Avançar para o conteúdo principal

Este pequeno país está a crescer a um ritmo imparável de dois dígitos há mais de uma década (e não é a China, nem a Índia)



 Quando se fala de crescimento económico, os países que normalmente vêm à mente são gigantes emergentes como a Índia e a China. No entanto, existe uma pequena nação na América do Sul que está a desafiar todas as expectativas e a crescer a um ritmo vertiginoso, muito acima dos valores observados em qualquer outra economia mundial. Falamos da Guiana, que se destaca atualmente por ter uma das economias de mais rápido crescimento no mundo.


Nos últimos cinco anos, a Guiana tem registado um crescimento económico de dois dígitos, e as previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI) indicam que esta tendência deve continuar pelo menos até 2029. Este é um feito notável para um país que, até recentemente, estava entre os mais pobres da América do Sul. Hoje, a Guiana caminha rapidamente para se tornar uma das nações com maior rendimento per capita do continente.


O Milagre Económico da Guiana: O Petróleo

O segredo por trás deste crescimento extraordinário não é outro senão o petróleo. Em 2015, a gigante petrolífera ExxonMobil descobriu cerca de 11 mil milhões de barris de petróleo ao largo da costa da Guiana. Esta descoberta transformou o futuro económico do país. Em 2019, apenas quatro anos após o achado, a Guiana já estava a extrair petróleo em quantidade comercial, e em 2024 a produção atingiu cerca de 640 mil barris diários. Este aumento na produção fez da Guiana o líder mundial em produção de petróleo per capita.


O impacto deste crescimento na economia da Guiana é sem precedentes. Desde 2020, o país tem registado taxas de crescimento anuais impressionantes: 43,5% em 2020, 20,1% em 2021, 62,3% em 2022, e 33% em 2023. As projeções para 2024 e além indicam que o crescimento continuará a ser de dois dígitos, com alguns anos a ultrapassarem os 20%. Este nível de expansão económica, em tempos de paz, é raro na história moderna.


O Futuro da Guiana: Desafios e Oportunidades

Apesar do sucesso, o futuro da Guiana depende em grande parte do preço global do petróleo. Se o preço do petróleo cair drasticamente, o crescimento económico poderá abrandar. No entanto, o petróleo da Guiana tem uma vantagem significativa: é um petróleo leve e doce de alta qualidade, com um preço de equilíbrio muito competitivo, estimado em 28 dólares por barril, o que torna a exploração altamente rentável, mesmo em cenários de preços baixos.


Um dos fatores que têm contribuído para o rápido desenvolvimento da indústria petrolífera na Guiana é a localização das descobertas, que estão em alto-mar. Esta localização facilita os procedimentos administrativos e conta com o apoio total do governo guianense, que incentiva e facilita o investimento e o desenvolvimento da indústria.


Jorge Navarro, vice-presidente da Associação de Geólogos e Geofísicos Espanhóis do Petróleo, destacou em declarações ao elEconomista.es que “a rapidez com que se alcançaram acordos e se obtiveram autorizações ambientais e licenças para perfurar, bem como a celeridade na aprovação dos planos de desenvolvimento, reflete a estabilidade e o ambiente favorável que existe na Guiana para o setor petrolífero”. Este ambiente de estabilidade é crucial para que o FMI possa fazer previsões económicas sólidas para o futuro do país.


A Ascensão da Guiana: Uma Nova Noruega?

A enorme riqueza gerada pelo petróleo está a transformar a Guiana de uma forma que poucos poderiam prever. Embora seja cedo para tirar conclusões definitivas, os indicadores económicos apontam para um país que está a trilhar um caminho de prosperidade. Atualmente, o PIB per capita da Guiana em paridade de poder de compra já ultrapassa os 60 mil dólares, um nível que coloca o país ao lado das economias mais avançadas do mundo. No entanto, é importante notar que grande parte dessa riqueza é contabilística, resultante dos lucros do petróleo, e não reflete inteiramente a realidade económica do país.


Os benefícios do petróleo estão a começar a sentir-se na economia real da Guiana. O setor petrolífero está a gerar emprego para os guianenses e a criar oportunidades em vários outros setores, impulsionados pelo boom do petróleo. A chegada de engenheiros, gestores e outros trabalhadores qualificados ao país está a gerar uma procura crescente por bens e serviços, melhorando assim a vida de muitos cidadãos.


