Avançar para o conteúdo principal

Marinha britânica testa sistema de navegação quântico


Imagem do XV Patrick Blackett. Crédito: Marinha Real Britânica


 No futuro, este sistema poderá substituir a utilização do GPS como ferramenta de geolocalização

A Marinha Real Britânica (Royal Navy) testou pela primeira vez um sistema de navegação quântico, um que explora as propriedades da física quântica para criar uma ferramenta de geolocalização de elevada precisão e em teoria mais segura do que os sistemas de navegação por satélite (GPS). 


O sistema de navegação quântico funciona através de um método conhecido como interferometria atómica. No caso do sistema testado pela marinha britânica, cerca de mil milhões de átomos de rubidium-87, um isótopo do rubídio, um elemento químico metálico, estão fechados dentro de uma esfera metálica, cujas temperaturas internas ficam muito próximas do chamado zero absoluto (273,15 ° centígrados negativos, mais frio do que o espaço sideral). Os átomos são depois atingidos com lasers por forma a serem estimulados, que os coloca num estado de sobreposição quântica – no qual estão parados e em movimento em simultâneo. Depois, cada um dos estados dos átomos reage a elementos como a gravidade e aceleração. A medição da reação dos átomos é o que permite depois medir distâncias, velocidades e, no global, a posição e movimentação do navio.


O intrincado sistema descrito, batizado de acelerómetro quântico, é depois encaixado numa estrutura com um tamanho de um frigorífico, que por sua vez é guardada dentro de uma caixa de dimensões superiores, dentro da qual também existem computadores para fazer a análise dos dados e estimar a posição do navio. Como as partículas em estado quântico são muito suscetíveis a interferências externas, todas as camadas de proteção do mundo exterior são essenciais para manter as medições o mais precisas possível.


Sistema de navegação quântico: Uma alternativa ao GPS

Uma das grandes vantagens teóricas, sobretudo a nível militar, da utilização de um sistema de navegação quântico é a menor propensão a ataques (estando o sistema no navio, só um ataque ao próprio navio teria impacto na ferramenta). No limite, um sinal de GPS, por ser comunicado a partir da triangulação de satélites, pode ser interrompido, se por exemplo for feito um ataque (físico ou informático) ao sistema de GPS.


“É por isso que a capacidade de ter uma nova e inovadora forma de traçar com precisão, muita precisão, a tua posição é fundamental para a forma como a Marinha Real Britânica e os militares operam”, sublinhou o coronel Tom Ryan, responsável pela Navy X, a divisão de pesquisa e desenvolvimento da marinha britânica, em declarações à Sky News.


Apesar de a marinha não confirmar essa hipótese, um sistema de navegação quântico também poderia ser usado em submarinos, veículos nos quais o sistema GPS não funciona quando submersos.


Atualmente, o dispositivo testado pela marinha britânica é capaz de medir a posição do navio a cada segundo. Apesar do teste agora realizado, não foi dada qualquer indicação sobre o nível de precisão atual da tecnologia, com o grande objetivo da experiência ter sido perceber como se comporta um acelerómetro quântico quando exposto às condições reais de navegação.


A tecnologia foi testada a bordo do navio experimental XV Patrick Blackett e desenvolvida por investigadores do Imperial College of London. 


https://visao.pt/exameinformatica/noticias-ei/ciencia-ei/2023-06-07-marinha-britanica-testa-sistema-de-navegacao-quantico/

Comentários

Notícias mais vistas:

Motores a gasolina da BMW vão ter um pouco de motores Diesel

Os próximos motores a gasolina da BMW prometem menos consumos e emissões, mas mais potência, graças a uma tecnologia usada em motores Diesel. © BMW O fim anunciado dos motores a combustão parece ter sido grandemente exagerado — as novidades têm sido mais que muitas. É certo que a maioria delas são estratosféricas:  V12 ,  V16  e um  V8 biturbo capaz de fazer 10 000 rpm … As novidades não vão ficar por aí. Recentemente, demos a conhecer  uma nova geração de motores de quatro cilindros da Toyota,  com 1,5 l e 2,0 l de capacidade, que vão equipar inúmeros modelos do grupo dentro de poucos anos. Hoje damos a conhecer os planos da Fábrica de Motores da Baviera — a BMW. Recordamos que o construtor foi dos poucos que não marcou no calendário um «dia» para acabar com os motores de combustão interna. Pelo contrário, comprometeu-se a continuar a investir no seu desenvolvimento. O que está a BMW a desenvolver? Agora, graças ao registo de patentes (reveladas pela  Auto Motor und Sport ), sabemos o

Saiba como uma pasta de dentes pode evitar a reprovação na inspeção automóvel

 Uma pasta de dentes pode evitar a reprovação do seu veículo na inspeção automóvel e pode ajudá-lo a poupar centenas de euros O dia da inspeção automóvel é um dos momentos mais temidos pelos condutores e há quem vá juntando algumas poupanças ao longo do ano para prevenir qualquer eventualidade. Os proprietários dos veículos que registam anomalias graves na inspeção já sabem que terão de pagar um valor avultado, mas há carros que reprovam na inspeção por força de pequenos problemas que podem ser resolvidos através de receitas caseiras, ajudando-o a poupar centenas de euros. São vários os carros que circulam na estrada com os faróis baços. A elevada exposição ao sol, as chuvas, as poeiras e a poluição são os principais fatores que contribuem para que os faróis dos automóveis fiquem amarelados. Para além de conferirem ao veículo um aspeto descuidado e envelhecido, podem pôr em causa a visibilidade durante a noite e comprometer a sua segurança. É devido a este último fator que os faróis ba

A falsa promessa dos híbridos plug-in

  Os veículos híbridos plug-in (PHEV) consomem mais combustível e emitem mais dióxido de carbono do que inicialmente previsto. Dados recolhidos por mais de 600 mil dispositivos em carros e carrinhas novos revelam um cenário real desfasado dos resultados padronizados obtidos em laboratório. À medida que as políticas da União Europeia se viram para alternativas de mobilidade suave e mais verde, impõe-se a questão: os veículos híbridos são, realmente, melhores para o ambiente? Por  Inês Moura Pinto No caminho para a neutralidade climática na União Europeia (UE) - apontada para 2050 - o Pacto Ecológico Europeu exige uma redução em 90% da emissão de Gases com Efeito de Estufa (GEE) dos transportes, em comparação com os valores de 1990. Neste momento, os transportes são responsáveis por cerca de um quinto destas emissões na UE. E dentro desta fração, cerca de 70% devem-se a veículos leves (de passageiros e comerciais). Uma das ferramentas para atingir esta meta é a regulação da emissão de di