Avançar para o conteúdo principal

Função Pública ganha mais 684 euros por mês do que trabalhadores do privado



 Em 2021, a remuneração bruta mensal média por funcionário no Estado era de 2019 euros, mais 52,1% face ao valor pago pelas empresas, de 1335 euros, segundo o INE.


Em média, os funcionários públicos ganham mais 684 euros por mês do que os trabalhadores do setor privado, segundo a análise, divulgada esta terça-feira, do Instituto Nacional de Estatística (INE) às remunerações de 2021, que contabiliza todos os rendimentos e não apenas o salário base do emprego principal.


Em 2021, a remuneração bruta mensal média por trabalhador no Estado era de 2019 euros, mais 51,2% ou 684 euros face ao ganho médio do setor privado que se fixou em 1335 euros, indica o INE.


"Este resultado reflete, entre outros fatores, diferenças no tipo de trabalho realizado e qualificações dos trabalhadores que os integram", explica o gabinete de estatísticas. Assim, verifica-se, por exemplo, que os trabalhadores do setor das Administrações Públicas têm, em média, níveis de escolaridade mais elevados: 55,2% dos funcionários do Estado tinham ensino superior, enquanto que no privado a proporção era de apenas 22,7%; 26,6% dos trabalhadores da Função Pública tinham completado o ensino secundário ou pós-secundário face aos 32,4% do privado; e 18,3% dos funcionários do Estado tinham um nível de escolaridade correspondente, no máximo, ao 3.º ciclo do ensino básico comparativamente aos 44,9% de trabalhadores observados nas empresas.


Ainda assim, é preciso ter em conta que, no primeiro trimestre deste ano, verificou-se uma perda do poder de compra de 2,5% na Função Pública, enquanto que no setor privado os salários aumentaram, em termos reais, 0,3%, também de acordo com o INE.


Voltando aos dados de 2021, indicados pelo INE, e apesar da remuneração bruta média mensal ser superior no Estado, verifica-se que, tanto no público como no privado, a maior parte dos trabalhadores ganhavam entre 850 euros e 900 euros.


Já em relação à mediana salarial, metade da Função Pública ganhava menos de 1778 euros, enquanto que, no privado, 50% dos trabalhadores auferiam abaixo dos 996 euros.


As diferenças salariais são, contudo, mais acentuadas no Estado. A dispersão remuneratória ou amplitude interquartil, ou seja, entre os que ganham mais e os que têm rendimentos mais baixos, é de 1511 euros, variando entre 1028 euros e 2539 euros por funcionário público. No privado a variação é mais baixa, de 675 euros, oscilando entre 800 euros e 1472 euros.


Disparidades são maiores entre licenciados e remunerações mais baixas

Por nível de escolaridade, são observadas diferenças salariais entre os dois setores institucionais, de acordo com o INE. Em 2021, a remuneração bruta mensal média dos trabalhadores da Função Pública que completaram, no máximo, o 3º ciclo do ensino básico foi 1265 euros, mais 151 euros ou 13,6% do que no setor privado (1 114 euros).


Entre os trabalhadores com ensino secundário ou pós-secundário, a remuneração bruta média por funcionário público fixou-se em 1514 euros, sendo superior em 166 euros ou 12,3% em relação à do aos valor médio praticado no setor privado, de 1348 euros.


Em termos médios, para os trabalhadores com ensino superior, em relação aos quais se registaram remunerações mais elevadas, observa-se uma maior diferença, de quase 700 euros ou 30,7%, entre o setor das Administrações Públicas (2957 euros) e o privado (2263 euros).


Analisando os ganhos mínimos e máximos entre o público e o privado, as disparidades também são assinaláveis.


A remuneração bruta mensal mais baixa por trabalhador registada nas empresas foi de apenas 421 euros, enquanto que no Estado aquele valor ficou 223 euros ou 52,9% acima, fixando-se em 644 euros. Em relação a estes montantes, o INE salvaguarda que foram particularmente influenciados pela presença de trabalhadores a tempo parcial.


Quanto às remunerações brutas mensais mais elevadas, as diferenças também são notórias. Os funcionários públicos receberam 4182 euros, mais 927 euros ou 28,5% face aos 3255 euros pagos pelas empresas do privado.


