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60 anos de prisão por posse de pornografia infantil

Larry Nassar, ex-médico da equipa de ginástica dos EUA, foi esta quarta-feira condenado a uma pena de prisão entre 40 e 175 anos por abuso de atletas que estavam ao seu cuidado.

Em dezembro já tinha sido condenado a 60 anos de prisão – com o mínimo de 25 de cadeia efetiva – por posse de pornografia infantil.

O antigo médico da equipa norte-americana de ginástica, Larry Nassar, foi condenado esta quarta-feira a uma pena de prisão entre os 40 e os 175 anos por abusar das atletas que estavam ao seu cuidado.

A sentença decretada no tribunal de Michigan, nos EUA, foi decretada duas semanas depois de terem sido ouvidos 158 testemunhos, incluindo as campeãs olímpicas Aly Raisman e McKayla Maroney.

“Assinei a tua sentença de morte“, foi o que a juíza Rosemarie Aquilina disse depois de proferir a sentença do ex-médico, que já se tinha dado como culpado de outros crimes de abuso. Em dezembro, foi condenado a 60 anos de prisão – com o mínimo de 25 de cadeia efetiva – por posse de pornografia infantil.


Agora, Larry Nassar enfrenta até 175 anos de prisão, que irão começar nos 10 anos, mas que irão sofrer agravamentos posteriores de forma a que nunca mais saia da cadeia.

De acordo com o Público, o antigo médico de 54 anos pediu desculpa às vítimas antes da leitura da sentença e manifestou arrependimento, garantindo que iria levar “as vossas palavras até ao fim dos meus dias”. No entanto, a juíza não considerou o pedido desculpas sincero.

Alguns testemunhos foram bastante descritivos e detalhados. Para além de Raisman e Maroney, que testemunharam em tribunal, outras ginastas revelaram ter sofrido abusos de Larry Nassar, entre elas a campeã olímpica Simone Biles.

O caso começou há dois anos, quando o Indianapolis Star começou a investigar como é que a USA Gymnastics lidava com alegações de abuso sexual relativas aos treinadores. Isto fez com que a antiga ginasta Rachael Denhollander alertasse o jornal para os abusos de Nassar.

Segundo o DN, depois desta investigação, o número de vítimas começou a aumentar. No início, esperava-se que fossem cerca de 90 mulheres a testemunhar, mas no fim acabaram por ser mais de 150 a fazê-lo.

Angela Povilaitis, vice-procuradora-geral, afirmou que, enquanto sociedade, “precisamos de jornalistas de investigação mais do que nunca”. Povilaitis disse ao júri do tribunal que sem Denhollander e o jornal, Larry Nassar “continuaria a praticar medicina, tratar atletas e abusar de crianças”.

O jornal do Indiana recebeu o prémio de reportagem de justiça criminal, atribuído pela associação Investigative Reporters & Editors.

“Todos os dias tenho medo de voltar a ter um pesadelo”
A ginasta Kaylee Lorincz contou em tribunal os abusos que sofreu desde os seus 13 anos. A atleta acusa o antigo médico de lhe ter roubado a inocência e confessou que “todos os dias tenho medo de voltar a ter um pesadelo”.

Segundo o Observador, Larry Nassar chorou durante o depoimento da atleta, que terminou dizendo que o médico subestimou “a nossa força e a nossa força de vontade. Como se viu, fomos fortes e conseguimos derrubá-lo. Deixámos de ser desconhecidas”.

O último depoimento coube a Rachael Denhollander, a primeira a apresentar queixa contra Nassar no seguimento da investigação publicada pelo Indianapolis Star, em agosto de 2016.

@CBSNews
Respondendo a @CBSNews
"You used your own daughter to manipulate me. And every time I held my babies, I prayed to God you would leave your abuse in the exam room and not take it home to the little girl born with black hair just like her daddy," Rachael Denhollander says http://cbsn.ws/2Bre9wR pic.twitter.com/qxuZNkdMfH


CBS News

@CBSNews
WATCH: Larry Nassar's defense attorney objects to statement by victim Rachael Denhollander, the first woman to file a criminal complaint against Nassar; judge asks court room to "calm down" http://cbsn.ws/2Bre9wR pic.twitter.com/XVLo52ByfX


“Não fazia ideia que, enquanto ia sendo abusada, todas as queixas iam sendo abafadas pela Universidade de Michigan State e pela Federação de Ginástica. Houve casos em 1997, 1998, 1999, 2000… e nada. Até quando tornei público o abuso que sofri, as pessoas disseram que eu queria fama e dinheiro“, disse a ginasta.

O antigo médico chegou a contestar algumas palavras, levantando-se algumas vezes durante as declarações, mas a juíza voltou a sublinhar que a atleta tinha o direito de dizer tudo o que quisesse, elogiando a coragem de Denhollander.

“A Rachael não criou um caso, criou um exército de sobreviventes e é a general. Foi você que começou todo este terramoto e que fez com que as vozes se ouvissem”, afirmou Rosemarie Aquilina.

https://zap.aeiou.pt/assinei-a-tua-sentenca-de-morte-larry-nassar-condenado-a-pena-de-prisao-de-40-a-175-anos-189033

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