Avançar para o conteúdo principal

"Caiu que nem uma bomba": escolas e professores em polvorosa devido a nota sobre a recuperação do tempo de serviço



 Instituto de Gestão Financeira da Educação enviou às escolas uma nota informativa que estabelece o calendário para a cabimentação dos salários dos professores que sobem de escalão. As datas estabelecidas coincidem com períodos de férias de funcionários escolares e docentes. Muitas escolas encerram mesmo nesse período por permissão do Ministério

A Federação Nacional de Educação (FNE) e vários diretores escolares estão a pedir ao Instituto de Gestão Financeira da Educação (IGeFE) o adiamento das datas dos procedimentos para a cabimentação (isto é, incluir no orçamento) dos salários dos professores que mudam de escalão por causa da recuperação da primeira tranche do tempo de serviço. O IGeFE enviou esta quinta-feira às escolas uma nota informativa em que estabelece o “calendário definido para possibilitar a emissão dos cabimentos e pagamentos das progressões no âmbito da recuperação integral do tempo de serviço em setembro de 2024”. Entre dia 5 e 13 de agosto deve ocorrer a verificação e correção de dados por parte dos serviços escolares; entre 14 e 26 de agosto os docentes devem confirmar os dados e os diretores submeterem os pedidos de cabimento; e a cabimentação deve ser feita pelo IGeFE entre 27 e 30 de agosto, para os salários que são pagos no final do mês de setembro.


“Esta nota informativa caiu que nem uma bomba nas escolas. Tem prazos muito apertados. É uma altura em que as secretarias têm férias. Tenho recebido muitos contactos de diretos a dizer que é inexequível e temo que, em muitos casos, não seja mesmo exequível. Há muitos funcionários de férias e não os queremos chamar a meio das férias para virem trabalhar. É uma empreitada de que as pessoas não têm noção”, diz Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos Escolares (ANDAEP), sublinhando que “o IGeFE deve fazer uma introspeção para ver se é possível alargar estes prazos”.


A FNE já enviou um ofício ao Ministério da Educação, Ciência e Inovação, a pedir que estes prazos sejam protelados para a primeira semana de setembro, quando as escolas já estão em pleno funcionamento e a maioria dos professores já entrou a serviço.


“É uma altura muito complicada para todos. Os diretores não têm recursos disponíveis, muitos funcionários de férias, os que não estão de férias, estão assoberbados com todas as outras tarefas que têm de ser levadas a cabo neste período. Neste momento os professores não têm acesso à aplicação e, estando de férias, os professores podem não ter acesso à documentação nem ter como aceder a ela”, sublinha Pedro Barreiros, em declarações à CNN Portugal.


A FNE acredita que, se os procedimentos forem adiados para o início de setembro, não haverá problemas em cabimentar o aumento do salário destes docentes, a tempo do pagamento dos honorários dos docentes na semana de 23 de setembro.


A CNN Portugal teve acesso a um email escrito por Alberto Veronesi, diretor do Agrupamento de Escolas de Santa Maria dos Olivais, em Lisboa, a informar que as escolas do agrupamento vão estar fechadas “com todos os seus funcionários e equipa diretiva em gozo de férias, na semana de 19 a 23 de agosto”. Uma semana de pausa autorizada pelo Ministério a todas as escolas e que já estava marcada antes da emissão desta nota informativa da IGeFE.


“Acreditamos que a revisão das datas da Nota Informativa nº 11/ IGeFE / 2024, em consonância com a decisão do Sr. Ministro da Educação, contribuirá significativamente para o bem-estar e a qualidade de vida dos profissionais da educação, refletindo positivamente no desempenho e na qualidade do ensino oferecido nas nossas escolas”, sublinha Alberto Veronesi no email dirigido a Fernanda Maria Duarte Nogueira, presidente do conselho diretivo do IGeFE.


A CNN Portugal sabe que há outros diretores a seguirem o exemplo de Alberto Veronesi e a pedir o adiamento dos prazos ao IGeFE. 


Num comunicado emitido a 1 de julho, o movimento cívico de professores Missão Escola Pública já tinha manifestado preocupação com os prazos para a implementação dos procedimentos que levariam à aplicação da recuperação da primeira tranche do tempo de serviço congelado. “Apesar de ter sido dado a entender que o problema da recuperação do tempo de serviço estava resolvido, este mantém-se e, tendo em conta o período de férias dos serviços administrativos das escolas, será praticamente impossível, ainda que o diploma possa vir a ser publicado em breve, que em setembro algum professor venha a progredir de escalão por via deste documento”, ainda antes da promulgação e publicação em Diário da República do diploma da recuperação do tempo de serviço dos professores.


"Caiu que nem uma bomba": escolas e professores em polvorosa devido a nota sobre a recuperação do tempo de serviço - CNN Portugal (iol.pt)


Comentários

  1. Será que os sindicatos não sabem prever as coisa?
    O Governo apenas está a cumprir o acordado com os sindicatos que é devolver a primeira tranche do tempo de serviço em Setembro, mas para isso o trabalho tem que ser feito, em Agosto.
    Ninguém se lembrou que Agosto é mês de Férias?

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Notícias mais vistas:

Diarreia legislativa

© DR  As mais de 150 alterações ao Código do Trabalho, no âmbito da Agenda para o Trabalho Digno, foram aprovadas esta sexta-feira pelo Parlamento, em votação final. O texto global apenas contou com os votos favoráveis da maioria absoluta socialista. PCP, BE e IL votaram contra, PSD, Chega, Livre e PAN abstiveram-se. Esta diarréia legislativa não só "passaram ao lado da concertação Social", como também "terão um profundo impacto negativo na competitividade das empresas nacionais, caso venham a ser implementadas Patrões vão falar com Marcelo para travar Agenda para o Trabalho Digno (dinheirovivo.pt)

As obras "faraónicas" e os contratos públicos

  Apesar da instabilidade dos mercados financeiros internacionais, e das dúvidas sobre a sustentabilidade da economia portuguesa em cenário de quase estagnação na Europa, o Governo mantém na agenda um mega pacote de obras faraónicas.  A obra que vai ficar mais cara ao país é, precisamente, a da construção de uma nova rede de alta velocidade ferroviária cujos contornos não se entendem, a não ser que seja para encher os bolsos a alguns à custa do contribuinte e da competitividade. Veja o vídeo e saiba tudo em: As obras "faraónicas" e os contratos públicos - SIC Notícias

Franceses prometem investir "dezenas de milhões" na indústria naval nacional se a marinha portuguesa comprar fragatas

  Se Portugal optar pelas fragatas francesas de nova geração, a construtora compromete-se a investir dezenas de milhões de euros na modernização do Arsenal do Alfeite e a canalizar uma fatia relevante do contrato diretamente para a economia e indústria nacional, exatamente uma das prioridades já assumidas pelo ministro da Defesa, Nuno Melo Intensifica-se a "luta" entre empresas de defesa para fornecer a próxima geração de fragatas da marinha portuguesa. A empresa francesa Naval Group anunciou esta terça-feira um plano que promete transformar a indústria naval nacional com o investimento de "dezenas de milhões de euros" para criar um  hub  industrial no Alfeite, caso o governo português opter por comprar as fragatas de nova geração do fabricante francês. "O Naval Group apresentou às autoridades portuguesas uma proposta para investir os montantes necessários, estimados em dezenas de milhões de euros, para modernizar o Arsenal do Alfeite e criar um polo industrial...