De acordo com o INE, o facto dos funcionários públicos estarem mais envelhecidos pode ser uma das razões destas discrepâncias remuneratórias. "A este facto, associam-se maior acumulação de capital humano e de experiência profissional, com tradução nas remunerações auferidas pelos trabalhadores", explica o gabinete de estatísticas.


A informação disponibilizada pelo INE diz respeito a cerca de 4,6 milhões de trabalhadores, dos quais 740,9 mil funcionários públicos e 3 799,6 mil trabalhadores do privado, considerando todos os tipos de rendimento do trabalho e não apenas o salário base do emprego principal e de todos os regimes de proteção social (onde se incluem as diferentes Caixas de Previdência, a Segurança Social e a Caixa Geral de Aposentações).


O INE assinala ainda que foram excluídos os trabalhadores que, ao longo de 2021, trabalharam em ambos os setores, público e privado, correspondendo a cerca de 80 mil trabalhadores (1,7% do total de 4,6 milhões de trabalhadores).



Foto: © Igor Martins/Global Imagens.

Texto: Salomé Pinto:

https://www.dinheirovivo.pt/economia/nacional/funcao-publica-ganha-mais-684-euros-por-mes-do-que-trabalhadores-do-privado-16404663.html

Comentários

Notícias mais vistas:

Motores a gasolina da BMW vão ter um pouco de motores Diesel

Os próximos motores a gasolina da BMW prometem menos consumos e emissões, mas mais potência, graças a uma tecnologia usada em motores Diesel. © BMW O fim anunciado dos motores a combustão parece ter sido grandemente exagerado — as novidades têm sido mais que muitas. É certo que a maioria delas são estratosféricas:  V12 ,  V16  e um  V8 biturbo capaz de fazer 10 000 rpm … As novidades não vão ficar por aí. Recentemente, demos a conhecer  uma nova geração de motores de quatro cilindros da Toyota,  com 1,5 l e 2,0 l de capacidade, que vão equipar inúmeros modelos do grupo dentro de poucos anos. Hoje damos a conhecer os planos da Fábrica de Motores da Baviera — a BMW. Recordamos que o construtor foi dos poucos que não marcou no calendário um «dia» para acabar com os motores de combustão interna. Pelo contrário, comprometeu-se a continuar a investir no seu desenvolvimento. O que está a BMW a desenvolver? Agora, graças ao registo de patentes (reveladas pela  Auto Motor und Sport ), sabemos o

Saiba como uma pasta de dentes pode evitar a reprovação na inspeção automóvel

 Uma pasta de dentes pode evitar a reprovação do seu veículo na inspeção automóvel e pode ajudá-lo a poupar centenas de euros O dia da inspeção automóvel é um dos momentos mais temidos pelos condutores e há quem vá juntando algumas poupanças ao longo do ano para prevenir qualquer eventualidade. Os proprietários dos veículos que registam anomalias graves na inspeção já sabem que terão de pagar um valor avultado, mas há carros que reprovam na inspeção por força de pequenos problemas que podem ser resolvidos através de receitas caseiras, ajudando-o a poupar centenas de euros. São vários os carros que circulam na estrada com os faróis baços. A elevada exposição ao sol, as chuvas, as poeiras e a poluição são os principais fatores que contribuem para que os faróis dos automóveis fiquem amarelados. Para além de conferirem ao veículo um aspeto descuidado e envelhecido, podem pôr em causa a visibilidade durante a noite e comprometer a sua segurança. É devido a este último fator que os faróis ba

A falsa promessa dos híbridos plug-in

  Os veículos híbridos plug-in (PHEV) consomem mais combustível e emitem mais dióxido de carbono do que inicialmente previsto. Dados recolhidos por mais de 600 mil dispositivos em carros e carrinhas novos revelam um cenário real desfasado dos resultados padronizados obtidos em laboratório. À medida que as políticas da União Europeia se viram para alternativas de mobilidade suave e mais verde, impõe-se a questão: os veículos híbridos são, realmente, melhores para o ambiente? Por  Inês Moura Pinto No caminho para a neutralidade climática na União Europeia (UE) - apontada para 2050 - o Pacto Ecológico Europeu exige uma redução em 90% da emissão de Gases com Efeito de Estufa (GEE) dos transportes, em comparação com os valores de 1990. Neste momento, os transportes são responsáveis por cerca de um quinto destas emissões na UE. E dentro desta fração, cerca de 70% devem-se a veículos leves (de passageiros e comerciais). Uma das ferramentas para atingir esta meta é a regulação da emissão de di