Avançar para o conteúdo principal

Crise no Mar Vermelho: custo dos fretes da China para a Europa mais do que duplicou em duas semanas


Assalto dos Hutis ao navio Galaxy Leader a 19 de novembro de 2023 
KHALED ABDULLAH / REUTERS


 Desvio de rotas para evitar ataques de grupos rebeldes no Canal do Suez estão a aumentar o tempo das travessias e a fazer disparar os preços no transporte marítimo, afetando as empresas portuguesas.

Os preços do transporte marítimo entre a China e a Europa já estão a dispararar, numa altura em que os gigantes do transporte marítimo global são forçados a desviar navios devido aos ataques dos militantes Houthi no Mar Vermelho. As novas rotas podem representar um acréscimo de dez dias à travessia.


“O preço da rota do Mediterrâneo está a subir agora”, disse Xia Xiaoqiang, um transitário baseado em Tianjin, citado pelo South China Morning Post. “A taxa de frete do início de janeiro pode dobrar face à do início de dezembro”, acrescentou o mesmo responsável.


Os desvios têm como objetivo evitar os rebeldes houthis do Iémen. O grupo tem vindo a envolver-se no conflito entre Israel e o Hamas, visando nos últimos meses e com cada vez maior frequência os navios que atravessam o Mar Vermelho.


As principais empresas de transporte de mercadorias, incluindo a europeia CMA CGM, a Maersk e a Mediterranean Shipping, bem como a gigante estatal chinesa Cosco e a taiwanesa Evergreen Marine, suspenderam o tráfego através do Canal do Suez do Egipto. Ao invés, optam por seguir pelo cabo da Boa Esperança.


Este caminho diferente acrescenta cerca de dez dias às viagens no sentido oeste na rota Ásia-Norte da Europa e pode levar a novos picos nos custos de transporte, sinalizam os especialistas. Além do aumento do tempo de viagem, segundo fontes do setor ouvidas pelo ECO, têm de passar numa zona com “maior risco de sinistro” e com “alto risco de pirataria” (Golfo da Guiné).


“Acessoriamente, e desde o início do ano 2023, [também] os tempos de passagem no canal do Panamá têm vindo a aumentar em virtude dos baixos níveis de água no canal e bacias de reposição da água do mesmo, e os impactos da guerra na Ucrânia no mercado das mercadorias a granel”, sublinha Mário de Sousa, CEO da Portocargo.


Quais as principais consequências face a esta nova disrupção que afeta as grandes transportadoras de contentores, como a Maersk, a Hapag-Lloyd ou a MSC, com a entrada de navios em zonas de guerra e possíveis ataques de pirataria? Possíveis danos em mercadoria perecível, aumento dos custos no transporte e atrasos na entrega das mercadorias. Isto além de danos por navegação em condições atmosféricas adversas, perdas de exploração e produtos fora de época e “eventual aumento de sinistro por avaria grossa”, responde Mário de Sousa.


Seguros já começaram a subir

Também os seguros estão a disparar, sendo que foram identificadas novas zonas de perigo para a navegação pela The Joint War Committee (JWC). A reunião da JWC estendeu a zona de aviso de 15 graus para 18 graus Norte no Mar Vermelho (aumento de cerca de 330 kms na latitude), mas ainda juntou a Guiana em consequência do conflito territorial que opõe este país à Venezuela. Em África, a zona de risco da Eritreia subiu 3 graus para norte e os limites já estabelecidos para Cabo Delgado e as costas de Moçambique e Tanzânia foram ajustados.


Ainda na sequência dos ataques, os prémios de seguros subiram do normal risco de guerra de 0,03% do valor do navio para 0,05 ou mesmo 0,1% pelo tempo habitual de contrato de uma semana. Em números, pode significar que apenas pelo casco, sem carga, o prémio passou de cerca de 20 mil euros para um valor de até 70 mil euros.


Crise no Mar Vermelho: custo dos fretes da China para a Europa mais do que duplicou em duas semanas - Expresso

Preços do transporte marítimo entre China e Europa já estão a subir após ataques no Mar Vermelho – ECO (sapo.pt)


Comentários

Notícias mais vistas:

Constância e Caima

  Fomos visitar Luís Vaz de Camões a Constância, ver a foz do Zêzere, e descobrimos que do outro lado do arvoredo estava escondida a Caima, Indústria de Celulose. https://www.youtube.com/watch?v=w4L07iwnI0M&list=PL7htBtEOa_bqy09z5TK-EW_D447F0qH1L&index=16

TAP: quo vadis?

 É um erro estratégico abismal decidir subvencionar uma vez mais a TAP e afirmar que essa é a única solução para garantir a conectividade e o emprego na aviação, hotelaria e turismo no país. É mentira! Nos últimos 20 anos assistiu-se à falência de inúmeras companhias aéreas. 11 de Setembro, SARS, preço do petróleo, crise financeira, guerras e concorrência das companhias de baixo custo, entre tantos outros fatores externos, serviram de pano de fundo para algo que faz parte das vicissitudes de qualquer empresa: má gestão e falta de liquidez para enfrentar a mudança. Concentremo-nos em três casos europeus recentes de companhias ditas “de bandeira” que fecharam as portas e no que, de facto, aconteceu. Poucos meses após a falência da Swissair, em 2001, constatou-se um fenómeno curioso: um número elevado de salões de beleza (manicure, pedicure, cabeleireiros) abriram igualmente falência. A razão é simples, mas só mais tarde seria compreendida: muitos desses salões sustentavam-se das assi...

Novo passo na guerra: soldados norte-coreanos preparam tudo para entrar na Ucrânia

 A chegar às fileiras de Moscovo estão também mais armas e munições A guerra na Ucrânia pode estar prestes a entrar numa nova fase e a mudar de tom. Segundo a emissora alemã ZDF, a Rússia começou a transferir sistemas de artilharia de longo alcance fornecidos pela Coreia do Norte para a Crimeia, território ucraniano anexado pela Federação Russa em 2014. Trata-se de uma escalada significativa da colaboração militar entre Moscovo e Pyongyang, e um indício claro de que o envolvimento norte-coreano no conflito pode estar prestes a expandir-se dramaticamente. Imagens divulgadas online no dia 26 de março mostram canhões autopropulsados norte-coreanos Koksan a serem transportados por comboio através do norte da Crimeia. Estes canhões de 170 milímetros são considerados dos mais potentes do mundo em termos de alcance: conseguem atingir alvos a 40 quilómetros com munições convencionais e até 60 quilómetros com projéteis assistidos por foguete. Até agora, os militares norte-coreanos só tinham...