Avançar para o conteúdo principal

Venezuela enche lojas com produtos inacessíveis antes do Natal

CARACAS - Para completar um ano de crise econômica que deixou muitos venezuelanos com fome, o governo socialista do país está enchendo as lojas com produtos antes do Natal, a preços que a maioria não pode pagar.

Milhares de contêineres de comidas de festa e brinquedos estão a caminho, dizem autoridades, e, ao mesmo tempo que as prateleiras dos supermercados parecem mais cheias, os preços estão absurdamente altos para pessoas ganhando apenas dezenas de dólares por mês pela cotação cambial no mercado negro.

"Se você tem dinheiro, então é claro que você está feliz", disse Geronimo Perez, vendendo jornais no centro de Caracas. "Mas se não, você é deixado de mãos vazias."

Um pacote de 1,8 kg de leite em pó custa o equivalente a 20 dólares em Caracas pela cotação do mercado negro. Isso é mais do que duas semanas de trabalho pelo salário mínimo venezuelano.

O país está atravessando grandes problemas econômicos e sociais, uma vez que uma década e meia de controles cambial, de preços e agora os preços baixos do petróleo deixaram o governo e as empresas sem recursos suficientes para importar bens.

Isso significa que os supermercados não têm produtos básicos de arroz a frango, e muito menos ainda presentes de Natal.

"PELO MENOS AS CRIANÇAS"

As filas para os supermercados que estocam os bens regulados podem alcançar centenas ou milhares, e muitos deles acabam frustrados.

O presidente Nicolás Maduro põe a culpa pelos problemas numa "guerra econômica" travada contra o seu país, e o governo prometeu que os suprimentos serão "suficientes" em dezembro.

O bolívar se desvalorizou cerca de 40 por cento em relação ao dólar no mercado negro somente no mês passado. Um dólar compra quase 1.900 bolívares nas ruas, comparados com dez bolívares pelo índice oficial do governo.

Isso significa que importadores trazendo produtos pelo mercado negro estão pagando ainda mais e passando esses custos para os consumidores, alimentando a inflação que, segundo o FMI, vai superar os 2.000 por cento no ano que vem.

A irritação é crescente, e centenas de milhares foram às ruas nas últimas semanas na esperança de uma mudança. Outros, porém, estão contentes com o alívio das festas.

"É melhor pois pelo menos a gente pode celebrar um pouco em meio a todos esses problemas, pelo menos as crianças", disse Karina Mora, deixando um mercado no centro de Caracas com os dois filhos pequenos.


Em: http://www.dci.com.br/internacional/venezuela-enche-lojas-com-produtos-inacessiveis-antes-do-natal-id587134.html

Comentários

Notícias mais vistas:

Diarreia legislativa

© DR  As mais de 150 alterações ao Código do Trabalho, no âmbito da Agenda para o Trabalho Digno, foram aprovadas esta sexta-feira pelo Parlamento, em votação final. O texto global apenas contou com os votos favoráveis da maioria absoluta socialista. PCP, BE e IL votaram contra, PSD, Chega, Livre e PAN abstiveram-se. Esta diarréia legislativa não só "passaram ao lado da concertação Social", como também "terão um profundo impacto negativo na competitividade das empresas nacionais, caso venham a ser implementadas Patrões vão falar com Marcelo para travar Agenda para o Trabalho Digno (dinheirovivo.pt)

OE2026: 10 medidas com impacto (in)direto na carteira dos portugueses

  O Governo entregou e apresentou a proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano, mas com poucas surpresas. As mudanças nos escalões de IRS já tinham sido anunciadas, bem como o aumento nas pensões. Ainda assim, há novidades nos impostos, alargamento de isenções, fim de contribuições extraordinárias e mais despesa com Defesa, 2026 vai ser “um ano orçamental exigente” e a margem disponível para deslizes está “próxima de zero”. A afirmação em jeito de aviso pertence ao ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, e foi proferida na  apresentação da proposta de Orçamento do Estado  para o próximo ano. O excedente é de cerca de 230 milhões de euros, pelo que se o país não quer voltar a entrar num défice, a margem para mais medidas é "próxima de zero". "Os números são o que são, se não tivéssemos os empréstimos do PRR não estaríamos a fazer alguns projetos", apontou, acrescentando que não vai discutir o mérito da decisão tomada relativamente à 'bazuca europ...

Bruxelas obriga governo a acabar com os descontos no ISP

 Comissão Europeia recomendou o fim dos descontos no imposto sobre os produtos petrolíferos e energéticos O ministro das Finanças garantiu que o Governo está a trabalhar numa solução para o fim dos descontos no imposto sobre os produtos petrolíferos e energéticos (ISP), recomendado pela Comissão Europeia, que não encareça os preços dos combustíveis. “Procuraremos momentos de redução dos preços, para poder reverter estes descontos”, afirmou o ministro de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, que apresentou esta quinta-feira a proposta de Orçamento do Estado para 2026, em Lisboa. O governante apontou que esta questão é colocada pela Comissão Europeia desde 2023, tendo sido “o único reparo” que a instituição fez na avaliação do Programa Orçamental de Médio Prazo, em outubro do ano passado, e numa nova carta recebida em junho, a instar o Governo a acabar com os descontos no ISP. O ministro da Economia e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, tinha já admitido "ajusta...