Avançar para o conteúdo principal

StopClub, empresa brasileira que enfrenta Uber em tribunal, chega a Portugal para ajudar motoristas a perceber que viagens valem a pena



 Começam por instalar-se em estacionamentos e criar pontos de encontro para motoristas, que aí param para lavar o carro, almoçar, ter acesso à internet e, principalmente, para conversar com outros trabalhadores de plataformas digitais. Com 12 espaços no Rio de Janeiro e prestes a abrir dois em São Paulo, a pandemia troca-lhes as voltas. “Tivemos que fechar tudo (…) e demitimos metade da equipa. Foi um período complicado, mas que acabou por ser um verdadeiro catalisador de mudança”, lembra Luiz Gustavo Neves, um dos cofundadores da startup brasileira StopClub.


Com os espaços de convívio a ficarem para trás, por força da Covid-19, a empresa começa a desenvolver e lança uma aplicação com ferramentas para ajudar os motoristas e os estafetas a “trabalhar de forma mais segura” e a “terem melhores ganhos financeiros”. Os funcionários que utilizam a plataforma podem conectar-se com outros, partilhar a sua localização e usar o telemóvel para gravar uma viagem, em formato de vídeo ou áudio.


É ainda disponibilizada uma funcionalidade relacionada com a “performance financeira”, para ajudar os motoristas a perceberem se as viagens que lhes são oferecidas pelas plataformas são vantajosas, e que levou a StopClub a enfrentar a Uber em tribunal no Brasil. Com a chegada deste recurso a Portugal, esta semana, Luiz Gustavo Neves e Pedro Inada, que partilham o cargo de CEO, dizem ao Observador estar “comprometidos” com os utilizadores e admitem que “não é fácil ser processado por uma empresa com o tamanho da Uber”.


As ferramentas que os motoristas pediram e que levaram a uma disputa judicial “surpresa”

As ferramentas para calcular o valor ganho por viagem e para recusar automaticamente aquelas que não são vantajosas foram um pedido expresso dos motoristas. Luiz Gustavo Neves diz que a StopClub esteve em contacto com advogados para perceber como poderia corresponder aos desejos dos utilizadores, garantindo que “as informações das viagens e todos os dados que a Uber oferece ficavam nos seus telefones”. “Fomos cautelosos nisso.”


As garantias de que não tem acesso aos dados dos utilizadores e de que não interfere na aplicação da Uber não foram suficientes. A empresa norte-americana entrou com um processo, na justiça de São Paulo, contra a StopClub, o que foi “uma surpresa” para os cofundadores, que afirmam ter tido “muito cuidado para isso não acontecer”. Em causa estão as ferramentas, lançadas nos primeiros meses de 2023, “cálculo de ganhos” — que diz ao motorista quanto é que vai ganhar por quilómetro percorrido ainda antes de aceitar a viagem — e “recusa automática”, que permite não aceitar deslocações com valores aquém do desejado para serem lucrativas.


Em declarações ao Observador, a StopClub explica que para calcular se o valor oferecido por viagem é vantajoso utiliza “um recurso oferecido pelo Android”, a “leitura de ecrã”. “Quando aparece a oferta de viagem da Uber, identificamos e lemos o ecrã (…) Não entramos na aplicação da Uber. Só lemos o que está no ecrã. Com isso, conseguimos fazer os cálculos e mostrá-los ao motorista”, afirma Luiz Gustavo Neves, que defende que os preços apresentados aos motoristas têm de ser mais justos. A startup brasileira considera que os utilizadores não devem “aceitar viagens em que a Uber esteja a oferecer menos de dois reais [cerca de 0,36€] por quilómetro”.


StopClub, empresa brasileira que enfrenta Uber em tribunal, chega a Portugal para ajudar motoristas a perceber que viagens valem a pena (https_observador.pt)


Comentários

Notícias mais vistas:

Diarreia legislativa

© DR  As mais de 150 alterações ao Código do Trabalho, no âmbito da Agenda para o Trabalho Digno, foram aprovadas esta sexta-feira pelo Parlamento, em votação final. O texto global apenas contou com os votos favoráveis da maioria absoluta socialista. PCP, BE e IL votaram contra, PSD, Chega, Livre e PAN abstiveram-se. Esta diarréia legislativa não só "passaram ao lado da concertação Social", como também "terão um profundo impacto negativo na competitividade das empresas nacionais, caso venham a ser implementadas Patrões vão falar com Marcelo para travar Agenda para o Trabalho Digno (dinheirovivo.pt)

OE2026: 10 medidas com impacto (in)direto na carteira dos portugueses

  O Governo entregou e apresentou a proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano, mas com poucas surpresas. As mudanças nos escalões de IRS já tinham sido anunciadas, bem como o aumento nas pensões. Ainda assim, há novidades nos impostos, alargamento de isenções, fim de contribuições extraordinárias e mais despesa com Defesa, 2026 vai ser “um ano orçamental exigente” e a margem disponível para deslizes está “próxima de zero”. A afirmação em jeito de aviso pertence ao ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, e foi proferida na  apresentação da proposta de Orçamento do Estado  para o próximo ano. O excedente é de cerca de 230 milhões de euros, pelo que se o país não quer voltar a entrar num défice, a margem para mais medidas é "próxima de zero". "Os números são o que são, se não tivéssemos os empréstimos do PRR não estaríamos a fazer alguns projetos", apontou, acrescentando que não vai discutir o mérito da decisão tomada relativamente à 'bazuca europ...

Governo altera regras de ISV para híbridos plug-in

  Híbridos plug-in vão continuar a pagar menos ISV, mas o Governo alterou as regras para evitar agravamento fiscal. Saiba o que está em causa. Atualmente, os  híbridos  plug-in  (que ligam à tomada) têm uma redução de 75% no ISV (Imposto Sobre Veículos), caso tenham uma autonomia mínima elétrica de 50 km e emissões de dióxido de carbono oficiais inferiores a 50 g/km. A partir de 2026, o Governo mantém a redução de 75% do ISV, mas vai aumentar o limite de 50 g/km de CO 2  para 80 g/km, de acordo com o que foi divulgado pela ACAP (Associação Automóvel de Portugal) ao  Expresso . © Volvo A razão para elevar o limite mínimo de emissões deve-se à entrada em vigor, a partir de janeiro de 2026, da norma Euro 6e-bis. Entre várias alterações, a norma vai alterar também a forma como são certificados os consumos e emissões dos híbridos  plug-in , refletindo melhor o uso real destes veículos. Resultado? A maioria dos valores de CO 2  homologados vão subir. Ca...