Contudo, há também uma parte significativa dos lucros do petróleo que não permanece na Guiana. Grandes somas são distribuídas como dividendos para os acionistas da ExxonMobil, muitos dos quais não são guianenses, e outra parte é destinada ao fundo soberano da Guiana, que já acumula ativos no valor de 2,8 mil milhões de dólares. Este fundo soberano é uma ferramenta crucial para garantir que as receitas do petróleo possam financiar o futuro do país, mesmo quando as reservas de petróleo começarem a diminuir.


A Guiana está a seguir o exemplo de países como a Noruega, que utilizaram as receitas do petróleo para construir um fundo soberano robusto, capaz de sustentar a economia a longo prazo e evitar o “mal holandês” que aflige muitas nações ricas em recursos naturais. Se a Guiana conseguir gerir sabiamente as suas riquezas, poderá assegurar um futuro próspero para as próximas gerações, transformando-se numa história de sucesso económico na América Latina.


Este pequeno país está a crescer a um ritmo imparável de dois dígitos há mais de uma década (e não é a China, nem a Índia) – Executive Digest (sapo.pt)


Comentários

Notícias mais vistas:

Esta cidade tem casas à venda por 12.000 euros, procura empreendedores e dá cheques bebé de 1.000 euros. Melhor, fica a duas horas de Portugal

 Herreruela de Oropesa, uma pequena cidade em Espanha, a apenas duas horas de carro da fronteira com Portugal, está à procura de novos moradores para impulsionar sua economia e mercado de trabalho. Com apenas 317 habitantes, a cidade está inscrita no Projeto Holapueblo, uma iniciativa promovida pela Ikea, Redeia e AlmaNatura, que visa incentivar a chegada de novos residentes por meio do empreendedorismo. Para atrair interessados, a autarquia local oferece benefícios como arrendamento acessível, com valores médios entre 200 e 300 euros por mês. Além disso, a aquisição de imóveis na região varia entre 12.000 e 40.000 euros. Novas famílias podem beneficiar de incentivos financeiros, como um cheque bebé de 1.000 euros para cada novo nascimento e um vale-creche que cobre os custos da educação infantil. Além das vantagens para famílias, Herreruela de Oropesa promove incentivos fiscais para novos moradores, incluindo descontos no Imposto Predial e Territorial Urbano (IBI) e benefícios par...

"A NATO morreu porque não há vínculo transatlântico"

 O general Luís Valença Pinto considera que “neste momento a NATO morreu” uma vez que “não há vínculo transatlântico” entre a atual administração norte-americana de Donald Trump e as nações europeias, que devem fazer “um planeamento de Defesa”. “Na minha opinião, neste momento, a menos que as coisas mudem drasticamente, a NATO morreu, porque não há vínculo transatlântico. Como é que há vínculo transatlântico com uma pessoa que diz as coisas que o senhor Trump diz? Que o senhor Vance veio aqui à Europa dizer? O que o secretário da Defesa veio aqui à Europa dizer? Não há”, defendeu o general Valença Pinto. Em declarações à agência Lusa, o antigo chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, entre 2006 e 2011, considerou que, atualmente, ninguém “pode assumir como tranquilo” que o artigo 5.º do Tratado do Atlântico Norte – que estabelece que um ataque contra um dos países-membros da NATO é um ataque contra todos - “está lá para ser acionado”. Este é um dos dois artigos que o gener...

Armazenamento holográfico

 Esta técnica de armazenamento de alta capacidade pode ser uma das respostas para a crescente produção de dados a nível mundial Quando pensa em hologramas provavelmente associa o conceito a uma forma futurista de comunicação e que irá permitir uma maior proximidade entre pessoas através da internet. Mas o conceito de holograma (que na prática é uma técnica de registo de padrões de interferência de luz) permite que seja explorado noutros segmentos, como o do armazenamento de dados de alta capacidade. A ideia de criar unidades de armazenamento holográficas não é nova – o conceito surgiu na década de 1960 –, mas está a ganhar nova vida graças aos avanços tecnológicos feitos em áreas como os sensores de imagem, lasers e algoritmos de Inteligência Artificial. Como se guardam dados num holograma? Primeiro, a informação que queremos preservar é codificada numa imagem 2D. Depois, é emitido um raio laser que é passado por um divisor, que cria um feixe de referência (no seu estado original) ...