento do corpo docente".
Menos alunos no básico
O relatório sublinha ainda a redução de alunos no ensino básico, em especial no 1.º ciclo, uma tendência que se deverá manter pelo menos até 2020. Até lá, estima-se que todos os anos haja uma redução de cerca de seis mil novos estudantes a entrar para o 1.º ciclo.
No total, entre 2007 e 2016, as escolas públicas perderam 126.596 alunos enquanto o ensino privado ganhou 15.602 estudantes.
Explicações em alta, mas atenção nas aula é o que resulta mais
A forma como os alunos do ensino secundário estuda e se prepara para as provas também é referido no relatório que indica que Portugal tem a percentagem mais elevada de alunos do ensino secundário que recorre a explicações fora do espaço escolar.
"61% (dos alunos) declaram ter aulas particulares de Matemática para ter boa nota nos exames", lê-se no relatório.
Mas existem três ou quatro formas de agir que parecem ajudar no sucesso académico, tendo em conta os bons resultados dos alunos portugueses que participaram em provas internacionais.
Os estudantes com melhores notas dizem que "estão mais atentos nas aulas e resistem ao barulho e à desorganização".
Ensino público perdeu mais de 30 mil professores numa década
O relatório anual do Conselho Nacional de Educação (CNE) revela que entre os anos letivos de 2006-2007 e 2015-2016 as escolas públicas do pré-escolar ao ensino secundário perderam 30.153 professores, aos quais se junta uma redução de 936 docentes no ensino privado.
Ainda assim, assinala-se um crescimento em 2015-2016 no ensino público de 1.639 docentes face ao ano letivo anterior, mas com um impacto reduzido na quebra ao longo da década.
"Esta diminuição pode ser explicada tendo em conta fatores como: a quebra do número de alunos, a reorganização dos agrupamentos de escolas, as alterações curriculares, a redução dos horários zero, as aposentações e as medidas financeiras mais restritivas, tal como foi referido em anteriores relatórios", lê-se no relatório.
http://visao.sapo.pt/actualidade/sociedade/2017-12-12-Professores-mais-velhos-aulas-pouco-praticas-e-muitos-chumbos.-Este-e-o-estado-da-Educacao
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